Quinta-feira passada
presenciamos uma corrida contra o peso argentino, com disparada de quase 13% do
dólar ante a moeda de nossos vizinhos. Fontes colocaram que o Banco Central
“hermano” não possuía mais reservas (suficientes) para preservar a cotação do
peso e assim deixou o câmbio (neste dia) inteiramente ao sabor do mercado, indo
ao menor nível em sete anos. Nosso Bacen local, alega constantemente possuir
reservas para segurar igual vento contra. Até quando? O aumento da Selic talvez
já reflita nossa necessidade de atrair recursos internacionais.
Não bastasse a iminente
escassez de dólares nos mercados por conta do processo de retirada dos
estímulos nos EUA (que praticamente não começou), agora temos um novo risco de
contágio.
Desdobramentos mundiais são
óbvios neste nosso mundo globalizado. Sempre que há uma crise em alguma parte
de mundo, haverá efeito em outra(s). Não foi assim com o México em 94 e
recentemente com ameaças vindo da Europa (principalmente Grécia, Irlanda e Espanha)?
E desequilíbrio na balança comercial na Argentina poderá ter efeito imediato de
uma fuga de mercados emergentes rumo aos desenvolvidos, com essa vizinhança no
caso, não sendo muito sadia, pois sabemos o quanto a Argentina pode ser
associada ao Brasil.
Segundo dados do próprio
Bacen, nosso nível de intervenção no mercado de câmbio está superando o ano de
2008, no auge da crise. Então imagine em que nível estaria o dólar sem estas
intervenções ou caso elas sejam reduzidas?
A correlação entre dólar e
Bolsa brasileira é inversa e de longa data: um sobe outro desce. No ano passado
enquanto a primeira caiu 15% o outro subiu igual percentual (na sexta, o
IBOVESPA fechou em negativos –1,10% com 47.787 pontos, bem longe dos quase
80.000 pontos antes da crise de 2008.
Vamos fechar nosso cenário
falando de outra peça importante do quebra cabeças: China. Foi feito um
levantamento (IHS Global Insight), que detectou que a China possui cerca de US$
1,3 trilhão em empréstimos de “Shadow Banks” – na prática esta denominação se
dá aos intermediários financeiros que buscam facilitar a concessão de crédito,
não estando estes sujeitos a “muita regulação”. Pois este valor segundo o JP
Morgan estima, seria quase 70% do PIB chinês em 2012. Pois fontes
internacionais dão conta que alguns destes empréstimos contraídos em 2012,
começam a mostrar sinais de inadimplência no ano corrente. Qual percentual? Não
temos informações claras, pois são dados que vem da China, onde apesar da
abertura econômica, ainda permanece por demais obscura em alguns setores, mas
que crédito frouxo concedido, sempre nos leva a lembrar de “subprime”? Ou não?
Em meu último post, sobre
alocações, recomendava (para longo prazo) VGBL, atrelado em Renda Fixa (títulos pós
fixados que acompanham a variação da Selic e pela ausência de come-cotas
- a vantagem tributária que capitaliza semestralmente o IR não recolhido) e
lembrava dos “fundos cambiais” (para os mais afeitos ao “risco”). O dólar
fechava em 2,35 há um mês atrás em dezembro de 2013 e na sexta, “bateu” em 2,43
(+3% am). No último trimestre, “andou” de 2,19 para os 2,43 atuais (+11% at).
Para os que prezam liquidez e
baixo risco (apesar de menor rentabilidade se comparado a um bom fundo VGBL),
continua valendo LCA ou fundos atrelados a Taxa DI.
Ou seja, apesar de não
gostar, o cenário é o mesmo, só que um pouco pior, pelas notícias
(especulativas) recentes da China e pelo último baque sofrido pela Argentina.
Ao dispor para maiores
esclarecimentos,
Um comentário:
Muito obrigado pela análise, achei bem interessante. Pelo jeito, os fundos cambiais vão continuar rendendo bem por mais algum tempo.
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