Recentemente li lúcido texto do
Professor Bresser Pereira na “Carta Maior”, o qual transcrevo parte, onde ele
justificou (e endosso) porque este votaria em Dilma, em detrimento de Aécio ou Marina.
Observo que ele nem entra no mérito das propostas de Marina e Aécio de "independência" do Banco Central, que na verdade seria a total dependência ao "grande capital", digo total, pois hoje temos um misto de dependência ao capital com dependência (melhor seria influência) política.
Mas (nem
que seja assim) é nesta forma (atual) que acredito, o Bacen utilizado como
instrumento de política monetária, ajustando as torneiras da
liquidez, onde conseguimos algum equilibrio nos fundamentos
macroeconomicos.
Independência
do Bacen, é deixar a raposa tomar conta do galinheiro, já não basta termos tido
o Sr. Armínio Fraga como presidente da instituição no governo FHC?
No mesmo texto o Professor
Bresser, talvez a maior autoridade no que os economistas denominam de “Doença
Holandesa”, (do inglês Dutch disease) situação econômica relacionada entre a
exportação de recursos naturais e o declínio do setor manufatureiro, quando a
abundância de recursos naturais geraria vantagens comparativas para o país que
os possui, levando-o a se especializar na produção desses bens e
consequentemente a não se industrializar ou mesmo (numa situação crítica) a se
desindustrializar – o que, a longo prazo, inibiria (inibirá) o processo de
desenvolvimento econômico.
Discorreu sobre nossa apreciada
taxa de câmbio, correlacionando a mesma com o problema acima:
“A política de
crescimento com poupança externa (de déficit em conta-corrente) e a política de
âncora cambial para controlar a inflação apreciam o câmbio no longo prazo. Elas
são responsáveis por cerca de mais 10 pontos percentuais de apreciação da taxa
de câmbio que devem ser somados aos 25% acima referidos. Logo, a desvantagem
total das empresas brasileiras em relação às empresas de outros países que
exportam para os mesmos mercados que nós é, em média, de 35% ( 25% 10%), e a
desvantagem total em relação às empresas estrangeiras que exportam para o
mercado brasileiro é de 23% (35% – 12%). Estas duas desvantagens desaparecem
nos momentos de crise financeira, que, mais cedo ou mais tarde, decorrem
necessariamente dessa sobreapreciação”.
Enfim, justificou sua posição em Dilma:
“Vou
votar pela reeleição de Dilma Rousseff, não por que seu governo tenha sido bem
sucedido, mas porque é ela quem melhor atende aos critérios que adoto para
escolher o candidato. São dois esses critérios: quanto o candidato está
comprometido com os interesses dos pobres, e quão capaz será ele e os partidos
políticos que o apoiam de atender a esses interesses, promovendo o
desenvolvimento econômico e a diminuição da desigualdade.
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Dilma atende ao primeiro
critério melhor do que Marina Silva e muito melhor do que Aécio Neves. Isto nos
é dito com clareza pelas pesquisas de intenção de voto, onde ela vence na faixa
dos salários mais baixos, e reflete a preferência clara pelos pobres que os
três governos do PT revelaram. O mesmo se diga em relação ao segundo critério
na parte referente à desigualdade. O grande avanço social ocorrido nos doze
anos de governo do PT tem um valor inestimável”.
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