domingo, 29 de dezembro de 2013

Carta aos Investidores: Perspectivas de 2014





Prezado (a) investidor (a),

Tentar determinar um “bom investimento” para o próximo ano, é antes de mais nada, tentar descobrir qual caminho seguirá tanto a economia nacional, como a internacional.

Ou seja, traçar um modelo de cenário macroeconômico, semelhante a um quebra-cabeças, onde nossa peça: investimento, melhor se encaixe.

Dentre os diversos fatores que possam influenciar a economia mundial, vis-à-vis a nacional, temos a clara sinalização da “redução de estímulos” por parte da economia dos Estados Unidos, redução que se dá por conta que esta economia acredita ter voltado ao caminho virtuoso do crescimento – já que não houve mudança conceitualmente teórica da equipe econômica.

E o “anúncio” é só o começo da história. Dê uma olhada neste gráfico (fonte: Empiricus>http://www.empiricus.com.br/):


É isso mesmo! Para voltar a situação monetária de 2008, o FED terá que enxugar cerca de US$ 3,1 trilhões de circulação do mercado mundial! O que vai acontecer quando o dólar começar a ser retirado do mercado?

E se os EUA já conseguem mensurar seu retorno ao crescimento, o mesmo terá que se dar inexoravelmente com a China, o outro motor mundial, pois em nosso mundo atual, a vida econômica é impossível, um sem o outro, ou seja, numa ponta a demanda e em outra a oferta.

Internamente nosso cenário vem prevendo aumento da taxa de juros, facilmente percebida pela pela taxa do mercado futuro, o qual está sendo negociada em 10,13% para abril/2014, com movimento ascendente mês a mês, marcando 12% nos final de 2015( fonte: http://www.andima.com.br).

O BACEN deverá continuar com uma política monetária restritiva, tentando minimizar a oferta nominal de moeda, utilizando seu melhor instrumento, a Tx Básica Selic e seu respectivo aumento.
Hoje os títulos brasileiros, estão pagando um prêmio de risco (no fundo é nisso que se traduz a nossa taxa de juros), maior do que alguns países europeus, a pouco tempo considerados “problemáticos” do ponto de vista econômico, como Irlanda, Grécia, Portugal e Espanha.

As contas nacionais não estão “fechando”. Enquanto temos um baixíssimo superávit primário, com somente 1,4% do PIB, o nosso déficit em transações correntes chega a 4% deste Produto Interno Bruto.

Inflação tentando deslanchar, sem crescimento (o pior desempenho entre os países do G-20), o modelo virtuoso via a dobradinha crédito x consumo parecendo já ter dado o que era possível, bolha imobiliária no horizonte (hoje temos uma maior oferta contra um menor “registro” de compra e venda, ou seja, mais oferta que demanda – com a “curva de preços” sinalizando movimento descendente).

Entretanto cabe aqui uma advertência: Os fluxos financeiros são no viés “tempo”, muito diferentes dos fluxos comerciais e estas diferentes velocidades de reação podem causar “alguns problemas”junto à economia. Por exemplo, quando da elevação da taxa de juros, quase que imediatamente passa a ocorrer um maior ingresso de capitais, causando queda na taxa de câmbio. Mas somente após alguns meses começam a ocorrer quedas das exportações (os negócios com mercadorias dependem de contratos, negociações, etc.) e aumento das importações. A deterioração do saldo comercial após alguns meses pode afetar a confiança dos investidores externos, obrigando o Bacen a um novo aumento da taxa de juros, para garantir a permanência dos capitais internacionais no país, já que passou a depender fortemente deles.

De antemão, (re) lembrando que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, observamos o que ocorreu em 2 fundos do mesmo banco, comparando os mesmos com a variação da taxa CDI, no período de 01/10/2013 a 23/12/2013 (o fundo cambial destina-se a aplicações acima de 100 mil e o LP 90, para aplicações acima de 90 mil):
  • Taxa CDI: 2,12%
  • Fundo Cambial US$> LP 100: 6,62%
  • Renda Fixa > LP 90: 1,95%
No mesmo período do ano anterior, quando a Selic estava com viés de baixa, observamos que com a redução do “câmbio”, o fundo de “renda fixa” respondia positivamente, ou seja, o dólar apresentou conatantemente movimento inverso aos títulos de juro pré-fixado. Comparemos out/2012 a dez/2012:
  • Taxa CDI: 1,58%
  • Fundo Cambial US$> LP 100: 0,82%
  • Renda Fixa > LP 90: 1,66%
Desta forma, sugerimos que seja avaliado com perspectiva de ganho, porém com muita prudência, em função do maior risco, a alocação de recursos em algum ativo vinculado a oscilação cambial e para projeções de longo prazo (superior a 2 anos) – visando minimizar qualquer exposição a volatilidade do mercado, alocação em ativos atrelados a LFT (títulos pós fixados que acompanham a variação da Selic), preferencialmente que possam potencializar via redução de Imposto de Renda, tais como “Fundos VGBL” pela inexistência de “come-cotas”.

As cotas de alguns "fundos de previdência" encontram-se atualmente precificadas em valores baixos, por conta que passaram a purgar rentabilidade, quando do aumento da taxa Selic à partir de abril/2013, já que os mesmo estavam na ocasião atrelados a títulos NTN-B (semelhante aos fundos "índice de preços").

Com votos de um excelente 2014 e sempre ao dispor para maiores esclarecimentos,

Renato Couto