quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Igreja, Hitler e Bolsa

No livro The Myth of Hitler's Pope do Rabino David G. Dalin, temos interessante (e importante) refutação de outros livros (já traduzidos), que afirmam que houve determinada sinergia entre o nazismo e a igreja católica, tais como "O Vaticano e Hitler" e "O Papa de Hitler". Por que os livros que "detonam" a igreja católica, são prontamente traduzidos e um que a defende, sendo escrito por um "rabbi" (grande paradoxo), permanece com acesso restrito a meia-dúzia que professa a língua do bardo? Clicando no link, tem-se uma prévia do mesmo, pois apesar de toda a inquisição e diversas outras barbaridades da santa igreja, continuo com o filho do carpinteiro, dizendo que apenas a VERDADE liberta. Ah! Eu sou ateu, confesso, portanto não tenho nada a ver ou ganhar defendendo os "come-hóstias"...
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Sobre a crise no(s) mercado(s), ainda estou em fase de análise, para não falar besteira, mas se você tem algum na bolsa, a hora é de vender, comprar agora, só para os bobos, isso segundo o livro (muito bom): Os Axiomas de Zurique, autoria de Max Gunther, que tem como terceiro axioma a esperança:
“Quando o barco começar a afundar, não reze, abandone-o”.
Apesar de alguns "coleguinhas" acharem este livro "o máximo" como cartilha de investimento (prefiro falar especulação), acredito que o autor quis na verdade tirar uma grande sarro do dito mercado...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Um longo amanhecer - cinebiografia de Celso Furtado

"Eu me pergunto:quem manda neste país? Por que se conservam estas taxas de juros de fantasia, que sangram o país, deixando pequena margem para o crescimento? É difícil dirigir um país como este."

Indagações de Celso Furtado, no documentário "Um longo amanhecer", cinebiografia do mesmo, dirigida por José Mariani.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Veja, não é de hoje...

Recentemente tivemos (ainda estamos tendo), o caso do banqueiro Daniel Dantas. Onde antes o ex-delegado da Polícia Federal Paulo Lacerda, era alçado aos píncaros (pela própria revista), por conta de outras investigações, bastou entrar em rota de colisão com o banqueiro, para passar a ser execrado pela revista. No mínimo havendo grave manipulação de informações, como no recentíssimo caso dos "grampos", quando o responsável pela ABIN, disse textualmente: "pode haver, tudo é possível", a Veja colocou como manchete: "Há grampos...".

Do nosso passado recente, temos o exemplo das matérias do dia 22 de novembro de 1989, na ante-sala da eleição do Presidente da República, com os textos: "O prodígio das urnas" e "A arrancada de Lula". Analisemos o primeiro texto, que faz referências ao ex-presidente Collor, então candidato, mantendo uma apresentação totalmente positiva do mesmo, com pouquíssimas tintas negativas, quase invisíveis.
No primeiro parágrafo diz "ele se consagrou como o campeão das pesquisas eleitorais, em seguida segue a tônica, de quando faz uma ligeira crítica, vir logo em seguida, rebatendo a mesma, no intuito de apagá-la: "...não compareceu a nenhum dos debates com os concorrentes da televisão..."(negativo), "...ignorou os salões da elite política e econômica" (positivo), ratificando o marketing de "caçador de marajás". Em seguida, temos uma chuva de adjetivos e elogios: "dinâmico, audacioso e com uma brutal dose de confiança em si mesmo", logo depois, a revista dá ênfase ao caráter popular do candidato: " conseguiu arrastar para as praças mais de 1,5 milhão de pessoas, na maior parte eleitores pobres", novamente o seu marketing de comprometimento com os menos favorecidos, como ele mesmo dizia "os descamisados". A revista fecha o primeiro parágrafo apoteoticamente: " Fernando Collor de Mello pode ser algo ainda maior que Fernando Collor de Mello".
O tom continua o mesmo no segundo parágrafo: " Collor já é o político que recebeu o maior número de votos na História do país", "praticamente não foi mal em lugar nenhum", "prodígio" e "Collor é um fenômeno".
No terceiro, novamente um ligeiro desagravo: "lugar comum...compará-lo a Jânio Quadros...no tom estridente" (negativo), mas como antes, apressa-se a corrigir: "mas de fato não tem nada de semelhante" (positivo), finalizando: " candidatou-se praticamente sem apoio algum".
O que a revista estava fazendo, então?
No quarto parágrafo, a mesma estratégia, um ligeiro toque negativo: "Há apenas uma ano...estava...terceira divisão da política...", mas da mesma forma, rebate: "foi o protagonista de comícios apoteóticos...indiscutivelmente, tornou-se um político da primeiríssima divisão". Como era de se esperar, o final do texto deveria ser grandioso, então temos: " político nordestino...estado pobre...de onde saiu...Deodoro da Fonseca...com a Proclamação da República", fica bem nítida a comparação entre o marechal Deodoro, que havia proclamado a República e Collor, que prometia a proclamação de uma "Nova República".
O segundo texto: "A arrancada de Lula", como o próprio título explicita, contextualiza negativamente o então candidato Lula. Começa sempre denominando antes do nome, o ainda candidato Luis Inácio Lula da Silva com o substantivo "operário", desta forma, continuamente o (des)qualificando, pois se Lula é o operário, quem é o administrador, senão Collor? Logo em seguida cita maldosamente sua pouca preparação acadêmica: "conseguiu um diploma de madureza do curso colegial", digo maldosamente por causa da palavra "conseguiu" e fecha o primeiro parágrafo com: "o torneiro mecânico de São Bernardo...nenhuma pessoa de sua classe jamais sonhou" e continua: "provocaria uma reviravolta", já dando indícios para onde o texto caminharia, tentando induzir que a eleição de Lula, provocaria algum tipo de "clima de terror" ou insegurança pública.
No segundo parágrafo, temos quase uma repetição do infeliz apelido que Leonel Brizola havia dado, "sapo barbudo": "um operário barbudo" e nova crítica, atém hoje comum na mídia: "que fala português errado".
No terceiro, (re)lembrando os tempos do marcatismo norte-americano, ou da ditadura nacional, com os chavões do "comunista que come criancinhas", a revista cita a revolução soviética (lembremos que no texto de Collor, citou a própria Proclamação da República), como paradigma de tomada de poder por parte dos trabalhadores, fala em luta armada e escreve: "só pode entusiasmar quem ainda acredita na URSS como modelo para alguma coisa". Volta a nomear o candidato (sem citar seu nome, estratégia usada para "esconder" uma campanha) como: "o candidato operário" e compara a votação de Lula, como uma votação rasteira, sinônimo de fraca: "a geologia eleitoral de Lula...desenho semelhante...nível do mar...".
Fechando este penúltimo parágrafo, uma pequena folga, com um pequeno elogio: "em seu berço político, a região do ABC...lhe deu um momento de glória", mas só aparente, pois logo depois vem várias marteladas: "Em compensação, enfrentou a penúria de eleitores onde o PT conquistou a prefeitura em 1988". E outra: "o Estado de São Paulo, na verdade, Lula colheu um resultado decepcionante – foi folgadamente batido por Collor".Justamente o inverso do texto de Collor, onde após ligeiríssima crítica, havia entusiasmado afago.
Continua, saindo um pouco de São Paulo e indo para outra importante praça eleitoral: Minas Gerais, dizendo: "em Minas Gerais...também ficou muito atrás de Collor.".
Observe que o texto de Collor, não faz tantas referências as diferenças de votação entre Lula e Collor, deixando estas para o texto de Lula, colocando-o sob a ótica de perdedor antecipado. Estranhamente o texto não menciona o Rio de Janeiro, por que será? Basta lembrar que no Rio de Janeiro, assim como no Rio Grande do Sul, o vencedor foi Leonel Brizola, com quase 50% dos votos.
E fechando: "a respeito do PT...constatação...melancólica". Melancolia? Sentimento inerente a um perdedor, maliciosamente adjetivado pela Veja.

Parte da mídia passou a se valer de um ambiente promíscuo, como instrumento seletivo de poder, porém, chegando a um ponto de risco, para a própria imagem da mídia, por conta de ser tão desvelado, o conluio entre a mesma e o que de mais podre há na República.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Henfil

Ainda guardo em algum lugar do armário, minha coleção de "Fradins", não me faltando a memória, completíssima. Já pensei em vende-la, mas vi que não tinha preço. Foi colecionada comprando exemplares em banca, sendo que os primeiros números, que eu não tinha, foram garimpados em saudosas livrarias (por exemplo: a livraria Muro, da praça General Osório em Ipanema), que vendiam quadrinhos, mas a miúde, vendiam também (as únicas!) revistas da então "imprensa nanica", da década de oitenta: Mosca, Balão, Ovelha Negra, Roleta, Boca...
Nesta época, Henfil já era um ícone. Esta charge foi pescada na internet, de lá pra cá, nada mudou...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Para Fausto Wolff

Eu quero falar de economia, não para meus poucos pares economistas, mas sim para meus muitos pares que estão nas calçadas, indo de um lado para outro , como se não tivessem as rédeas de seu destino. Do que me adianta apresentar a discussão sobre a força opressiva de um monopólio contra a distribuição teórica de um mercado livre, para quem tem 5,70 no bolso, procura um emprego e faz a seguinte conta:
2,60 ônibus para ir
2,60 ônibus para voltar
0,50 uma dose de cana, para acalmar a fome...
Eu quero falar de poesia, não para meus poucos pares poetas, mas sim para meus muitos pares que estão nas calçadas, indo de um lado para outro , como se não tivessem as rédeas de seu destino. Do que me adianta escrever a força opressiva de um pôr do sol contra a liberdade do nascer de um novo dia, para quem tem 5,70 no bolso, procura um emprego e faz a seguinte conta:
2,60 ônibus para ir
2,60 ônibus para voltar
0,50 uma dose de cana, para acalmar a fome...

Como consigo fazer isso?
Quem souber me diga ou ao menos me passe um email, porque Fausto se foi...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Sangue Negro ou Nem todo o petróleo é nosso

Cartaz do filme There Will Be Blood de 2007 ,
traduzido como Sangue Negro,
com interpretação magistral de Daniel Day-Lewis
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O Brasil, como qualquer outro país pobre que se preza, deseja muito aumentar sua participação na nova (velha) ordem mundial, uma das características deste processo é deixar de ser (meramente) um país exportador de matérias-primas e produtos com baixa intensidade tecnológica em troca da importação dos ditos produtos, tecnologicamente superiores. Até aí é chover no molhado, pois é assim desde ciclos ancestrais do ouro e do café, onde desculpem o trocadilho infame, perdemos uma chance de ouro, fato contado em post bem anterior, de 17/06 /08.

Recentemente, o jogo de poderosos interesses se maximizou após a comprovação da existência de petróleo na camada do pré-sal, mobilizando grupos econômicos internacionais do setor de petróleo e seus agentes nacionais.
Do livro "Nem todo o petróleo é nosso"(Autores: Sérgio Xavier Ferolla (engenheiro pelo ITA e brigadeiro-do-ar) Paulo Metri (engenheiro e presidente do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro), com prefácio do economista Carlos Lessa) , tiro importantíssimas informações, explicando de forma simples como o Brasil vem entregando ano após ano o petróleo do país às empresas multinacionais, via rodadas de licitação da ANP. Licitações estas, que estavam suspensas em 2008, mas segundo o Ministro Lobão, voltariam a ser realizadas, porém, não incluindo áreas na camada do pré-sal.

Segue então, resumo mais que resumido:

Tivemos, na década de 50, o movimento "O petróleo é nosso". Nessa época, houve a aprovação e promulgação da Lei 2004, que criou o monopólio estatal e logo depois a criação da Petrobrás, em 1953. O setor de petróleo é estratégico, pois lida com uma fonte extremamente importante para o nosso próprio desenvolvimento. Daí, a importância (estratégica) do monopólio da Petrobrás, pois as empresas estrangeiras, além de auferirem lucros extraordinários (o que por si é ruim, pois lucro de monopólio/oligopólio não é repassado a sociedade, dado que só o mercado perfeitamente competitivo traz esse tipo de benefício), passariam a privilegiar mercados externos (pior ainda, pois atrasaria nosso desenvolvimento). Um monopólio estatal pode ser socialmente controlado, o que é muito difícil de ocorrer com um oligopólio privado.
As petrolíferas estrangeiras conseguiram fazer uma mudança na Constituição Federal, até hoje inexplicável. Porque não acabaram com o monopólio (no texto constitucional), mas a Lei 9.478, criada no governo FHC, acabou com o mesmo, porque você tem no país hoje, por exemplo, a Shell produzindo petróleo em Bijupirá-Salema e mandando toda a sua produção – 70 mil barris – para o exterior. Nós ligamos no Jornal Nacional e ouvimos falar de tudo, mas sobre as rodadas de licitação só aparece ,no dia, uma notícia de 15 segundos, 30 segundos. Sempre falam da arrecadação de bônus, "não sei quantos milhões de dólares", como se isso fosse bom para a economia do país, mas vende-se o petróleo que foi encontrado no subsolo do país por milhões de dólares e depois que for exportado, a empresa dona do petróleo vai auferir bilhões de dólares. Quer dizer, arrecadam-se milhões de dólares, mas alienam-se reservas que são medidas em bilhões de dólares. É por isso que nem todo o petróleo é nosso.
As agências reguladoras são imposição externa, para que as transnacionais, oligopolistas ou seja o nome que for, possam atuar com segurança dentro dos países dominados pelo poder financeiro. A agência é planejada para ser desvinculada do governo eleito – isso é maquiavélico, mas é real. Os mandatos são, em geral, de quatro anos. E os dirigentes das agências não podem ser demitidos, a menos que sejam flagrados em roubo ou alguma coisa bastante comprovada. Mas o presidente da República não pode exonerá-los, como exonera o presidente de uma estatal, sem dar explicação. Eles só são nomeados – isso a sociedade brasileira não sabe – se forem indicados pelas empresas que atuam no setor. O mais grave é que não há indicação de diretor de nenhuma agência que não seja feita por empresas do setor. É a idéia da raposa tomando conta do galinheiro. Isso não é colocado no papel, obviamente. As agências são organismos que não são do governo brasileiro, elas não fazem parte do Brasil. São organismos do capital internacional instalados em diversos países do mundo. Empresas estrangeiras não vêm para o país se sentirem que há controle demais sobre elas. Os cartéis são incontroláveis...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Até quando esperar



Em recente postagem no blog do Prof. Toni (vide vale a pena) , em 30/08, (mais uma vez) me estendi nos comentários e aproveito para postar este, parte já havia sido colocada anteriormente (20/06/08), então aproveito para engrossar um pouco o caldo...

Prezados, deixa eu "tentar" esclarecer algo, puxando a brasa para minha sardinha, antes de olhar para Capitalismo e Socialismo, como "política", deve-se olhar como modelo econômico, pois a primeira (forma política), vem da estruturação da sociedade na segunda. Vide a China atual, que ainda se auto-proclama comunista, mas pode?
A complexidade do estudo econômico é tal, que até mesmo, entre nós economistas, existem profundas divergências, portanto elocubrações sobre o melhor sistema (econômico), é isso, troca de idéias e ideais...Há os que são contra o livre mercado, taxado de impossível e injusto, pois é inerente ao homem a exploração, dividem o mundo em países exploradores e países subdesenvolvidos (explorados), um conceito (entre alguns economistas) totalmente ultrapassado. Outros olham o mundo (em TEORIA) de forma harmônica, onde as forças atuantes, levam a longo prazo, a redução do lucro e eficiência na distribuição (estes seriam favoráveis ao mercado livre). Claro que esse mundo de laissez-faire poderá não se afinar com nosso senso particular de justiça distributiva, mas sempre será possível ao Estado ajustá-lo, sem atrapalhar o livre jogo. E sim! Com possibilidade de FORMAÇÃO DE RIQUEZA e não simples (e simplista idéia) de transferência. Porém (e aí é que a porca torce o rabo, não é Professor?), o nosso mundinho moderno fica bem distante dos belos edifícios matemáticos, projetados por nós economistas (sim, mea culpa)...

O ponto básico (ao meu ver, claro), é que a busca pelo lucro máximo, quando praticada pelo pequeno empresário (cuidado com esse conceito de pequeno), conduz a uma harmonia natural do sistema, mas quando posto em prática pelo monopolista ou oligopolista, dará margem a consideráveis distorções na (má)distribuição de renda, necessitando obviamente da dita intervenção governamental, visando conciliação, ou simplesmente coibir monopólios. Mas como? Se por várias vezes, o Estado é o primeiro a estimular os mesmos? Temos um ciclo infernal...Voltando: Os pontos centrais da controvérsia, entre os méritos dos regimes capitalista e socialista, envolvem questões éticas, jurídicas e filosóficas muito mais amplas do que as questões puramente econômicas, apesar (como dito antes) das segundas (questões) serem fruto da primeira. Só um adendo (mais um) Professor: Marx e Smith, são bons para estudar HISTÓRIA econômica, porém, economicamente (pelo viés matemático, concordo que chato,mas que sem ele NÃO existe economia), seus estudos são ultrapassados, não discordando do "velho Karl", do ponto de vista ideológico.
Em seu livro "A História do Pensamento Econômico", Robert Heilbroner, classifica o livro de Engel " The Condition of the Working Class in England in 1844", como o mais terrível líbelo contra as favelas do mundo indústrial, neste período, Engels andou por toda Manchester (berço da revolução industrial), vendo em que condições se encontrava a recente massa de trabalhadores. Certa vez, comentando sobre a miséria da cidade e as "bases" em que ela havia sido construída, com um cavalheiro, seu amigo, ouviu como resposta:"E no entanto, ganha-se uma fábula de dinheiro aqui; tenha um bom dia, sir".
O que mudou de lá para cá? Acredito que nós estamos aqui para isso...
É necessário analisar a economia, não como apologia da ordem existente (ou objeto do desejo), mas com uma visão equilibrada, realçando o positivo e combatendo o negativo de cada "tratado" econômico, buscando corrigir as distorções do sistema, seja ele qual for. Devemos buscar:
Determinado grau de intervenção governamental sem um corpo de burocratas;
A vitalidade (competitiva) do capitalismo, sem uma classe de poderosos capitalistas;
Uma bolsa de valores, sem um cassino...
Cada um deste ítens, deve ser esmiuçado, mas não são assuntos para uma só postagem de blog...