segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Para Fausto Wolff

Eu quero falar de economia, não para meus poucos pares economistas, mas sim para meus muitos pares que estão nas calçadas, indo de um lado para outro , como se não tivessem as rédeas de seu destino. Do que me adianta apresentar a discussão sobre a força opressiva de um monopólio contra a distribuição teórica de um mercado livre, para quem tem 5,70 no bolso, procura um emprego e faz a seguinte conta:
2,60 ônibus para ir
2,60 ônibus para voltar
0,50 uma dose de cana, para acalmar a fome...
Eu quero falar de poesia, não para meus poucos pares poetas, mas sim para meus muitos pares que estão nas calçadas, indo de um lado para outro , como se não tivessem as rédeas de seu destino. Do que me adianta escrever a força opressiva de um pôr do sol contra a liberdade do nascer de um novo dia, para quem tem 5,70 no bolso, procura um emprego e faz a seguinte conta:
2,60 ônibus para ir
2,60 ônibus para voltar
0,50 uma dose de cana, para acalmar a fome...

Como consigo fazer isso?
Quem souber me diga ou ao menos me passe um email, porque Fausto se foi...

5 comentários:

Jens disse...

Bonita homenagem, Renato. FW não era perfeito. Mas era um dos nossos. Um dos melhores.
Um abraço.

Anônimo disse...

Eu quero entender de economia para compreender como é possível viver com tão pouco qto vivem tantas das nossas famílias!
Bela homenagem! jamais me esquecerei que Fausto Wolf foi um dos responsáveis por umas das minhas melhores leituras: O Pasquim.
Beijo!

Marcelo F. Carvalho disse...

Renato, pois é... Perdemos ele. Logo ele!

Jean Scharlau disse...

Belo poema em prosa e contas, econômico nas palavras, pródigo no significado, no melhor estilo Faustino.

Abraço, amigo.

há palavra disse...

Renato,
bela e justa homenagem ao Fausto Wolff - um daqueles seres "humanos, demasiado humanos" que, mesmo quando erram, escrevem bobagens, etc, fazem falta em um mundo cada dia mais plastificado...
Abraço, bons caminhos e parabéns pelo belo blog!
Raul