quinta-feira, 25 de setembro de 2014

"Voto Dilma, uma questão de bom senso" por Ladislau Dowbor

 
E o que importa mesmo é a dinâmica estrutural e de longo prazo. Aqui os dados são avassaladores. Temos os quase 40 milhões de brasileiros que saíram do buraco negro em que se encontravam, e isto em si já é quase milagroso, num país onde se criou uma ditadura por um miserável aumento de salário mínimo e fragmento de reforma agrária. Temos também os 20 milhões de empregos formais criados, um aumento do salário mínimo real da ordem de 70% e o menor desemprego da história, da ordem de 6%, dados que apontam para um marco de transformação estrutural. Aqui não há voo de galinha. Eu, por ofício de economista, acompanho os números. A esperança de vida ao nascer, efeito de alimentação, saúde e outros direitos básicos, passou de 65 para 74 anos: ou seja, o brasileiro tem praticamente 10 anos de vida a mais para falar como era bom antigamente.
 
Texto na íntegra em:



terça-feira, 16 de setembro de 2014

Por que eu voto em Dilma, algo sobre o Dólar e a Doença Holandesa


Recentemente li lúcido texto do Professor Bresser Pereira na “Carta Maior”, o qual transcrevo parte, onde ele justificou (e endosso) porque este votaria em Dilma, em detrimento de Aécio ou Marina.
Observo que ele nem entra no mérito das propostas de Marina e Aécio de "independência" do Banco Central, que na verdade seria a total dependência ao "grande capital", digo total, pois hoje temos um misto de dependência ao capital com dependência (melhor seria influência) política. Mas (nem que seja assim) é nesta forma (atual) que acredito, o Bacen utilizado como instrumento de política monetária, ajustando as torneiras da liquidez, onde conseguimos algum equilibrio nos fundamentos macroeconomicos.
 
Independência do Bacen, é deixar a raposa tomar conta do galinheiro, já não basta termos tido o Sr. Armínio Fraga como presidente da instituição no governo FHC?

No mesmo texto o Professor Bresser, talvez a maior autoridade no que os economistas denominam de “Doença Holandesa”, (do inglês Dutch disease) situação econômica relacionada entre a exportação de recursos naturais e o declínio do setor manufatureiro, quando a abundância de recursos naturais geraria vantagens comparativas para o país que os possui, levando-o a se especializar na produção desses bens e consequentemente a não se industrializar ou mesmo (numa situação crítica) a se desindustrializar – o que, a longo prazo, inibiria (inibirá) o processo de desenvolvimento econômico.

Discorreu sobre nossa apreciada taxa de câmbio, correlacionando a mesma com o problema acima:
“A política de crescimento com poupança externa (de déficit em conta-corrente) e a política de âncora cambial para controlar a inflação apreciam o câmbio no longo prazo. Elas são responsáveis por cerca de mais 10 pontos percentuais de apreciação da taxa de câmbio que devem ser somados aos 25% acima referidos. Logo, a desvantagem total das empresas brasileiras em relação às empresas de outros países que exportam para os mesmos mercados que nós é, em média, de 35% ( 25% 10%), e a desvantagem total em relação às empresas estrangeiras que exportam para o mercado brasileiro é de 23% (35% – 12%). Estas duas desvantagens desaparecem nos momentos de crise financeira, que, mais cedo ou mais tarde, decorrem necessariamente dessa sobreapreciação”.
Enfim, justificou sua posição em Dilma:

“Vou votar pela reeleição de Dilma Rousseff, não por que seu governo tenha sido bem sucedido, mas porque é ela quem melhor atende aos critérios que adoto para escolher o candidato. São dois esses critérios: quanto o candidato está comprometido com os interesses dos pobres, e quão capaz será ele e os partidos políticos que o apoiam de atender a esses interesses, promovendo o desenvolvimento econômico e a diminuição da desigualdade.
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Dilma atende ao primeiro critério melhor do que Marina Silva e muito melhor do que Aécio Neves. Isto nos é dito com clareza pelas pesquisas de intenção de voto, onde ela vence na faixa dos salários mais baixos, e reflete a preferência clara pelos pobres que os três governos do PT revelaram. O mesmo se diga em relação ao segundo critério na parte referente à desigualdade. O grande avanço social ocorrido nos doze anos de governo do PT tem um valor inestimável”.