sábado, 5 de dezembro de 2015
domingo, 29 de novembro de 2015
Dívida Pública
“Todos os economistas respeitam as evidências empíricas porque sabem
que elas são a única forma de dar utilidade a disciplina que cultivam”
(Delfim Netto, 17/11/2015, Valor Econômico)
A restrição orçamentaria do
Governo se dá porque em determinado período de tempo, este não só terá seus
gastos para este período, como também já “carregará” seus déficits do período
passado. Assim, o valor presente dos seus gastos, acrescido do valor presente
de sua dívida inicial, deve ser menor ou igual ao valor presente das receitas
dos impostos (renda líquida do governo).
O valor presente da dívida é dado
em função da taxa de juro real do período, utilizada exponencialmente, que pela equivalência irá se configurar em uma operação de desconto; seria a representação de cada valor
de juros a cada período, descontado ao longo do tempo, daí que matematicamente utilizamos integrais para representar a taxa ao longo do tempo.
Entretanto esta restrição não é
definitiva, pois não impede o Governo de continuar acumulando déficits. Ao que a dívida aumenta com o tempo (déficit crescente), a restrição será atendida se a taxa
de juro real aumentar mais que a dívida.
Desta forma, percebemos porque
obter o SUPERAVIT PRIMÁRIO é tão importante, para que o Governo tanto contenha
o aumento da dívida pública, como se possível reduzir este estoque da dívida.
A restrição orçamentária de não
crescer o estoque da dívida se dará ao que o resultado do valor presente do
SUPERAVIT PRIMÁRIO for maior ou igual ao déficit inicial.
A taxa de variação do estoque da
dívida, iguala a diferença entre as despesas e receitas do Governo,
acrescentadas a taxa de juros real que o Governo “paga” pela manutenção da
dívida:
Ḋ(t) = [G(t) – T(t)] + r(t)D(t)
Destarte, a taxa de juro – a
depender das expectativas dos agentes (leia-se confiança) – quanto maior a
expectativa de elevação da dívida para determinado período futuro, levará o
Governo a pagar juros mais altos, “exigidos” pelos agentes.
A utilização da taxa de juros
como principal instrumento para a obtenção da meta de inflação e o fato de
grande parte da dívida pública estar indexada a esta mesma taxa, faz com que
haja uma perigosa reciprocidade entre a condução da política monetária e o
gerenciamento da dívida pública.
Política monetária voltada para
desinflação pode provocar um efeito negativo junto ao equilíbrio fiscal, caso
não gerencie adequadamente o perfil da dívida pública.
O Brasil a partir de 2002
aumentou a participação de títulos pré-fixados e indexados ao índice de preços
e assim, evitou uma maior deterioração da razão dívida/PIB:
As principais recomendações para
o gerenciamento da dívida pública podem ser resumidas:
- Necessidade de alongamento do
prazo da dívida;
- Aumento da parcela da dívida
pré-fixada e indexada ao índice de preços;
- Redução da parcela da dívida em
títulos com correção via Selic e Câmbio.
Calvo e Guidotti (1990) parecem
ser de grande influência na formulação da estratégia brasileira para
gerenciamento da dívida: tomam como restrição uma função de perda social em
função da carga tributária e da inflação, avaliando o impacto e o grau de
otimização da composição de nosso portfólio da dívida, seja em maturação ou em
estrutura de correção.
Sargent e Miller (1981) apontam
que um Governo sem credibilidade para neutralizar choques (seja uma “crise” ou
um choque de oferta) e que já possuam uma elevada relação dívida/PIB, pode
acabar por gerar uma taxa de juros real mais alta que a taxa de crescimento
econômico.
As evidências empíricas revelam
que a estratégia de alongar o prazo média da dívida pública não tem se mostrado
eficiente - no nosso caso – ao que está
implicando em um aumento da taxa de juros, ou seja, incrementando a razão
dívida/PIB, entretanto o aumento de participação de títulos indexados ao índice
de preços e pré-fixados (ex: NTN-B), vem conseguindo reduzir esta mesma
“pressão” de aumento sobre a razão dívida/PIB.
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
O que nos leva a escolher fazer coisas certas e não erradas? (Ética para infantes)
Platão, quase quatrocentos anos antes de Cristo,
já nos contava (na verdade contava aos seus contemporâneos) a história de um
pastor que encontrou um anel mágico e quando usava o anel, ficava invisível. O
pastor era bom e honesto, mas será que o pastor “de Platão” resistiu à tentação
de fazer tudo o que quisesse, mesmo que algo fosse errado, já que ninguém
poderia descobrir?
A história de Platão chama-se: O anel de
Giges, onde um determinado anel tornaria que o usasse invisível sempre
que desejasse… É um anel mágico, que um pastor encontra por acaso. Basta virar
a pedra do anel para dentro da palma para se tornar totalmente invisível, e
virá-la para fora para ficar novamente visível… Giges, que antes era
tido como um homem honesto, não foi capaz de resistir às tentações a que esse
anel o submetia: aproveitou seus poderes mágicos para entrar no palácio,
seduzir a rainha, assassinar o rei, tomar o poder, exercê-lo em seu único e exclusivo
benefício. Platão – o filósofo - conclui
que o bom e o mau, ou os assim considerados, só se distinguem pela prudência ou
pela hipocrisia, em outras palavras, por e pelo quanto o ser humano consegue
esconder e dissimular suas atitudes erradas...
Isso equivale a sugerir que a moral não passa de
uma ilusão, de uma mentira, de um medo maquiado de virtude. Bastaria poder
ficar invisível para que toda proibição sumisse e que, para cada um, não
houvesse mais que a busca do seu prazer ou do seu interesse egoístas.
Imagine aquele motorista que só para no sinal
vermelho quando há um guarda controlando, o outro que não excede o limite de
velocidade só no trecho que tem radar, ou aquele que consome bebida alcoolica e
mesmo assim dirige, só porque não há blitz nesse dia. Será que essas pessoas só
se preocupam com a vida quando há alguém vigiando? Se não tivesse lei, nem
guarda, nem câmeras: você sempre faria o que é certo?
Entretanto existem coisas “só um pouquinho
erradas”?
É certo fazer essas coisas um pouco erradas se
você também não puder ser pego?
Você faz as coisas certas porque gosta, ou por
causa da opinião dos outros?
Fazer coisas boas e corretas deixa você mais
feliz? Por quê?
Se achasse uma carteira com dinheiro, ou se fosse
comprar seu biscoito favorito e recebesse um pacote a mais. Mesmo sem ninguém
vendo, você se sentiria melhor devolvendo ou ficando com essas coisas? Por quê?
Se num dia de prova, o professor tivesse que sair
da sala por alguns minutos, o que você faria? Praticaria uma transgressão,
abrindo o caderno para olhar a matéria?
Será que você somente faz as coisas certas na escola, quando o professor
está tomando conta?
Pense sobre as escolhas que temos que fazer a
toda hora, a cada instante de nossas vidas.
Não se trata de dirigir o tema para lições
moralistas sobre o que é certo ou errado. Explicar o porquê de seus atos e suas
escolhas, refletir sobre os valores, de que não há respostas certas ou erradas.
O mais importante são as perguntas que fazemos para nós mesmos e as atitudes
que tomamos com essas “perguntas”.
Quem diz o que é bom ou mau, certo ou errado? Se
somos livres, o que nos leva a escolher entre o bem e o mal? A lei, ou a nossa
consciência? Quem é o juiz da sua vida: Deus? Sua família? Você mesmo?
Muitas vezes as crianças dizem “Eu faço isso,
porque afinal todo mundo faz”. Ora, porque todo mundo faz, algo passa a ser
correto?
Se “ser ético” é um aprendizado de toda uma vida,
então como se ensinar ética?
Ensina-se aquilo que se é. Ética se transmite. O
que será apreendido e processado pelos filhos não é o que advém de um discurso
verbal, de uma pregação ou de um sermão, mas sim o que eles captam no
pensamento e na ação de seus pais.
Não se trata de ensinar o filho a ser “bonzinho”,
pois ele corre o risco de ser bobo, mas sim de torná-lo um ser responsável por
suas ações, desde os primeiros tempos de vida. Como pais, cumpre dar exemplo de
autonomia e liberdade interna para fazer escolhas e assumir posições e se
responsabilizar por elas. Uma pessoa só
é ética quando se orienta por princípios e convicções.
As crianças precisam ser ensinadas a “ver a verdade”
e sobretudo respeitar “a verdade”.
“Eu não
quero que meu filho minta” — essa é a expressão do desejo de todos os pais.
Mas quando um filho percebe que os pais estão
mentindo...por exemplo: Quantas pessoas, quando toca o telefone, dizem para o
filho: “Fala que eu não estou”? Quantas vezes as pessoas ensinam uma coisa e
praticam outra? Quantas vezes se lida com a ética como se ela fosse algo
maleável, adaptável a cada contexto?
Mentindo, os adultos ensinam seus filhos a
mentir, pois eles perdem a referência do que é certo ou errado. Nada justifica
uma mentira, não existem “mentirinhas”, mentiras “piedosas” nem mentiras
“politicamente corretas” — todas fazem mal. É falso tentar fazer separações entre
mentira boa e mentira ruim. Toda mentira já por si só é ruim. E isso precisa
ser transmitido às crianças. Falar a verdade implica ser honesto consigo mesmo
e com os outros e assumir as consequências de seus atos. Essa é a base da ética
o que é certo e o que é errado, o que faz bem e o que faz mal. Ser ético é ser
responsável.
Outro ponto importante é “saber” que diferente não é sinônimo de errado.
Diferente é apenas diferente. Isso nos ajuda a perceber que você pode ter
amigos respeitando eticamente as diversidades
de raça, crença, sexo, nacionalidade. Fica difícil para uma criança ter o
aprendizado da ética quando os pais, em casa, zombam de uma pessoa por ser de
raça ou nacionalidade diferente.
No esporte também se forma a ética da criança
(lembre-se sempre: a criança é o futuro adulto). Vencer sempre será nosso objetivo.
Para isso se faz a contenda, entretanto jamais se deve admitir ganhar mediante fraude
ou algum tipo de trapaça. “Jogo é jogo” é um dito popular, que reafirma que deve
ganhar o melhor ou quem teve mais sorte.
E não existe melhor vitória, do que a conquistada
graças as nossas virtudes! Essa é única vitória que vale!
Infelizmente nossa época é pobre em ética.
Modelos de corrupção, de indignidade, de desonestidade, de sonegação são
numerosos em nossa sociedade. Porém, a ética é essencial, ao que princípios e
valores sempre foram e continuarão a ser o que caracteriza a humanidade no
homem e continuarão imprescindíveis para nos manter o minimamente civilizado.
Não nascemos com moral e ética. Tornamo-nos
éticos e com moral ao longo de nossas vidas...E quanto antes começamos: melhor!
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