sábado, 28 de junho de 2008

Guimarães Rosa

Meu primo Raul Motta, mandou-me o seguinte email:
... do grande escritor brasileiro Guimarães Rosa, um texto que, mais que concordância ou discordância, induz a uma reflexão:


"(...)Mas um Rosa tem mais dificuldades para brotar numa cultura que não cultiva seu próprio idioma e o aceita frouxo e estéril."

A língua do Rosa

Daniel Piza

http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=1708

A idéia de que falar e escrever com correção gramatical não é importante cresce em toda parte no Brasil. Até lingüistas com cátedra na universidade dizem que o que vale é conseguir se expressar, comunicar sua mensagem central, não importa se cometendo erros de concordância, grafia ou conjugação. Enquanto isso, vemos cada vez mais pessoas públicas dizendo "tu vai" e "ele afirmou de que", comendo o "s" final, pronunciando "iscola" e "pudê", interrompendo as frases no meio. Ouvimos em rádio e TV os especialistas usando uma palavra diferente - ou diversas palavras diferentes - da que buscavam, além dos termos em inglês para os quais existe tradução usual. E recebemos e-mails até de pessoas muito capazes e criativas que fazem corar pelo excesso de erros e imprecisões. Mas apontar isso, agora, é considerado "elitismo"...Longe de mim defender a tal norma culta. Sou a favor da coloquialidade, da clareza - e da mudança de diversas regras rígidas ou puristas. Prefiro, por exemplo, a próclise (o uso do pronome antes do verbo) como norma geral; "assemelha-se" é lusitano. Mas é preciso seguir os padrões e convenções para evitar os ruídos - você sabe o que quer dizer "excessão", mas essa dupla de "s" aí é areia no olho - e deixar justamente que a mente se concentre no conteúdo da mensagem, seja a de quem emite seja a de quem recebe. Igualmente fundamental é, por meio desse respeito às regras, cultivar o respeito à língua, o amor ao idioma, a consciência de suas ricas possibilidades.Pois o que está por trás de pessoas que maltratam a grafia e a sintaxe é a ignorância do poder que a linguagem verbal tem de articular uma idéia, fundamentar uma opção, estabelecer pontos de partida para uma ação em conjunto. Se o leitor ou ouvinte desconhece esta ou aquela palavra, como esta ou aquela referência, pode ser positivo: ele está ampliando seu repertório - desde que o cerne do argumento continue compreensível, disposto de forma objetiva, uma raridade no Brasil. O pior para o idioma não é o abuso de estrangeirismos, mas a falta de conhecimento dos recursos que ele oferece; é o fato de nossas "iscolas" não conseguirem ensinar a interpretar um texto banal.Pensei essas coisas enquanto lia alguns livros recentes sobre Guimarães Rosa e relia alguns dos seus. Oooó do Vovô (Edusp/ PUC-MG/ Imprensa Oficial) é um belo álbum com as cartas e os cartões postais que ele mandava para suas netas adotadas Vera e Beatriz, fazendo brincadeiras verbais, citando cantigas, decorando com desenhos. No Longe dos Gerais (Cosac & Naify), de Nelson Cruz (também ilustrador do livro), é um relato fictício de um menino que acompanhou a viagem do escritor com vaqueiros por onze dias no norte de Minas. E Guimarães Rosa - Fronteiras, Margens, Passagens (Ateliê/ Senac), de Marli Fantini, é uma análise sobre as várias dimensões da linguagem do autor de Grande Sertão: Veredas, que mescla o regional e o universal, o oral e o erudito, o prosaico e o poético, para além de dicotomias e estereótipos.
Há, por sinal, uma pequena e consistente onda de interesse renovado por Rosa, que também é lido por Maria Bethânia em seu CD mais recente, Brasileirinho, ou tema de documentários como Livro para Manoelzão, de Angélica del Nery. E melhor contraponto para o populismo lingüístico não poderia haver. O que aqueles três livros tão diferentes entre si mostram, afinal, é como Rosa era apaixonado por sua língua acima de tudo e, como bom amante, queria gozá-la em sua plenitude, em toda a sua diversidade de tons e formas. Não é fácil ler seus livros, especialmente Grande Sertão, assim como não é fácil ver a densidadedo sertão. Mas depois da escalada, a planície: algumas dezenas de páginas e seus olhos e ouvidos já se acostumaram e estão deslumbrados com o mundo verbal e imaginativo de Rosa.Não espanta que Grande Sertão, apesar de suas dificuldades iniciais, já tenha vendido tantos milhões de exemplares no Brasil e no exterior desde sua publicação em 1956. Não há erros gramaticais nos livros de Rosa; ao contrário, ele é conhecedor tão profundo da língua que pode transgredir alguns de seus usos, desenhando uma sintaxe muito própria, cheia de palavras exóticas ou inventadas e pontuações incomuns. Mas um Rosa tem mais dificuldades para brotar numa cultura que não cultiva seu próprio idioma e o aceita frouxo e estéril.


"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."




quinta-feira, 26 de junho de 2008

Filme Pornô e o Liberalismo de Mercado

Alexandre Frota, soube outro dia, mas já fez um tempo, realizou (?) um filme pornô com um(a) artista (?) travesti, assim dando um enorme passo em sua carreira, onde além de meter a pica em algumas piranhas, também procurou por petróleo num cú raspado, assim ele escolheu seu ganha pão, um tremendo liberal (sexual), transando com mulheres, travecos e quem sabe mais o que? Passarinho do bico preto já contou de um passado tenebroso na Galeria Alaska (antigo ponto gay, aqui no Rio de Janeiro, onde atualmente existe uma igreja evangélica). Pois o liberalismo do Frota, é um receituário do liberalismo econômico, onde a visão básica, é a obtenção do lucro máximo, seja de que forma for, ou seja, a que (qual) custo, desde que o menor possível, se obterá a maior receita.
Pois não temos que lucro é a diferença entre a receita total e o custo total? Na Globo, Frota tinha uma salário X, praticamente com custo zero, ou seja, nenhum risco à sua imagem e desde que usando camisinha, pouco risco de saúde, pois ao optar pelo filme pornô, aumentou seu risco, porém potencializou de tal forma seu ganho (segundo ele, até 1.000.000) por filme, que compensaria "a imagem" arranhada à custa do ganho potencial. Como qualquer mercado tem sempre o seu "Q" de imprevisível, a imagem do Sr. Frota, saiu ainda mais fortalecida (viva Brasil!), gerando contrato também com a TV Record, no programa do Tom Cavalcanti. Temos aí outra fórmula econômica, onde a maximização do lucro corresponde quando a remuneração marginal (marginal aqui não é pejorativo e sim uma receita à margem) é igual ao valor do salário, ou seja, o quanto a mais de remuneração você pode ter, por um trabalho adicional? Numa fábrica, somente vale a pena colocar mais um funcionário, se este funcionário gerar uma receita igual ou maior ao seu salário, senão será inviável economicamente, certo? Se ponderarmos o Sr. Frota como unidade fábrica e seu membro como unidade produtiva, veja que ao "transar" com um travesti, ele teve este ganho adicional, pois ao trocar uma xereca por um ânus, não tendo nenhum ônus com a imagem, obteve alto grau de compensação financeira.
Exatamente o oposto, temos o caso Ronaldinho (ex) Fenômeno...
Porém no liberalismo econômico, sempre defendido pela visão daqueles que ganham (muito) com o próprio, mas sem voz para aqueles que perdem com ele, temos inexoravelmente determinado grau de perda para alguém, não existe fórmula matemática para gerar renda, a renda é objeto de transferência, sempre foi, em resumo: para haver rico, tem que haver pobre. Na melhor da hipóteses, procuram-se mecanismos de distribuição, afim de gerar perdas menores ao que possuem menor poder de barganha no mercado produtor, então neste universo do pornô, se o Sr. Frota faz a vez de quem ganha, quem perde? Nessa analogia, a rôla do Sr.Frota seria a unidade produtiva, em bom português, o trabalhador, neste caso sujeito a condições insalubres e provavelmente trabalho escravo.
Futuro post, tentarei "lançar um olhar" sobre a maximização de rentabilidade por metro quadrado nas igrejas evangélicas e a utilização maciça de propaganda (vide tantos canais) nas mesmas em relação a busca de lucro máximo (o objetivo final do empreendedor).

O desenho é uma caricatura de Sylvester Stallone por Sebastian Kruger

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O peixe e a espinha

O peixe e a espinha
Afonso Henriques Neto

*

engole o peixe com a espinha
e tocarás a guelra de Deus

aprende todas as palavras
antes de reduzi-las a Uma

ser infinitas palavras
não precisar de Nenhuma

De Restos & Estrelas & Fraturas (1975)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Algumas idéias sobre Esaú e Jacó e Memorial de Aires, de Machado de Assis

(...)Machado encara, nos dois livros, os dois momentos históricos não deve ser confundida com mero conservadorismo.
Se lhe cabia melhor o chapéu do império, como diz um personagem, era por desconfiar daquela República que se proclamava, naquele momento, daquela forma. Olhava com desdém a corrupção e a plutocracia que se instalavam brutalmente e que se manifestavam com o encilhamento, a especulação financeira desenfreada, que dava vez a uma nova e desprezível casta no poder(...)



Esta é parte da análise muito interessante que o psicanalista Sérgio Telle faz (http://www.revista.agulha.nom.br/ag25assis.htm) sobre o bruxo do Cosme Velho e alguns de seus livro, mas a miúde: Esaú e Jacó e Memorial de Aires. Foras nove as nuances psicológicas, a quem deixo a cargo da prima Telma, muito interessante achei as considerações políticas e econômicas, sobre o periodo em que foram escritos, Abolição da Escravatura, Proclamação da República, o governo de Floriano Peixoto, o encilhamento, etc...

domingo, 22 de junho de 2008

Quai Chang Caine

Estávamos jogando bola, futebol de salão no quartel da PM, que generosamente abria suas portas, para as peladas da rapaziada e quando garotos ainda nos deixavam filar uma bóia, quando o Marcelo Massuda veio puxar papo, falou que estava treinando Kung-Fu, estava se amarrando, coisa e tal e que além de toda parte física também havia alguns ensinamentos espirituais, essa coisa assim, meio budista, falou que o tanto que me conhecia que eu iria gostar. Realmente, eu fora fissurado na série Kung-Fu, com o David Carradine, bem novinho, centos anos antes de ser o Bill, do Kill Bill, na época em que ele ainda era o Gafanhoto, jovem aprendiz de monge Shaolin. Ele me falou o dia e a hora e eu fiquei de ir assistir uma aula.
Era uma casa velha, muito velha, na rua nada víamos do que acontecia lá dentro, toquei a campainha, um jovem suado abriu a porta e disse:
- É lá em cima.
Subi as escadas, Marcelo já fazia (o que hoje sei) um aquecimento, outras pessoas, mas ou menos perto das paredes, fazendo movimentos semelhantes, alongando, se esticando e com isso deixavam o centro do cômodo livre, onde um jovem executava graciosos movimentos, sob o olhar atento de Marcos, o professor, em chinês tendo a denominação de Sifu, sei que em português a analogia com “sifudeu” é inevitável, mas fazer o que?
Os movimentos executados eram muito plásticos, circulares, às vezes lembrando um pouco modernos passos de dança; quem viu o belo filme: “O sol da meia-noite” com Barishnikov? Isso me fez ter vontade de rir, pois minha idéia de arte-marcial, era algo com maior virilidade, mas como amigo é amigo, resolvi encarar uma primeira (e gratuita) aula.
Começamos com um aquecimento, dando ênfase no alongamento, muito puxado, onde o corpo já tremia e transpirava, depois passamos a uma etapa de flexões, não as convencionais, mas com as pontas dos dedos, lado invertido da mão e com a ponta dos ossos para calejar, mais tarde saberia o nome, em japonês seiken.
Trago desta época, a lembrança de meu corpo jovem, onde não havia limites para tentar vencê-lo, chutes altos, chutes com saltos giratórios, alongar até abrir as pernas em cento e oitenta graus, mas principalmente, na primeira aula, onde somos colocados na posição de cavalo, ou cavaleiro (em japonês kiba-dachi), as pernas abertas o máximo possível, os pés paralelos, por um tempo que parece não ter fim, onde somos avisados que antes de aprender qualquer técnica, devemos nos fortalecer, que uma árvore não é forte sem raízes fortes, que um prédio não se sustenta sem alicerces fortes e principalmente (isso só depois do primeiro mês), todo este estágio é no intuito de desestimular aqueles que estão ali para aprender a brigar em vez de lutar, um amansa ego, literalmente torrar o saco, fazer desistir quem não estiver imbuído do verdadeiro espírito para conhecer o caminho do guerreiro. Tinha dezesseis e apesar de me desviar do caminho inicial, ou seja o Kung-Fu, estilo Hung-Gar (garra de tigre), seja praticando Karatê Kyokushin, Aikido ou Kenjutsu, bebendo um pouco em cada fonte, onde meu objetivo final nunca foi a graduação de faixa e sim o conhecimento de novas técnicas, aliado ao conhecimento de mim mesmo, trazendo como dito por Funakoshi, os conhecimento do Dôjo para a vida cotidiana, pois só assim dão frutos. Sei que não teria andado tanto pelo caminho do combate (literalmente muito soco, chute e porrada na cara) se não fosse aquela primeira aula, onde eu quase ri, com os movimentos do jovem shaolin.

Fetiche

Desenho (e outros, muitos outros no link:http://neilima.multiply.com/photos/album/31

Milo Manara

Nascido no dia 15 de setembro de 1945, na Itália, Milo Manara transformou-se no grande nome dos quadrinhos adultos eróticos. Tornou-se conhecido em 1976 após seus trabalhos iniciais de ilustração na revista Pilote. Sua arte também foi reconhecida após fazer desenhos para os pôsteres dos filmes de Federico Fellini. Ambos se tornaram grandes amigos ao longo dos anos e até transformaram em quadrinhos alguns filmes do diretor. A partir dos anos 80, Manara passou a se dedicar cada vez mais a seus álbuns eróticos e escreveu e desenhou HQs como as da série Click, Gullivera entre outros. Suas mulheres lindíssimas figuraram e figuram na imaginação de homens e mulheres do mundo todo. No entando, o artista sabe muito bem o que é erotismo e pornografia e jamais cruza essa linha.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Economia sem Apologia

Em seu livro "A História do Pensamento Econômico", Robert Heilbroner, classifica o livro de Engel " The Condition of the Working Class in England in 1844 ", como o mais terrível líbelo contra as favelas do mundo indústrial, neste período, Engels andou por toda Manchester (berço da revolução industrial), vendo em que condições se encontrava a recente massa de trabalhadores. Certa vez, comentando sobre a miséria da cidade e as "bases" em que ela havia sido contruída, com um cavalheiro, seu amigo, ouviu como resposta:"E no entanto, ganha-se uma fábula de dinheiro aqui; tenha um bom dia, sir".

É necessário analisar a economia, não como apologia da ordem existente, mas com uma visão equilibrada, realçando o positivo e combatendo o negativo de cada "tratado" econômico, buscando corrigir as distorções do sistema, seja ele qual for. Devemos buscar:
Determinado grau de intervenção governamental sem um corpo de burocratas;
A vitalidade (competitiva) do capitalismo, sem uma classe de poderosos capitalistas;
Uma bolsa de valores, sem um cassino...

Cada um deste ítens, deve ser esmiuçado, mas não são assuntos para uma só postagem de blog...

Vejam aí neste link, como estão os funcionário da fábrica de sapatos CatWalk

"Os funcionários da empresa, trabalham praticamente por comida, eles vivem dentro das fábricas, cozinham a comida lá mesmo durante o trabalho, tem as roupas penduradas lá também e a noite puxam uns colchões nos corredores e dormem ali mesmo para no outro dia acordarem e já começam a produção novamente, trabalham em torno de 16 a 17 horas por dia.E esta é a vida deles, praticamente um trabalho escravo..."

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Torquato Neto

Torquato Neto um piauiense arretado, nasceu em 44 e não aguentou a pressão, zuando pra sempre no zênite em 72, aos 28 anos...


Let's play that

Quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes

Let's play that

Vocês conhecem aquela dos Titães?

"Só quero saber
do que pode dar certo
Nao tenho tempo a perder ..."

Pois também é dele...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Filmes que valeram o ingresso 4 - Imensidão Azul

Não sei se foi o primeiro, mas acho que foi o último filme do Luc Besson, antes dele ficar um pouco americano, é uma filmografia (muito) romantizada da vida de Jacques Mayol, o maior mergulhador em apnéia ( mergulho livre-sem cilindro de O2) de todos os tempos. Tem ainda o Jean Renno, aquele mesmo do filme "O Profissional", dando seu habitual show. Foi graças a este filme que comecei a mergulhar, porém diferente do personagem central, 100% amigo dos peixes, não resisti e arpoei alguns...

Título original: Big Blue/ Le Grand BlueGênero: cinema europeu/biografia romanceadaOrigem/Ano: FRA-EUA-ITA/1988 Duração: 115 min.Direção: Luc BessonElenco: Rosanna Arquette, Jean-Marc Barr, Jean Reno…

A Revolução Industrial e o Brasil

Eric Hobsbawn, em seu livro “Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo” , analisa a origem desta “revolução” em pauta, no capítulo dois - A Origem da Revolução Industrial, começando como condição, determinada acumulação de capital, onde a Inglaterra vinha de “200 anos de desenvolvimento econômico razoavelmente contínuo”¹ , seria então este o pilar, a base de sustentação para o crescimento. Na história brasileira, comparando com fator tempo, o Brasil teria o mesmo tempo não em acumulação, mas em exploração.
Destaco a colocação de que a Inglaterra não era uma economia de mercado, mas sim “formava um único mercado nacional”² , onde a iniciativa privada foi amplamente apoiada pelo Estado, havendo total sinergia entre ambas. Havia um mercado interno conjugado com força produtiva (com um crescimento populacional muito rápido, para os padrões da época) primeiro escoadouro de produção e mercado externo, ancorado pela política governamental. Daí, em relação a força trabalhadora, esquecer a falácia de que foi fator preponderante, pura e simplesmente “sobra” de mão-de-obra, pois se fosse o caso, no Brasil escravocrata haveria Revolução Industrial.
Seja pelos meios políticos, pela guerra ou colonização, a Inglaterra consegue seus mercados externos, vide o caso brasileiro, onde a mesma monopolizou o comércio, assim a Inglaterra subordinou “toda a política externa a objetivos econômicos”³, não só a obtenção de mercados, como a supressão de qualquer tentativa de concorrência.
Passam a existir basicamente dois tipos de países, os que possuem os meios de produção, comunicação e destruição, sim, a força muitas vezes é imprescindível, como instrumento de coerção e os que não possuem e assim estão sujeitos “a suportar a lei dos primeiros”4.
Assim é mantido o balanço de pagamentos inglês, a troca de produtos primários dos países subdesenvolvidos, por produtos manufaturados.
Além do óbvio interesse externo, com a manutenção de nossa dependência5 , o desinteresse interno, ou melhor, o interesse em seus próprios interesses e não os nacionais, mantinha este moto-contínuo comercial, grande diferença entre os interesses brasileiros e ingleses, onde o interesse privado misturava-se invariavelmente ao interesse público, apesar de monarquia, aplicação literal do termo República.

1Hobsbawm, Eric, A Origem da Revolução Industrial, pág. 34
2Hobsbawm, Eric, ob. cit., pág. 37
3Hobsbawm, Eric, ob. cit., pág. 46
4George, Pierre, Difel, Panorama do Mundo Atual, 1976, pág.33
5"(...) A aplicação das (antigas) fórmulas de colonização não mais convinha a países que já tinham conhecido o regime colonial mercantilista (...), a prioridade, então é dada à ação diplomática e à intervenção discreta na vida política dos Estados (...), conjugadas com concessões de créditos (...)" George, Pierre, Ob. Cit., pág.55

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Minhas Primeiras Putas


Num destes dias, no início do ano, logo após meu aniversário, estávamos eu, Evandro e Heitor conversando sobre as putas de jornal, era uma novidade, estavam (pelo menos para a gente) aparecendo os primeiros anúncios de putas, com o título de termas e casas de massagem. Fomos até o boteco, compramos umas fichas de orelhão e ligamos para algumas, para nossa surpresa e tristeza, pois não imaginávamos que era tão caro, uma realidade muito distante das nossas mesadas. Heitor andava conosco, mas sempre foi mais adepto do bloco do eu sozinho, não o critico, cada um na sua. Evandro mais velho nos falou que havia outras piranhas, sem ser as de jornal, que elas ficavam na Vila Mimosa, mas que ele também nunca havia ido lá e nem sabia quanto seria pra dar uma fodida. Bem, resolvemos arriscar, cada um estava mais ou menos com cinco dinheiros (digo dinheiros, pois não lembro a moeda da época, já trocamos tanto, de cruzeiro, para real, para cruzado, para novo cruzado e lá vão outras), pegamos o ônibus, não era longe, ficava perto do centro da cidade, descemos, andamos um pouco e lá estavam, começaram a aparecer umas casas velhas, onde em cada porta e janela via umas mulheres que com certeza não povoava meus sonhos, cada sorriso sem dente não seria uma brochada, somente em função do excesso de hormônio e excitação pela aventura. Evandro, sempre falante e na função de líder de expedição foi até uma das senhoras e perguntou quanto seria o serviço, voltou com uma expressão triste no rosto, nos informando que o preço era de doze dinheiros, mas que a gentil dama faria um desconto, ficando por dez. Nos entreolhamos, pois sabíamos que não conseguiríamos os três foder (o melhor era dizer que seríamos fodidos), Heitor deu a solução, um sorteio, onde o vencedor ficaria com o dinheiro dos demais e entraria pela porta da esperança, solução aprovada rapidamente e ainda daria pra beber uma cerveja num dos pés sujos da redondeza. Entramos, puxamos as cadeiras e a escolha foi feita por meio do "zerinho ou um", onde cada um coloca ou zero, ou um, com a mão, onde quem colocar o numeral diferente é o vencedor. Pedimos a cerveja. Ríamos, tensos e felizes, já nos sentindo homens.
Evandro venceu.
Acho que fiquei feliz, primeiro porque trepar com aquelas mulheres não estava me motivando muito, na minha cabeça, a minha primeira foda deveria ser melhor, o ambiente com certeza era degradante, segundo, porque Evandro era mais meu amigo que Heitor, então que fosse ele o eleito.
Não demorou mais de dez minutos, entre entrar, trepar e sair, não imaginava que seria tão rápido, até porque nos filmes que víamos na sala especial, uma sessão de televisão com filmes de sacanagem nacionais, que passava tarde da noite e ninguém perdia, as trepadas eram muito mais demoradas. Evandro saiu sorridente, nos disse meio sem graça, que enquanto metia, a puta ficou lendo uma revista Manchete e que dava pra escutar o cara ao lado, também trepando, pois a casa era toda dividida por tapumes de uma madeira finíssima.
Na semana seguinte, Seu Arthur, pai do Evandro, me chamou pra conversar e perguntou onde nós estávamos andando?
Respondi que nos mesmos lugares de sempre, por que?
Cuidado, heim, apliquei hoje uma Benzetacil no Evandro (o pai do Evandro era biólogo).
Perguntei o que era isso, Benzetacil?
Ele me disse: O Evandro pegou gonorréia.
Mais uma vez fiquei feliz. Claro que fiquei chateado pelo meu amigo, mas antes ele do que eu. A gonorréia ainda viria bater na minha porta outra vez, o Marco, irmão do Juninho, cinco anos depois desta minha "quase foda", havia comido a sobrinha do Ivan Playboy e passou a visitar o Orlando da farmácia regularmente, quando dois dias antes, eu dentro do carro, havia deixado ela somente chupar meu pau, dando assim sorte mais uma vez, tanto pelo boquete, como por não pegar gonorréia.


terça-feira, 10 de junho de 2008

Antes do Café

Nos ciclos anteriores, açúcar e mineração, temos: "O investimento em capital imobilizado(...) era muito grande e representava pelo menos dois terços do custo de operação..." ¹
Os comerciantes portugueses e holandeses, que financiaram com grande margem de risco, uma estrutura produtora de açúcar e claramente buscaram um grande retorno que viesse a compensar os altos investimentos.
Desta maneira a produção se organizou a manter a máxima rentabilidade, a plantation (grande propriedade, monocultora e escravista), produtora em larga escala destinada ao mercado externo.
A plantation gerou uma alta especialização na produção e uma alta concentração de renda, onde a maior parte ia para o exterior e o (relativamente pouco) que sobrava permanecia no Brasil, na mão dos senhores do engenho.
Assim, esta "sobra", ou o lucro dos produtores era muito menor que o dos comerciantes, com isso, vários foram os engenhos que por conta de falta de capital ou crédito, foram à ruína, falindo, sendo tomados por comerciantes credores e colocados a funcionar com outro dono.

¹Stuart Schwartz e James Lockhart, A América Latina na Época Colonial, pág. 249

Filmes que valeram o ingresso 3 - A última Tentação de Cristo


Cartaz do filme

A última tentação de Cristo

(Scorsese, 1988)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Matemática para o Povo!

Como querer que o povo entenda de macroenonomia, se nem entende de microeconomia, ou seja, olhar um pouco para o próprio bolso, a famosa "Teoria do Consumidor", isto sem levar em conta, que a teoria de Nash (aquele abilolado do filme Uma Mente Brilhante ) tem pouco mais de 50 anos...Ou seja faz pouco que aprendemos a cruzar oferta com demanda...O populacho só quer saber de quanto pode sair do seu bolso, sem nem imaginar o quanto o juros F todo mundo...Vejo (leio) muita bobagem, quanta confusão entre conceitos financeiros, contábeis e economicos, tudo misturado num balaio só, enquanto os doutores vomitam esta "pseudo-economia" goela abaixo de quem nem sabe matemática direito.