sábado, 25 de junho de 2011

Insensato Coração

A ambição desmedida do banqueiro corrupto Horácio Cortez que se dá bem no mundo dos derivativos tóxicos que levaram o capitalismo especulativo ao desastre financeiro global se nutre da euforia da frivolidade que busca todas as formas de realização na exploração comercial da beleza feminina alienada e desesperada Natalie Lamour pela afirmação da personalidade por meio do dinheiro. Propaganda e especulação, as armas da mentira. Eis a composição do enredo dramático que educa o telespectador sobre como as relações humanas se desenvolvem sob o sistema ancorado na busca exclusiva do lucro, para que surjam as mais caras manifestações da afirmação social dos vencedores no mundo do capital no qual o pobre mira para construir a sua fantasia, sabendo que ela é uma mera miragem que o estimula ao exercício da mediocridade ou da libertação moral. É pegar ou largar.
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Este texto e muito mais sobre a novela das oito, personagens, considerações críticas e até mesmo um link com Machado de Assis (sobre o tema dramaturgia), encontrei no blog: Independência Sul Americana, um tanto sectário talvez (sem conotação pejorativa na palavra), mas algumas vezes, é um mal necessário, senão, como acender uma lanterna para os afogados?

sábado, 18 de junho de 2011

O Rap de Keynes x Hayek (quase tudo que você queria saber sobre economia e crises e nunca entendeu...)

Acabei de ver o "clip" abaixo, no blog Economidiando (link também abaixo - vale a pena) e o capturo devido a ser (talvez) a melhor aula de economia que já vi na minha vida...

domingo, 12 de junho de 2011

Guevara, Quadrinhos e eu

Link
Sempre um fã dos quadrinhos, faço este post (principalmente) para aclamar uma obra-prima: Che – Os Últimos dias de um Herói, com roteiro de Héctor Oestherheld e arte de Alberto e Enrique Breccia. Andando pelos sebos do Rio de Janeiro, deparei com este álbum, uma HQ publicada na Argentina três meses após a morte de Guevara e republicada pela Conrad em 2008. Encontrei uma HQ tão desconcertante (embora totalmente parcial a causa guerrilheira), que os militares argentinos (da época) não perdoaram, acabando por matar não só o roteirista , como também suas filhas. Da família, sobraram apenas a esposa e um neto. ¨Demos um sumiço nele por ter feito a mais bela história de Che que já foi escrita¨, disse um militar argentino, no melhor (ou pior?) estilo natcht und nebel erlass (decreto da noite e névoa), de Hitler, ao estipular detenções secretas e sumiços...

Lembrei então de meu amigo Fialho, prometendo uma passada em sua casa para emprestar o dito álbum. Um assunto puxa o outro e relembramos nosso tempo de quadrinhos. Ele perguntou se eu ainda tinha algum exemplar da revista MURO, com nossos desenhos. Revirei, revirei, mas infelizmente não achei, somente um exemplar de outra : Art&Manha, revista feita por e para estudantes universitários e secundaristas do Rio, onde meu primo Raul brilhava, tendo Fialho e eu como meros coadjuvantes (Ah!Eu sou rencomotta, autor do desenho aí embaixo, inspirado em texto de Gil Vicente). Este nº 6 foi financiado por um projeto da FUNARTE, de apoio ao quadrinho estudantil, em 1980 (acho)...


*clica no desenho (que ele aumenta) e leia os balões...

1- O que procura?

2-Meu nome é Todo Mundo e passo o meu tempo todo a procurar dinheiro.

3-Pois meu nome é Ninguém e passo todo o meu tempo a procurar a consciência.

4-Esta é boa! Todo o Mundo procura dinheiro e Ninguém a consciência!

5-Ninguém: "Eu nunca minto..."

Todo o Mundo:"Saco..."

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Jeff Healey, o menino branco, loiro e cego que tocava blues



“Oh! He´s my man! My man!”
Blues Boy King gritava eufórico, por não acreditar no que via e tampouco escutava. O garoto do Canadá, branco, loiro e cego, que tocava sentado e cantava como cria do Mississipi.
Eric havia avisado ao mestre o quanto iria se surpreender, mas não houve preço.

O vi pela primeira vez ao vivo num show no falecido Noites Cariocas, quando este foi berço do rock nacional dos anos 80, onde também vi nascer Cazuza, Renato Russo, Capital e outros, tanto vivos como mortos.
Nesta época, no meu mundo, havia mais roqueiros que economistas, mas foram estes últimos que finalmente, após tanta andança, me ajudaram a compreender (tentar) este mundo sem deus.

I look at you all see the love there that's sleeping
While my guitar gently weeps
I look at the floor and i see it needs sweeping
Still my guitar gently weeps
I don't know why nobody told you how to unfold your love
I don't know how someone controlled you
They bought and sold you.

Mas voltando ao garoto branco e cego. Fui ao cinema para ver um bom filme de porrada. Sabia que Patrick Swayze, além de dançarino, mandava bem nas artes marciais, então fui conferir se ele merecia a alcunha de Matador de Aluguel. Pois sim, o cara era bom, mas o que me deixou chapado, foi não só a trilha do filme, quando lá pelas tantas, aparece o branco descrito acima: sentado, loiro, branco e cego, num improvável blues rasgando o delta e me fazendo procurar o disco do moço, na primeira sobra de uns caraminguás.

Desde que nasceu, lutou contra um tipo raro de câncer, que lhe levou a visão: retino-blastoma. Que nome filho-da-puta! Que doença filha-da-puta! Cego antes de um ano e faz três anos, lhe tirou um pedaço da perna, um pulmão e por fim, levou-o inteiro. Cego (não me canso de dizer, talvez por não acreditar), tocava com a guitarra deitada sobre seu colo, contrariando as regras da execução do instrumento, não dedilhando, mas como se fosse um piano. Depois dele, só Stanley eu veria tocar assim, mas em pé.

I look at the world and i notice it's turning
While my guitar gently weeps
With every mistake we must surely be learning
Still my guitar gently weeps
I dont know how you were diverted
You were perverted too
I dont know how you were inverted
No one alerted you.

Em 1985 foi montou a The Jeff Healey Band, quando passou a tocar com as grandes lendas do blues como King, Stevie Ray Vaughan e Clapton. Hoje ele também é uma.

Hell to Pay, de 1990, trouxe a faixa While My Guitar Gently Weeps, composta por Harrison para o Álbum Branco, que foi lançado dois anos após Healey nascer, com a canção que ficou divinizada por ter os solos de guitarra feitos por Eric Clapton, já apaixonado pela mulher de George. Na voz e guitarra de Healey, esta canção foi novamente algo mais que um grande sucesso.

Realizava sonhos. Talvez seja mais fácil de sonhar com os olhos fechados, ou sem os mesmos, que nunca abriram. Alguns poderão dizer que fez pacto, tal qual Robert Johnson, com o capeta, para tocar guitarra daquela forma, mas qual cego não faria um pacto, sim, para enxergar o que nunca viu. Nunca, digo, pois com cegueira antes de um ano, do que lembraria? Será que preferiu a guitarra aos olhos?

I look at you all see the love there that's sleeping
While my guitar gently weeps
Look at you all . . .
Still my guitar gently weeps.

Nasceu em 66, não na rota, mas no ano e em 2008 foi fazer uma Jam session, não sabemos onde, mas se está na companhia de Johnson e Stevie Ray, desconfiamos, afinal, em harpas celestiais não cabem distorções.