sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Gripe Suína by José Saramago

Diretamente das folhas do sensacional:http://caderno.josesaramago.org/

Como se observa, os contágios são muito mais complicados que entrar um vírus presumivelmente mortal nos pulmões de um cidadão apanhado na teia dos interesses materiais e da falta de escrúpulos das grandes empresas. Tudo está contagiando tudo. A primeira morte, há longo tempo, foi a da honradez. Mas poderá, realmente, pedir-se honradez a uma transnacional? Quem nos acode?

Não sei nada do assunto e a experiência directa de haver convivido com porcos na infância e na adolescência não me serve de nada. Aquilo era mais uma família híbrida de humanos e animais que outra coisa. Mas leio com atenção os jornais, ouço e vejo as reportagens da rádio e da televisão, e, graças a alguma leitura providencial que me tem ajudado a compreender melhor os bastidores das causas primeiras da anunciada pandemia, talvez possa trazer aqui algum dado que esclareça por sua vez o leitor. Há muito tempo que os especialistas em virologia estão convencidos de que o sistema de agricultura intensiva da China meridional foi o principal vector da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico “intercâmbio” genómico. Há já seis anos que a revista Science publicava um artigo importante em que mostrava que, depois de anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte havia dado um salto evolutivo vertiginoso. A industrialização, por grandes empresas, da produção pecuária rompeu o que até então tinha sido o monopólio natural da China na evolução da gripe. Nas últimas décadas, o sector pecuário transformou-se em algo que se parece mais à indústria petroquímica que à bucólica quinta familiar que os livros de texto na escola se comprazem em descrever…
Em 1966, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de suínos distribuídos por um milhão de granjas. Actualmente, 65 milhões de porcos concentram-se em 65.000 instalações. Isso significou passar das antigas pocilgas aos ciclópicos infernos fecais de hoje, nos quais, entre o esterco e sob um calor sufocante, prontos para intercambiar agente patogénicos à velocidade do raio, se amontoam dezenas de milhões de animais com mais do que debilitados sistemas imunitários.
Não será, certamente, a única causa, mas não poderá ser ignorada. Voltarei ao assunto.
Continua: http://caderno.josesaramago.org/2009/04/30/gripe-suina-2/

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Que Beleza! Oh! Senador!

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Ontem, ou antes? No programa CQC, vi esta singela homenagem ao dia dos pais do senador Suplicy. Muito me agradou, pois que o compositor, antes de se tornar islâmico, era um dos meus favoritos e a música em questão, foi a que me iniciou nas palavras inglesas, pela sua simplicidade, acredito. O senador na realidade não cantou, ele declamou, foi uma declamação de uma música em forma de poema e assim, enquanto o pai do Supla realizou uma declamação de poesia no senado, outros, seus pares, de lama, ações realizam, sem a menor culpa, com certeza sem homenagens, rogo, afinal já bastará pilhar os cofres públicos, sem a necessidade de humilhar os aqui humildes votantes.

"...como é costume dizer-se nestas paragens, quem avisa não é traidor." Este trecho, entreaspas, foi pinçado no sensacional e recém descoberto blog (por mim, digo e confesso inculto) do ilustre e este sim, merecedor do título Vossa Excelência: José Saramago. Clica aí no link.

http://caderno.josesaramago.org/

Por fim, uma das muitas vossasexcelências, em ocasião, presidindo (e não presidiária) a mesa, disse o que precisava ser dito, mas nunca verdadeiramente o é: Está encerrada a seção.

sábado, 8 de agosto de 2009

FICA SARNEY, O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS E A ESCOLHA PÚBLICA, DA QUAL POUCO SE FALA E SE PUBLICA.

Sai ou fica Sarney? Na prática, se não um punhal no ego do próprio, haverá diferença? Se fica, e Paulo “seu” Duque já arquivou quatro processos no conselho de (há-há-há) ética, tudo como “dantes no quartel de Abrantes” e se sai, não continua, como parda presença? Como tantos outros que não valem a tinta mencionar, mas basta a leitura dos diários, para refrescar a memória.
A política continua como política. Os recentes afagos de lulacollorsarney são de revirar estômagos mais fortes.
Estou no meio da leitura de O Ano da Morte de Ricardo Reis, já havia lido outros de Saramago, mas este é particularmente belo, digno de cabeceira, pois a partir de uma “pequena trama”, o mago consegue a cada página, criar uma página antológica da literatura, Nobel que é, justifica-se facilmente, na história deste heterônimo de Fernando Pessoa, voltando a Lisboa, após a morte do poeta:
...É duvidoso ter-se despedido Cristo da vida com as palavras da escritura, as de Mateus e Marcos, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste, ou as de Lucas, Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito, ou as de João, Tudo está cumprido, o que Cristo disse foi, palavra de honra, qualquer pessoa popular sabe que esta é a verdade, Adeus, mundo, cada vez a pior...
Outro Nobel, de 1966, o economista James Buchanan, acredita que sua Teoria da Escolha Pública pode explicar muitos problemas políticos e econômicos, tais como: porque proliferam grupos que defendem interesses escusos, regras governamentais que protegem os negócios em vez dos consumidores e persistente déficit orçamentário.
De forma muito simples, pois se os homens de negócios são egoístas, por que não supor que os políticos também o sejam? Ainda mais se em sua grande maioria, não são ao mesmo tempo, empresários e políticos? O que o empresário tenta sempre maximizar, se não seu próprio lucro?
Por acaso existe algum grupo fazendo “lobbie” no Congresso para fomentar a riqueza nacional? Ridiculamente fácil de provar, até matematicamente, porque não interessa e não compensa.
Outro economista, o polaco marxista Michal Kalecki, ampliou esta teoria e a exemplo de Marx, com seus “Ciclos Econômicos do Capitalismo”, denominou “Ciclo Político”, uma gangorra de interesses e de manipulação macroeconômica, em função de eleição e reeleição. Podem-se apontar muitos exemplos nacionais, vide Plano Cruzado, FHC II e recentemente o PAC, mas posso guardar assunto para outro postagem.
...Talvez Fernando Pessoa lhe responda, como outras vezes, Você bem sabe que eu não tenho princípios, hoje defendo uma coisa, amanha outra, não creio no que defendo hoje, nem amanhã terei fé no que defenderei...
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O retrato colorido é de Fernando Pessoa, a pequena P&B de Buchanan e a um tanto maior também em P&B de Kalecki. Embaixo do saco de papel, provavelmente político corrupto, tendo de se escoder...