segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O que nos leva a escolher fazer coisas certas e não erradas? (Ética para infantes)




Platão, quase quatrocentos anos antes de Cristo, já nos contava (na verdade contava aos seus contemporâneos) a história de um pastor que encontrou um anel mágico e quando usava o anel, ficava invisível. O pastor era bom e honesto, mas será que o pastor “de Platão” resistiu à tentação de fazer tudo o que quisesse, mesmo que algo fosse errado, já que ninguém poderia descobrir? 

A história de Platão chama-se: O anel de Giges, onde um determinado anel tornaria que o usasse invisível sempre que desejasse… É um anel mágico, que um pastor encontra por acaso. Basta virar a pedra do anel para dentro da palma para se tornar totalmente invisível, e virá-la para fora para ficar novamente visível… Giges, que antes era tido como um homem honesto, não foi capaz de resistir às tentações a que esse anel o submetia: aproveitou seus poderes mágicos para entrar no palácio, seduzir a rainha, assassinar o rei, tomar o poder, exercê-lo em seu único e exclusivo benefício. Platão – o filósofo -  conclui que o bom e o mau, ou os assim considerados, só se distinguem pela prudência ou pela hipocrisia, em outras palavras, por e pelo quanto o ser humano consegue esconder e dissimular suas atitudes erradas...

Isso equivale a sugerir que a moral não passa de uma ilusão, de uma mentira, de um medo maquiado de virtude. Bastaria poder ficar invisível para que toda proibição sumisse e que, para cada um, não houvesse mais que a busca do seu prazer ou do seu interesse egoístas.

Imagine aquele motorista que só para no sinal vermelho quando há um guarda controlando, o outro que não excede o limite de velocidade só no trecho que tem radar, ou aquele que consome bebida alcoolica e mesmo assim dirige, só porque não há blitz nesse dia. Será que essas pessoas só se preocupam com a vida quando há alguém vigiando? Se não tivesse lei, nem guarda, nem câmeras: você sempre faria o que é certo?

Entretanto existem coisas “só um pouquinho erradas”? 

É certo fazer essas coisas um pouco erradas se você também não puder ser pego?

Você faz as coisas certas porque gosta, ou por causa da opinião dos outros?

Fazer coisas boas e corretas deixa você mais feliz? Por quê?

Se achasse uma carteira com dinheiro, ou se fosse comprar seu biscoito favorito e recebesse um pacote a mais. Mesmo sem ninguém vendo, você se sentiria melhor devolvendo ou ficando com essas coisas? Por quê?

Se num dia de prova, o professor tivesse que sair da sala por alguns minutos, o que você faria? Praticaria uma transgressão, abrindo o caderno para olhar a matéria?  Será que você somente faz as coisas certas na escola, quando o professor está tomando conta?


Pense sobre as escolhas que temos que fazer a toda hora, a cada instante de nossas vidas.

Não se trata de dirigir o tema para lições moralistas sobre o que é certo ou errado. Explicar o porquê de seus atos e suas escolhas, refletir sobre os valores, de que não há respostas certas ou erradas. O mais importante são as perguntas que fazemos para nós mesmos e as atitudes que tomamos com essas “perguntas”.

Quem diz o que é bom ou mau, certo ou errado? Se somos livres, o que nos leva a escolher entre o bem e o mal? A lei, ou a nossa consciência? Quem é o juiz da sua vida: Deus? Sua família? Você mesmo?

Muitas vezes as crianças dizem “Eu faço isso, porque afinal todo mundo faz”. Ora, porque todo mundo faz, algo passa a ser correto?

Se “ser ético” é um aprendizado de toda uma vida, então como se ensinar ética?

Ensina-se aquilo que se é. Ética se transmite. O que será apreendido e processado pelos filhos não é o que advém de um discurso verbal, de uma pregação ou de um sermão, mas sim o que eles captam no pensamento e na ação de seus pais. 

Não se trata de ensinar o filho a ser “bonzinho”, pois ele corre o risco de ser bobo, mas sim de torná-lo um ser responsável por suas ações, desde os primeiros tempos de vida. Como pais, cumpre dar exemplo de autonomia e liberdade interna para fazer escolhas e assumir posições e se responsabilizar por elas. Uma pessoa só é ética quando se orienta por princípios e convicções.

As crianças precisam ser ensinadas a “ver a verdade” e sobretudo respeitar “a verdade”.

 “Eu não quero que meu filho minta” — essa é a expressão do desejo de todos os pais.
Mas quando um filho percebe que os pais estão mentindo...por exemplo: Quantas pessoas, quando toca o telefone, dizem para o filho: “Fala que eu não estou”? Quantas vezes as pessoas ensinam uma coisa e praticam outra? Quantas vezes se lida com a ética como se ela fosse algo maleável, adaptável a cada contexto?

Mentindo, os adultos ensinam seus filhos a mentir, pois eles perdem a referência do que é certo ou errado. Nada justifica uma mentira, não existem “mentirinhas”, mentiras “piedosas” nem mentiras “politicamente corretas” — todas fazem mal. É falso tentar fazer separações entre mentira boa e mentira ruim. Toda mentira já por si só é ruim. E isso precisa ser transmitido às crianças. Falar a verdade implica ser honesto consigo mesmo e com os outros e assumir as consequências de seus atos. Essa é a base da ética o que é certo e o que é errado, o que faz bem e o que faz mal. Ser ético é ser responsável.

Outro ponto importante é “saber” que diferente não é sinônimo de errado. Diferente é apenas diferente. Isso nos ajuda a perceber que você pode ter amigos respeitando eticamente as diversidades de raça, crença, sexo, nacionalidade. Fica difícil para uma criança ter o aprendizado da ética quando os pais, em casa, zombam de uma pessoa por ser de raça ou nacionalidade diferente.
No esporte também se forma a ética da criança (lembre-se sempre: a criança é o futuro adulto). Vencer sempre será nosso objetivo. Para isso se faz a contenda, entretanto jamais se deve admitir ganhar mediante fraude ou algum tipo de trapaça. “Jogo é jogo” é um dito popular, que reafirma que deve ganhar o melhor ou quem teve mais sorte. 

E não existe melhor vitória, do que a conquistada graças as nossas virtudes! Essa é única vitória que vale!

Infelizmente nossa época é pobre em ética. Modelos de corrupção, de indignidade, de desonestidade, de sonegação são numerosos em nossa sociedade. Porém, a ética é essencial, ao que princípios e valores sempre foram e continuarão a ser o que caracteriza a humanidade no homem e continuarão imprescindíveis para nos manter o minimamente civilizado.

Não nascemos com moral e ética. Tornamo-nos éticos e com moral ao longo de nossas vidas...E quanto antes começamos: melhor!
 



domingo, 4 de outubro de 2015

Algo sobre o policymaker (parte 1)




Sem maiores conjecturas matemáticas anteriores, são 3 as condições de equilíbrio perseguidas quanto a inflação e produto:

I)                    W0 (0) < Winf
 β < 1/2
II)                  W0 (1) > Winf
β > ½ (1/1-p)
III)                W0 (0) > Winf > W0 (1)
½  < β < ½ (1/1-p)

Sendo β a “importância” do segundo período no “bem estar social”, onde:

W = welfare = (produto potencial- produto) – ½ (importância  atribuída a inflação pela sociedade x inflação esperada)

O policymaker faz uma opção (ou é “conduzido” a esta por conta de uma sequencia de ações de curto prazo entre I) inflacionar no 1º período e explorar o tradeoff; II) Postergar a carga Inflacionária para o segundo período ou III) o policymaker tentará inferir a crença dos agentes econômicos (sociedade). Se esta trabalha em função de inflação do período 1 > zero, o policymaker deverá escolher inflação = zero, entretanto se a socidade acredita em π = zero, o policymaker deverá escolher π > zero, ou seja, o policymaker ajusta em um ponto entre π > 0 e π = b/a, onde b = a relação entre inflação e o produto e “a” = a importância atribuída a inflação pela sociedade.

A partir do momento em que o policymaker não surpreender mais os agentes econômicos, provavelmente suas ações não irão causar impacto nas variáveis reais.

Numa economia em que a moeda não é neutra – nem no curto nem no longo prazo – o policymaker para adquirir e sobretudo manter reputação a fim de influenciar futuramente os agentes, deve solucionar os problemas a seu alcance: inflação e desemprego. É necessária não somente a ação, mas o sucesso desta, para geração e propagação de credibilidade.

Vejamos o atual momento, quando os agentes (em sua maioria tomadores de recursos – até mesmo incluindo neste meio, os assalariados, partindo da premissa que ao venderem sua força de trabalho estão “antecipando” recebíveis, pagos pelos empresários face expectativa de lucro e que cobram determinado juro, colocando “preço” no trabalho) reclamam quanto a elevada taxa Selic. Se o BACEN não ajustar sua taxa nominal, diminuindo-a conforme a inflação cai, a taxa aumentará ainda mais. A diferença do PIB aumenta, a inflação cai mais rápido e as taxas reais aumentam (ainda mais) com a economia entrando numa espiral deflacionária.

Um adendo: com isso parece lógica a reestruturação dos preços dos combustíveis – não só por buscar equalizar os preços internacionais, mas ao aumentar a pressão inflacionária (intencionalmente), ocorrerá o inverso e a taxa real diminui, adiando a necessidade (momentânea) de redução da Selic cobrada pela sociedade.

Os componentes da demanda agregada sensíveis a taxa de juro, reagem ao longo prazo real, enquanto o policymaker tenta controlar apenas o curto prazo nominal.

Quanto maior a incerteza sobre o policymaker, maior a possibilidade de viés inflacionário e quanto maior o peso dado pelos agentes econômicos, provavelmente suas ações não irão causar impacto nas variáveis reais.

Ajuda luxuosa: Bancos Centrais: Teoria e Prática (Alan S. Blinder)

sábado, 29 de agosto de 2015

Não é a velocidade alta que mata, mas sim a parada brusca # Noticias do Mercado



Se lembram, alguns dias atrás (11/08), a moeda chinesa desvalorizou “um pouco mais forte” contra o dólar (sempre ele), desta forma, moeda mais fraca corresponde a inexorável redução da liquidez, além de (como de hábito) perda de confiança do mercado. Sabemos que por muitas vezes, a expectativa é superior ao(s) motivo(s) propriamente ditos...

Em suma, início de crise na China, sendo estancada (tentativa) via medidas que nós economistas chamamos de expansionistas: redução na taxa de juros e corte no compulsório, com uma injeção de cerca de 23,5 bilhões de dólares no sistema financeiro.

Já vimos esse filme – inclusive aqui - várias vezes e se o professor Keynes sempre aprovou medidas de curto prazo, entretanto, no longo a ortodoxia econômica invariavelmente não vê com “bons olhos” tamanho afrouxamento de liquidez, certa de que uma hora será cobrada a conta...
Juros no mercado futuro americano (já) em alta (diante da perene promessa de aumento das taxas americanas) e por aqui, vem se mantendo a atual Taxa Selic, com ligeira precificação de baixa a partir de 2018.

O que é essa crise na Bolsa Chinesa? Me informaram que 98,5% dos investidores são chineses, e que a mesma estaria realmente alavancada. Sabem aquelas histórias de euforia, de pessoas vendendo apartamentos para investir na Bolsa? Sim, isto estaria acontecendo por lá e sempre depois destas fases de boom desmesurado, vem um “estouro de bolha”. Não é a velocidade alta que mata e sim a parada brusca...

Mas será – descontando o viés especulativo – que a a queda da bolsa chinesa é representativa de um movimento descendente da economia chinesa? As medidas adotadas pelo banco Central Chinês dão conta que a desaceleração existe de fato e não só no balcão de compra e venda de ações.

Por aqui o dólar forte vem dando (bons) frutos na nossa balança comercial, compare: o saldo no ano é positivo em US$ 3,367 bilhões contra déficit de US$ 1,811 bilhão nos sete primeiros meses de 2014. O problema continua sendo a “crise política”, que parece a principal responsável pela saída mês passado de quase US$ 3 bilhões do nosso mercado de capitais.

Pelos dados acima, fica mais fácil “prever” em que patamar e quando o dólar irá estabilizar (também faz alguns dias "bateu" 3,60 pela primeira vez em 12 anos)...

Ao dispor para maiores esclarecimentos,