domingo, 4 de outubro de 2015

Algo sobre o policymaker (parte 1)




Sem maiores conjecturas matemáticas anteriores, são 3 as condições de equilíbrio perseguidas quanto a inflação e produto:

I)                    W0 (0) < Winf
 β < 1/2
II)                  W0 (1) > Winf
β > ½ (1/1-p)
III)                W0 (0) > Winf > W0 (1)
½  < β < ½ (1/1-p)

Sendo β a “importância” do segundo período no “bem estar social”, onde:

W = welfare = (produto potencial- produto) – ½ (importância  atribuída a inflação pela sociedade x inflação esperada)

O policymaker faz uma opção (ou é “conduzido” a esta por conta de uma sequencia de ações de curto prazo entre I) inflacionar no 1º período e explorar o tradeoff; II) Postergar a carga Inflacionária para o segundo período ou III) o policymaker tentará inferir a crença dos agentes econômicos (sociedade). Se esta trabalha em função de inflação do período 1 > zero, o policymaker deverá escolher inflação = zero, entretanto se a socidade acredita em π = zero, o policymaker deverá escolher π > zero, ou seja, o policymaker ajusta em um ponto entre π > 0 e π = b/a, onde b = a relação entre inflação e o produto e “a” = a importância atribuída a inflação pela sociedade.

A partir do momento em que o policymaker não surpreender mais os agentes econômicos, provavelmente suas ações não irão causar impacto nas variáveis reais.

Numa economia em que a moeda não é neutra – nem no curto nem no longo prazo – o policymaker para adquirir e sobretudo manter reputação a fim de influenciar futuramente os agentes, deve solucionar os problemas a seu alcance: inflação e desemprego. É necessária não somente a ação, mas o sucesso desta, para geração e propagação de credibilidade.

Vejamos o atual momento, quando os agentes (em sua maioria tomadores de recursos – até mesmo incluindo neste meio, os assalariados, partindo da premissa que ao venderem sua força de trabalho estão “antecipando” recebíveis, pagos pelos empresários face expectativa de lucro e que cobram determinado juro, colocando “preço” no trabalho) reclamam quanto a elevada taxa Selic. Se o BACEN não ajustar sua taxa nominal, diminuindo-a conforme a inflação cai, a taxa aumentará ainda mais. A diferença do PIB aumenta, a inflação cai mais rápido e as taxas reais aumentam (ainda mais) com a economia entrando numa espiral deflacionária.

Um adendo: com isso parece lógica a reestruturação dos preços dos combustíveis – não só por buscar equalizar os preços internacionais, mas ao aumentar a pressão inflacionária (intencionalmente), ocorrerá o inverso e a taxa real diminui, adiando a necessidade (momentânea) de redução da Selic cobrada pela sociedade.

Os componentes da demanda agregada sensíveis a taxa de juro, reagem ao longo prazo real, enquanto o policymaker tenta controlar apenas o curto prazo nominal.

Quanto maior a incerteza sobre o policymaker, maior a possibilidade de viés inflacionário e quanto maior o peso dado pelos agentes econômicos, provavelmente suas ações não irão causar impacto nas variáveis reais.

Ajuda luxuosa: Bancos Centrais: Teoria e Prática (Alan S. Blinder)

sábado, 29 de agosto de 2015

Não é a velocidade alta que mata, mas sim a parada brusca # Noticias do Mercado



Se lembram, alguns dias atrás (11/08), a moeda chinesa desvalorizou “um pouco mais forte” contra o dólar (sempre ele), desta forma, moeda mais fraca corresponde a inexorável redução da liquidez, além de (como de hábito) perda de confiança do mercado. Sabemos que por muitas vezes, a expectativa é superior ao(s) motivo(s) propriamente ditos...

Em suma, início de crise na China, sendo estancada (tentativa) via medidas que nós economistas chamamos de expansionistas: redução na taxa de juros e corte no compulsório, com uma injeção de cerca de 23,5 bilhões de dólares no sistema financeiro.

Já vimos esse filme – inclusive aqui - várias vezes e se o professor Keynes sempre aprovou medidas de curto prazo, entretanto, no longo a ortodoxia econômica invariavelmente não vê com “bons olhos” tamanho afrouxamento de liquidez, certa de que uma hora será cobrada a conta...
Juros no mercado futuro americano (já) em alta (diante da perene promessa de aumento das taxas americanas) e por aqui, vem se mantendo a atual Taxa Selic, com ligeira precificação de baixa a partir de 2018.

O que é essa crise na Bolsa Chinesa? Me informaram que 98,5% dos investidores são chineses, e que a mesma estaria realmente alavancada. Sabem aquelas histórias de euforia, de pessoas vendendo apartamentos para investir na Bolsa? Sim, isto estaria acontecendo por lá e sempre depois destas fases de boom desmesurado, vem um “estouro de bolha”. Não é a velocidade alta que mata e sim a parada brusca...

Mas será – descontando o viés especulativo – que a a queda da bolsa chinesa é representativa de um movimento descendente da economia chinesa? As medidas adotadas pelo banco Central Chinês dão conta que a desaceleração existe de fato e não só no balcão de compra e venda de ações.

Por aqui o dólar forte vem dando (bons) frutos na nossa balança comercial, compare: o saldo no ano é positivo em US$ 3,367 bilhões contra déficit de US$ 1,811 bilhão nos sete primeiros meses de 2014. O problema continua sendo a “crise política”, que parece a principal responsável pela saída mês passado de quase US$ 3 bilhões do nosso mercado de capitais.

Pelos dados acima, fica mais fácil “prever” em que patamar e quando o dólar irá estabilizar (também faz alguns dias "bateu" 3,60 pela primeira vez em 12 anos)...

Ao dispor para maiores esclarecimentos,

sábado, 4 de julho de 2015

Celso Furtado: O Longo Amanhecer



"Eu me pergunto:quem manda neste país? Por que se conservam estas taxas de juros de fantasia, que sangram o país, deixando pequena margem para o crescimento? É difícil dirigir um país como este."
Indagações de Celso Furtado, no documentário "O longo amanhecer", cinebiografia do mesmo, dirigida por José Mariani.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Aos Investidores Junho




Indicadores se mantém, ou seja, previsão de mais alta da Selic, apesar de medidas monetárias visando a contração da liquidez, porém, estas medidas agem em médio prazo, enquanto mexidas na Selic pegam “direto na veia”.

Vamos aos ruídos e sinais: O mega-investidor George Soros, segundo consta em obrigatória comunicação a SEC (a CVM americana), se desfez de toda sua posição em PETR4 (Petrobrás), assim devemos ir na direção dele ou na contramão?

A situação grega – acreditem – muito mais alarmante do que a nossa, mais uma vez se especula a saída da Grécia da Zona do Euro e com isso teme-se mais um efeito dominó...
Por aqui, colunistas de renome do jornal “Valor”, apontam para risco de downgrade (agora) em julho e outro no dia dos namorados mostrou que faltam R$ 30 bilhões para o governo conseguir fechar as contas desse ano.
Por que a poupança está tendo tão baixa atratividade? Com seu saldo em redução crescente?
Por conta da remuneração ínfima da TR! Esta corrigiu no período de 30/04 a 30/05 0,1454%, se anualizarmos a mesma teremos 1,7588%. Pois é isto que pagará a Poupança: 0,5% am + TR. Mas se o Governo mexer na TR o que aconteceria, além de preservar a poupança?
Afetaria de forma inexorável os financiamentos imobiliários, expostos também a variação desta taxa, com os preços dos financiamentos aumentando, ou seja, indo na contramão do valor de mercado dos imóveis, que começam a decrescer, não somente por conta do ambiente recessivo e de falta de confiança, mas do enxugamento do crédito por parte da Caixa Econômica, principal agente deste nicho de crédito. Ou seja: quem está financiando um imóvel, passaria a pagar mais por um bem que está valendo menos.
Infelizmente este é o mecanismo das bolhas imobiliárias e ninguém quer isso. Lembremos mais uma vez o papel fundamental que possui o mercado de construção civil no crescimento e na geração de empregos.
Parece que não haverá alternativa senão a taxação das Letras (agrícolas e imobiliárias), para que a Poupança venha a ter um mínimo de atratividade...
Mantendo posição de segurança – conforme mês passado - O “porto-seguro” continua sendo Fundos atrelados a TX DI (ou LCA - apesar de não haver mais este produto sem carência no mercado), Renda Fixa e Previdência, dada sua inigualável vantagem tributária e sucessória.
Para os afeitos ao risco, talvez ainda haja espaço para apreciação do dólar frente ao real, principalmente se medidas fiscais e monetárias não derem certo no combate à inflação; não recomendamos ativos atrelados a exportações, que estão com viés de baixa, entretanto - conforme abril - continuamos recomendando fundos e/ou ativos vinculados ao setor de energia. Caso seja (mais provavelmente no fim do ano) diagnosticado que a Selic foi puxada demais para cima, "fundos índice de preço" serão uma excelente opção, pois sempre alavancam quando a tx básica cai.

Sempre lembrando que rentabilidade passada não é prerrogativa de rentabilidade futura;
Ao dispor para maiores esclarecimentos,

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Dia do Trabalhador e a Fábula das Abelhas

 
Lá pelo século XVIII, não existia o que hoje chamamos de Economia. Esta começou, como hoje a conhecemos, com Adam Smith. Tudo bem, se antes existia a vontade de acumulação de riqueza e de inveja do próximo, mas não podemos chamar isso de Economia. Mercados primitivos de troca, não eram "o mercado", sem falar na igreja, que considerava o lucro, um tremendo pecado. Tudo isso, já foi brilhantemente escrito e explicado por Robert Heilbroner, em seu "The Wordly Philosophers" (1ª edição em 1953), que numa tradução livre seria: Os Filósofos Profanos, mas no Brasil foi publicado como "A História do Pensamento Econômico". Se você não gosta de Economia, leia este livro, caso não mude de opinião, não há esperanças, pois que continuará um alienado neste assunto para sempre...
O que eu queria realmente dizer, é que esta nova ciência (ou será filosofia?), nasceu com um grande problema: Como manter os pobres pobres. Pois era admitido que, se os pobres não fossem pobres, como seriam ferramentas honestas para o trabalho diário?


"Para formar a Sociedade Feliz..., é necessário que um grande número de pessoas continue a ser ignorante e pobre", assim escreveu Bernard Mandeville, ainda no século XVIII, em seu "The Fable of the Bees".

domingo, 19 de abril de 2015

Aos investidores (Abril)

Estamos em abril, já tendo passado o famoso dia da mentira, então tratemos de ficar bem longe dela...

Último post sobre investimentos recomendava naturalmente posições diversificadas (antes de alavancar ganhos, desejamos proteger patrimônio), algumas envolvendo risco, mas alocando percentuais menores neste ponto;

Entretanto para minha “sorte”, até as posições de risco (a priori câmbio) mostraram-se por demais vantajosas;

Vamos a algumas ponderações sobre este mês:

Nosso principal medo é sistêmico, ou seja, que toda a atual conjuntura negativa de não crescimento da economia, vide o já baixíssimo PIB e perspectivas negativas quanto ao mesmo (baixa) e previsão de IPCA crescente, reflitam na economia “como um todo”;

Sabemos que deterioração nas expectativas se tornam deteriorações “reais”, pois a falta de confiança prejudica o consumo, a falta deste prejudica o investimento e cria todo um efeito dominó perverso;

Desta forma, devemos buscar alocações que não sejam (ou que sejam o menos possível) afetadas pelo risco de mercado, por exemplo: no caso de ações, empresas distribuidoras de energia elétrica, uma vez que vendem algo essencial para as famílias, empresas e governos (apesar de aumento das tarifas gerarem redução de consumo...);


A taxa de juros subiu, em clara política monetária contracionista – para arrefecer a inflação - e tentando atrair capital internacional. Tal entrada de dólares acaba por segurar um pouco a alta do mesmo (pela maior oferta) e torna mais competitiva nossas exportações;

Mas esta alta da moeda americana deu-se em todo o mundo, com desvalorizações tanto do Iene como do Euro, contra a moeda americana, portanto é um movimento cíclico mundial e não localizado no Brasil;

Cotação do US$ entre ago\2014 e mar|2015


Já se vem falando há um bom tempo do aumento da taxa básica americana (Fed Founds) e concretamente vem ocorrendo, entretanto bem lentamente (ainda bem), contra um mercado que apostava em movimentos mais arrojados;
O gráfico abaixo nos assusta quando imaginamos a possibilidade de uma volta aos níveis entre 2006 e 2008...

A Europa que mostrava um passo por demais lento, beneficiou-se da queda mundial dos preços do petróleo, ao que sobrou mais base monetária, a mesma está sendo imediatamente transferida para um consumo por demais reprimido e este consumo (e expectativa) está prometendo um crescimento mais robusto do que era apontado meses anteriores – o perigo é depender por demais desta variável exógena: petróleo;

O Banco Central chinês acena com nova política de incentivos. Até quando eles vão conseguir manter aquecida aquela economia¿ Os fundamentos macroeconômicos nos ensinam que não é possível manter este moto-continuo de crescimento, vide o que os EUA purgaram recentemente via “sub-prime“. A aposta chinesa está em que o “mercado” fica constantemente sob vigilância do Estado. Só o tempo dirá se estavam certos ou não...

Até onde irá a desvalorização do real (e nossa possível aposta em fundos cambiais)? O dólar se encontra no maior nível em termos reais desde 2009;

Somente antes, em outubro de 2002 o dólar “batia” 4,00 – em um momento crítico de nossa economia. Temendo um default da dívida, por causa de movimentos políticos e situação muito adversa na vizinha Argentina fizeram os investidores demandarem dólares numa magnitude que nossas parcas reservas da época não puderam suportar. Hoje temos reservas substancialmente maiores, entretanto nossa vizinha parece possuir vocação para crises econômicas e uma crise em “Los Hermanos” inexoravelmente seria sistêmica ao Brasil;
Enfim, quanto mais frágil for nossa economia, mas sensível estamos aos solavancos externos;

Cotação do dólar entre 2000 e 2012

Recentemente o BC anunciou redução nas rolagens via swap cambial. Temos então uma “conta difícil”: equalizar estas rolagens, com a entrada de dólares e eventual fuga de capitais por motivos conjunturais (aumento do risco Brasil) e o manuseio de nosso déficit em transações correntes;
Contudo, o cenário negativo já vem sendo precificado pelo mercado faz tempo, seja com aumento dos juros bancários, TX DI, ações e câmbio – face que as expectativas atuam antes dos fatos;

Com previsão (do próprio governo) de 2 anos difíceis e dos mais céticos de até 10 anos para recuperação, podemos continuar inferindo potencial queda do real frente ao dólar, Ibovespa “cara” ao marcar neste cenário conturbado perto dos 50.000 pontos, somente ações (ou fundos formados por) resilientes ao cenário macro seriam boas indicações. A tabela abaixo mostra uma média ponderada pelo PL dos fundos de mesmo perfil dos nossos 3 principais bancos:

Fundos
Mar
Fev
2015*
12 meses
24 meses
36 meses
Ações Energia
3,51
7,50
4,80
8,66
-3,04
-23,55
Ações Exportação
2,67
6,15
3,86
1,15
-3,16
0,16
Cambial Dólar
12,39
6,61
18,95
41,94
60,28
78,28
Fundo em Renda Fixa
0,97
0,77
2,73
10,55
19,35
27,54
Fundo em DI
0,97
0,77
2,72
10,50
19,44
27,45
*Até 31/03/2015
O “porto-seguro” continua sendo Fundos atrelados a TX DI (ou LCA), Renda Fixa e Previdência, dada sua inigualável vantagem tributária e sucessória.
Sempre lembrando que rentabilidade passada não é prerrogativa de rentabilidade futura;

Ao dispor para maiores esclarecimentos,