"O economista americano Joseph Stiglitz, vencedor do Premio Nobel de 2001, pediu ontem na sede da ONU em Nova York a substituição do dólar como moeda corrente em transações internacionais ..." (O Globo, 27/03/2009)
Nem sempre o dólar foi a moeda padrão de conversibilidade do mundo. Começou (ou melhor, foi ratificado) no fim da 2ª Grande Guerra, em 1944, no vilarejo de Bretton Woods, nas montanhas de New Hampshire, no nordeste dos EUA. Mas será para sempre?
E se os chineses quisessem desafiar o dólar?
O endividamento crescente dos EUA acabou por transformar a China em seu maior credor e falamos em US$ 2 trilhões em reservas do tesouro americano! Cabe bem a analogia do economista Jório Dauster (ex-presidente da Vale), quando compara a China com a formiguinha da fábula de La Fontaine e os EUA com a cigarra...
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Parêntese de economês. Qualquer transação de comércio internacional envolve o dólar, é o que em economia chamamos de Paridade do Poder de Compra, assim, tem-se o real valor de uma moeda em relação ao dólar, levando em conta não só a (des) valorização, como os reajustes internos dos preços (inflação) de cada país. Pois que numa transação entre o Brasil e a China, necessariamente será considerado tanto a taxa de câmbio do real em relação ao dólar, como a taxa de câmbio do yuan (a moeda chinesa) em relação também ao dólar. Tem-se uma regrinha simples, se x reais valem 1 dólar e y yuens valem 1 dólar, então x = y. Fecha parêntese de economês.
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Novamente: E se os chineses, tão decantados como nova potência mundial, quisessem colocar o yuan em competição com o dólar? Vamos aos fatos:
No mês passado, o governo chinês concluiu uma série de swaps cambiais – fornecendo yuans para outros bancos centrais para uso em transações comerciais com a China – com a Argentina, Hong Kong, Malásia e outros países. Isso remove (teoricamente) qualquer necessidade destes parceiros comerciais a usarem o dólar como moeda intermediária nos negócios com a China;
As reservas cambiais chinesas, em títulos do tesouro americano, que tinham vencimento de longo prazo, começam a ter suas posições transferidas para vencimentos mais curtos, com prazo de um ano ou menos, assim os chineses começam a expor menos seus ativos dolarizados;
Em março o inflexível presidente do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, sugeriu substituir o dólar, como moeda de reserva internacional, por uma cesta de moedas supervisionada pelo FMI.
Porém, se a China tem intenção em transformar o yuan em moeda conversível, teria que aceitar o valor ditado pelo mercado, com investidores, operadores de câmbio e todas as partes do mundo comprando e vendendo sua moeda (e sua divisa), algo hoje inconcebível (acho), pelo regime chinês, que conduz com mãodeferro seu sistema financeiro.
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Não há como saber o que o futuro reserva, somente podemos usar as informações disponíveis e tomar a melhor decisão possível (ou fazer a melhor previsão, no caso de uma analista de cenário), mas temos aquela história já batida, em que o ideograma chinês para crise, significa o mesmo que oportunidade...
O endividamento crescente dos EUA acabou por transformar a China em seu maior credor e falamos em US$ 2 trilhões em reservas do tesouro americano! Cabe bem a analogia do economista Jório Dauster (ex-presidente da Vale), quando compara a China com a formiguinha da fábula de La Fontaine e os EUA com a cigarra...
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Parêntese de economês. Qualquer transação de comércio internacional envolve o dólar, é o que em economia chamamos de Paridade do Poder de Compra, assim, tem-se o real valor de uma moeda em relação ao dólar, levando em conta não só a (des) valorização, como os reajustes internos dos preços (inflação) de cada país. Pois que numa transação entre o Brasil e a China, necessariamente será considerado tanto a taxa de câmbio do real em relação ao dólar, como a taxa de câmbio do yuan (a moeda chinesa) em relação também ao dólar. Tem-se uma regrinha simples, se x reais valem 1 dólar e y yuens valem 1 dólar, então x = y. Fecha parêntese de economês.
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Novamente: E se os chineses, tão decantados como nova potência mundial, quisessem colocar o yuan em competição com o dólar? Vamos aos fatos:
No mês passado, o governo chinês concluiu uma série de swaps cambiais – fornecendo yuans para outros bancos centrais para uso em transações comerciais com a China – com a Argentina, Hong Kong, Malásia e outros países. Isso remove (teoricamente) qualquer necessidade destes parceiros comerciais a usarem o dólar como moeda intermediária nos negócios com a China;
As reservas cambiais chinesas, em títulos do tesouro americano, que tinham vencimento de longo prazo, começam a ter suas posições transferidas para vencimentos mais curtos, com prazo de um ano ou menos, assim os chineses começam a expor menos seus ativos dolarizados;
Em março o inflexível presidente do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, sugeriu substituir o dólar, como moeda de reserva internacional, por uma cesta de moedas supervisionada pelo FMI.
Porém, se a China tem intenção em transformar o yuan em moeda conversível, teria que aceitar o valor ditado pelo mercado, com investidores, operadores de câmbio e todas as partes do mundo comprando e vendendo sua moeda (e sua divisa), algo hoje inconcebível (acho), pelo regime chinês, que conduz com mãodeferro seu sistema financeiro.
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Não há como saber o que o futuro reserva, somente podemos usar as informações disponíveis e tomar a melhor decisão possível (ou fazer a melhor previsão, no caso de uma analista de cenário), mas temos aquela história já batida, em que o ideograma chinês para crise, significa o mesmo que oportunidade...
7 comentários:
Muito bom! Tá linkado lá no blog...
Olha aí, dois já leram, mó superação, hein?
;)
Brincadeira à parte, obrigada pela aula de "economês", tenho até melhorado nesse quesito, a necessidade obriga, até porque aqui, ainda que eu receba em euro e gaste em, sempre converto para o real, coisa do mundo da economia, ou coisa de brasileira que deseja ter uma moeda forte, e respeitada? Risos.
Obrigada também pela ida ao Canto...
;)
Pegando o finalzinho: o ideograma chinês para a crise não é o mesmo que se aplica a todos nós? Afinal, ainda somos regidos pela lei da vantagem. Ou não? rs...
Fiquei curiosa com uma coisinha: como assim, o dólar foi ratificado nas montanhas de New Hampshire? Tem uma história aí que não conheço! (como se eu conhecesse alguma coisa, né? rs...)
Beijo, samurai!
PS. Tou com saudades de ti meu desejo... mas saudade muito além do que diz a letra. Ou muito além do que pode ser escrito. Talvez saudade de ser o seu desejo...
Oi Renato:
com mil diabos, macacos me mordam: o Perigo Amarelo voltou! Chamem os boinas verdes, ressuscitem John Wayne!
Mao, na tumba, deve estar gargalhando; a Grande Marcha ainda não terminou. O capitalismo é um tigre de papel. Terá chegado a hora do dragão asiático? Veremos...
Um abraço.
Nos anos 60, tive um professor meio que profético, que repetia sempre:
"O dia em que o dragão amarelo se levantar, o mundo vai mudar "
Professor Leandro Gouvea, falava de tudo, conhecia tudo, isto, na Fundação Getúlio Vargas, Rio, lá por 1969.
Ainda acho que isso acaba mal (para nós, os mortais, é claro)
E se eu quisesse roubar o economista da economia? Qual seria o ideograma?
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