terça-feira, 1 de junho de 2010

KALECKI: O homem que quase foi Keynes

Michal Kalecki foi um economista polonês, nascido em 1899, que apesar de nunca ter tido um diploma formal de graduação, ganhou o título de doutor “honoris causa” concedido pela Universidade de Varsóvia, somente em 1964, por conta do monstro que foi nas artes econômicas.

Contemporâneo de Keynes, com o qual compartilhava muitas idéias, inclusive chegando a estudarem juntos posteriormente em Cambridge, não teve nunca no mundo ocidental o reconhecimento deste, apesar de terem desenvolvido simultaneamente muitas das teorias que hoje devemos (somente) a Keynes, pois Kalecki escreveu suas obras entre 33 e 35, na Polônia (Keynes em 36), mas apenas em seu idioma natal, tendo a tradução das mesmas para o inglês muito tempo depois.

Não só por Kalecki sempre se encontrar um pouco mais a esquerda que o Lord, mais, sobretudo porque, além de um ser inglês e o outro polaco, Keynes tinha luz própria, era uma daquelas pessoas, que andam sempre com um séquito orbitando ao seu redor. Se fosse pugilista, seria Muhammad Ali, se fosse ator, seria Pacino, se fosse jogador, seria Pelé...

Kalecki após 10 anos na Inglaterra retorna a Polônia e é logo nomeado para cargo na ONU e vai para Nova York, talvez porque o governo polaco achar justamente o contrário, que suas idéias estavam à direita demais, assim era melhor mantê-lo longe.

Somente em 1955, de volta (novamente), integra um Conselho de Ministros, dedicando seu tempo ao estudo tanto das economias socialistas de então, como aos problemas das economias capitalistas, os ciclos econômicos e a distribuição de renda.

Nas nossas faculdades, de orientação neoclássica, que até mesmo torcem um pouco o nariz para Keynes, seria muito útil, se olhassem sem preconceito para as idéias desse polaco, um tanto marginalizado pelos filhos de Adam Smith...

(continua)

Um comentário:

Jens disse...

Pelo que percebo, já naquele tempo, mais do que as idéias (ou em pé de igualdade, talvez) o marketing pessoal determinava quem seria agraciado com o reconhecimento do establishment.

Abraço, Renato.