domingo, 18 de março de 2012

Blade Runner, Fetichismo do Capital e o Email de um Amigo

Meu amigo Caé enviou-me um email esta semana, em parte sobre suas aventuras no mundo do futebol, o qual reproduzo parte:

“Você já trabalhou no sertão com futebol? Você sabe a força do calor? O brilho intenso do sol conhece? Você já esteve com um grupo de atletas, membro de comissão técnica, roupeiros, massagistas, crianças dando um suporte, pegadores de bolas, já esteve nesse ambiente?
... Amigos, foi nisso tudo que pensei quando ao terminar o treino, cheguei até a pousada onde moro e me deliciei no banho de um bom chuveiro com água bem gelada, Que delicia! O simples fato de estar com saúde e trabalhando, me trouxe uma enorme felicidade, de estar Lá no treino com as pessoas que estive com os amigos que estou fazendo e com as novas experiências trocadas profissionais e humanas”

Seu texto me fez evocar muitas coisas. Lembrei do filme "Blade Runner" e seu final (para mim) inesquecível, quando ao salvar Deckard (o personagem de Harrisson Ford - o "tal" caçador de andróides) de cair do alto de um prédio, Roy (o andróide) fala calmamente como que se despedindo: "Eu vi coisas que vocês não acreditariam: Ataquei naves em chamas nas bordas de Orion, observei Raios-C brilharem na escuridão dos ares dos Portões de Tannhauser. Todos esses momentos se perderão no tempo como lágrimas na chuva...". Em seguida, abaixa a cabeça, morre e liberta para voar a pomba branca que está segurando. Claro que não lembrei ponto por ponto do texto e fui buscar ajuda no VOCÊTUBO.

Lembrou-me, porque assim como o personagem Roy, Caé está vivenciando coisas únicas e assim como suas outras experiências no futebol, tenho certeza, jamais esquecerá, assim como outros do ramo, que quando vemos na televisão falando de seus tempos idos, quase nos cegam com o brilho dos seus olhos, da mesma forma que você iluminou com suas palavras.

Hoje voltei a pensar em seu texto e lembrei-me do quanto nos lembramos de coisas boas e do quanto essas coisas boas aconteceram em sua maioria quando éramos jovens. Talvez porque quando jovens, tanto não temos mais nossos fantasmas de criança, como não temos ainda nossos fantasmas de adultos, que no fim nos fazem de escravos. Eu vou colocar de forma mais teórica: o fetichismo do capital (e completando a santíssima trindade, o dinheiro e a mercadoria) com seu mecanismo regulador das relações sociais.

Certa vez, já contei o motivo de ter ido estudar (e continuar estudando) economia, para me ajudar na compreensão do mundo em que vivemos. Pois esta compreensão é de forma abrangente e hoje entendi que meu amigo Caé, permanece a cada dia que passa, mais jovem, porque persegue um sonho e somente os jovens tem essa força, tanto em seu coração como em sua mente, porque ainda não sei, se os fantasmas não existem ou se é facultativo acreditar neles ou não, quando o poder atribuído pela mente-humana, ou melhor, pela sociedade, de maneira mágica, os transforma em reais e verdadeiros.

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