Na cena final do filme Exterminador do Futuro, o primeiro, no qual Arnoldão explodiu para a fama após Conan o Bárbaro, um menino mexicano fala para a mocinha Sarah Connor: “Uma tempestade se aproxima...”
No Titanic, quando este começou a afundar todos correram para a popa, mas acabaram também afundando, só que por último.
O sistema econômico mundial, a exemplo do Titanic, mostra sinais de que está fazendo água pela proa com a ameaça de estagflação da economia européia. Os investidores correm para as commodities no mercado futuro (dentre elas o petróleo) e para nichos de certa estabilidade, como se verifica hoje no Brasil, para salvaguarda de seus papeis, ou como sempre, o “porto seguro” da moeda americana.
Os mecanismos de troca entre os componentes do sistema têm como base a existência de uma bolha financeira mantida sob pressão ao tempo em que os mercados em expansão proporcionam lucros aos investidores que os reinjetam na bolha. Quando ocorrer retração ao invés de crescimento, a pressão desaparecerá, os mecanismos de troca espatifarão e todo o sistema virá abaixo. Bom lembrar que, como aconteceu no famoso naufrágio, não haverá bote para todos e os que correram para a popa, também acabaram afundando, só que por último.
E por que há retração? Quando o crescimento do endividamento for superior ao crescimento da renda. É notório que o crescimento mundial, tem se dado à custa de crédito e mais crédito, não que isso seja ruim em si, o papel dos bancos, intermediando poupadores e tomadores já foi por demais explorado e explicado, mas a alavancagem dos mesmos, é que necessita de maior observação, no mínimo, e principalmente o papel desempenhado pelos derivativos, não como instrumento de hedge, mas sim como principais atores no drama das especulações.
Olhando para nosso umbigo: Nosso país vem de longa data se sustentando em parte (ou sendo sustentado), a base de rentistas e especuladores internacionais (e nacionais) que apostam em todo tipo de carry trade, na prática, é a situação de captar em países com taxas de juros baixas (por exemplo, o Japão) e aplicar em moedas (ou fundos) de países com taxas de juros altas (nosso caso). Com a tentativa de mudança de paradigma em relação as nossas taxas internas, são vários os cenários que podem ser pintados, desde os positivos, como a obrigatoriedade de investimentos em produção, a fim de manter as atuais taxas de retorno, como as sombrias, com fuga de capitais, quando as empresas (e pessoas) começam a se preocupar mais com o retorno do seu capital do que com o retorno sobre o mesmo (capital).
Enquadramo-nos dentro dos emergentes e desde a década de noventa, são os que mais têm contribuído para o crescimento global, porém até mesmo a China, o principal motor, já mostra se não sinais de cansaço, sinais de que necessita ser realimentado, ou seja, seu enorme consumo interno não será suficiente frente ao seu enorme poder de produção e conseqüentemente ofertar. Assim, caímos na velha lei, de que necessitamos de demanda, para atender a oferta e no caso do Brasil não será diferente, quando talvez o processo de desvalorização de nossa moeda não faça frente a nossa necessidade de exportar, similar a chinesa, que controla o Yuan com pulso firme.
São muitas variáveis, sejam estruturais ou conjunturais que precisamos, tanto aceitar como enfrentar e no fim das contas, resolver, não buscar mais vantagens comparativas (ou se preferir o termo de Prebish, cair nas desvantagens reiterativas), mas sim buscar vantagens competitivas, segundo Belluzo em artigo no Le Monde Brasil de 03/06/2012:
No Titanic, quando este começou a afundar todos correram para a popa, mas acabaram também afundando, só que por último.
O sistema econômico mundial, a exemplo do Titanic, mostra sinais de que está fazendo água pela proa com a ameaça de estagflação da economia européia. Os investidores correm para as commodities no mercado futuro (dentre elas o petróleo) e para nichos de certa estabilidade, como se verifica hoje no Brasil, para salvaguarda de seus papeis, ou como sempre, o “porto seguro” da moeda americana.
Os mecanismos de troca entre os componentes do sistema têm como base a existência de uma bolha financeira mantida sob pressão ao tempo em que os mercados em expansão proporcionam lucros aos investidores que os reinjetam na bolha. Quando ocorrer retração ao invés de crescimento, a pressão desaparecerá, os mecanismos de troca espatifarão e todo o sistema virá abaixo. Bom lembrar que, como aconteceu no famoso naufrágio, não haverá bote para todos e os que correram para a popa, também acabaram afundando, só que por último.
E por que há retração? Quando o crescimento do endividamento for superior ao crescimento da renda. É notório que o crescimento mundial, tem se dado à custa de crédito e mais crédito, não que isso seja ruim em si, o papel dos bancos, intermediando poupadores e tomadores já foi por demais explorado e explicado, mas a alavancagem dos mesmos, é que necessita de maior observação, no mínimo, e principalmente o papel desempenhado pelos derivativos, não como instrumento de hedge, mas sim como principais atores no drama das especulações.
Olhando para nosso umbigo: Nosso país vem de longa data se sustentando em parte (ou sendo sustentado), a base de rentistas e especuladores internacionais (e nacionais) que apostam em todo tipo de carry trade, na prática, é a situação de captar em países com taxas de juros baixas (por exemplo, o Japão) e aplicar em moedas (ou fundos) de países com taxas de juros altas (nosso caso). Com a tentativa de mudança de paradigma em relação as nossas taxas internas, são vários os cenários que podem ser pintados, desde os positivos, como a obrigatoriedade de investimentos em produção, a fim de manter as atuais taxas de retorno, como as sombrias, com fuga de capitais, quando as empresas (e pessoas) começam a se preocupar mais com o retorno do seu capital do que com o retorno sobre o mesmo (capital).
Enquadramo-nos dentro dos emergentes e desde a década de noventa, são os que mais têm contribuído para o crescimento global, porém até mesmo a China, o principal motor, já mostra se não sinais de cansaço, sinais de que necessita ser realimentado, ou seja, seu enorme consumo interno não será suficiente frente ao seu enorme poder de produção e conseqüentemente ofertar. Assim, caímos na velha lei, de que necessitamos de demanda, para atender a oferta e no caso do Brasil não será diferente, quando talvez o processo de desvalorização de nossa moeda não faça frente a nossa necessidade de exportar, similar a chinesa, que controla o Yuan com pulso firme.
São muitas variáveis, sejam estruturais ou conjunturais que precisamos, tanto aceitar como enfrentar e no fim das contas, resolver, não buscar mais vantagens comparativas (ou se preferir o termo de Prebish, cair nas desvantagens reiterativas), mas sim buscar vantagens competitivas, segundo Belluzo em artigo no Le Monde Brasil de 03/06/2012:
(...) a construção de vantagens competitivas e dinâmicas nas economias em desenvolvimento exige capacidade para sustentar taxas elevadas de investimento – tanto público quanto privado – e, ao mesmo tempo, competência para contornar as restrições de balanço de pagamentos. Isso requer a manutenção de saldos em conta corrente, reservas elevadas e equilíbrio entre a gestão fiscal e a política monetária.
O início do processo de Globalização remonta há muito tempo atrás, porém, dois marcos considero de suma importância, tanto a organização da haute finance (termo do economista Karl Polanyi no livro “A grande transformação: As origens da nossa época”) no final do século dezenove e na ótica de George Soros, o mega especulador em seu bom livro “A crise do capitalismo: As ameaças aos valores democráticos – As soluções para o capitalismo global”: a desintegração da União Soviética, criando um vazio no poder do estado e o desequilíbrio no jogo de poder mundial. A ex-URSS acabou sendo o primeiro estado/nação disponível para os tentáculos do capital internacional, após os anos das colonizações, quando os países desenvolvidos literalmente guerrearam por causa de territórios a serem explorados, vide a Primeira Grande Guerra.
Com o fim dos países comunistas na Europa (principalmente: Alemanha Oriental e URSS) foi possível discernir a presença de um novo sistema econômico global, onde não tínhamos mais apenas o livre comércio de bens e serviços, mas também o livre movimento de capitais.
Este livre trânsito de capitais, com sua origem apontada por Polayni e a movimentação por Soros, apesar de sua natureza não-territorial, o sistema possui efetivamente, um centro e uma periferia.
Assim, cabe uma pergunta reflexiva: quem é o responsável pelo sistema financeiro internacional?
Não existe um Estado, apesar da supremacia americana. Existe muita cooperação, principalmente na época de bonança, mas as autoridades financeiras e monetárias, que controlam as regras do jogo, não demonstram tanta boa vontade quando o ciclo muda e principalmente, não existe um banco central regulador mundial, com força comparável as instituições nacionais (de cada país).
As nações se mostram pouco inclinadas em abrir mão da sua soberania, quando dinheiro e crédito estão intimamente relacionados com as questões desta soberania e vantagens competitivas.
Assim, qualquer construção mundial, seja Mercosul, União Européia, G-20, implicará na cessão de parte da soberania de cada Estado em benefício do conjunto. Quem estará disposto a ceder? Estarão os gregos (por exemplo) dispostos a mudar sua configuração tributária para legislação similar a alemã? Ou os alemães pagarão de bom grado o déficit de contas correntes grego, causado pelo anseio da moeda única de dez anos atrás?
Voltemos ao final do exterminador. O filme é muito bom, não canso de revê-lo ou ele não cansa de passar na televisão? Assim como o capitalismo, também é bom ou somos forçados a acreditar? Enfim, é graças ao fluxo constante do capital que adquirimos nosso pão de cada dia, mas se realizarmos uma metáfora deste fluxo, como nosso próprio fluxo sanguíneo, na falta deste morremos e em excesso idem, assim, se os capitalistas estão constantemente (re) produzindo seus excedentes na forma de lucro, naturalmente serão forçados a (re) capitalizar e investir uma parte deste excedente em novas e mais novas expansões. Mas até quando haverão rotas de saída? Não existem novas fronteiras ou países a serem colonizados, mas sim um “todo”, desde que passou a haver maior facilidade para o capital-dinheiro líquido vaguear pelo mundo afora.
Existem fatores por demais complexos, não só no campo econômico, pois envolvem também variáveis culturais e sociais na balança. Porém, a globalização, para o bem ou para o mal, representa a atual face do capitalismo e da democracia, com um difícil divórcio entre o sistema político e econômico.
O dito de que crises não são falhas do sistema (capitalista), mas sim a forma pelo qual ele funciona, cada vez se mostra mais verdadeiro.
A preocupação ecológica com o derretimento das geleiras é válida e necessária, mas voltará à hora de nos preocuparmos (e tão dificilmente nos solidarizarmos) com o derretimento de nossos ativos.
O grande navio não enxergou o iceberg (somente vendo a ponta) e o andróide vilão parecia nunca morrer...
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