sábado, 25 de julho de 2009

Por que o ciclo do café não gerou riquezas para o Brasil?

Paulo Leminski, poeta paranaense, tem uma bela poesia (ou hai-kai?) onde ele diz que não erra uma vez, duas ou três, erra quatro, cinco e seis, até o erro aprender que ele também tem vez, desculpando-me pela não apresentação na "forma" poética, mas pela idéia em si, da repetição do erro, assim sem a desculpa da crise de 29, que de alguma forma (e muito) afetaria, mas houve a repetição de erros, que contrário ao que o poeta diz (acho) fazer bem, como aprendizado, porém em economia o preço pago pelo excesso de erros, como a descabida corrida por áreas de plantio, endividamento por descontrole de caixa e desequilíbrio por desconhecimento de demanda, leva ao empobrecimento e ao subdesenvolvimento. Isso sem contar a submissão a determinados interesses internacionais, onde pouco houve de transferência de renda proveniente da lavoura para a indústria e quando aconteceu, não por motivação própria de crescimento e sim "empurrada" por fatores externos.
Não foi fomentado um setor de bens de capitais (máquinas e equipamentos) que livrasse o país da dependência das importações e criasse as bases internas capazes de, por si só, assegurar a reprodução do capitalismo no Brasil – este não se desenvolveu, nos deixando a sina de país agrícola.
O crescimento econômico, do início do período cafeeiro, onde temos as seguintes informações: "É suficiente dizer que, em 1906, São Paulo respondia por 40% das exportações brasileiras, realizando, no entanto, apenas 19% das importações", " (...)em 1907 de 30 espécies de artigos manufaturados, de grande consumo, a nossa indústria já supria 78% das necessidades nacionais, figurando apenas a importação com 22%" e informações (positivas) do ensaio de Antonio Barros de Castro, sobre o Censo de 1907, vemos a relação café-indústria de forma imensamente proveitosa tanto para um, como para outro e assim para o país como um todo.
Deste "início" promissor, passamos para o seguinte quadro: "De 1920 a 1928, enquanto as exportações totais cresceram 8,5%, as importações se elevaram em 71,9%."
Assim, apesar do crescimento econômico registrado após 1860, o montante de empréstimos contraídos no exterior não diminuiu. Até 1861, os empréstimos destinavam-se a cobrir o déficit da balança comercial e a efetuar o pagamento de dívidas contraídas no período de primeira crise. A partir de 1861, o saldo da balança comercial passou a cobrir quase exclusivamente o pagamento dos antigos empréstimos. Os recursos para investimentos internos, necessários ao maior desenvolvimento da economia, tiveram então de ser buscados no exterior, dificultando a acumulação de capital no país, criação de poupança interna além de contribuir para a elevação cambial e, portanto, desvalorização progressiva, embora lenta, da moeda nacional.
Os mecanismos que geraram o crescimento pós-crises estavam nitidamente ancorados em um regime cambial e monetário que não suportaria uma crise internacional, dada a dependência deste mecanismo quase que absoluta do fluxo de capital externo e do comportamento das exportações.
Quando a ameaça de uma grande guerra sobreveio, o Brasil se imaginava forte e sadio, mas um câncer econômico o devorava as entranhas, com a depressão americana, não sobrou tempo, se espalhando feito rastilho de pólvora mundo afora e os Estados Unidos, já assumindo a hegemonia capitalista, tombado pela "bolha", o castelo de cartas erguido a custa desta dependência e fragilidade, talvez inocência econômica, ruiu.
Carlos Heitor Cony, no final de seu romance Pilatos (Civ. Brasileira, 1975), escreveu: " (...) eles não estão felizes, são somente mal informados."

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Mulheres - Palimpnóia

O excelente Blog Papimpnóia está terminando, então reproduzo texto que mui feliz publiquei entre estas feras, nos idos de fevereiro...
Mulheres

Determinados convites são irrecusáveis, soam como elogio, tal qual o Chico me convidar para bater uma bolinha com a turma do Polyteama. Significa que além de ser medianamente boleiro, seria também bom copo e companhia. Assim o convite para um texto no Palimpnóia, afagou o ego, saber que escrevo acima da média de milhões de brasileiros analfabetos funcionais não é vantagem, mas participar deste tour blogueiro, sim, é uma festa.
Porém, e a vida sempre os tem, o tema não seria nada fácil: Mulheres. Não imagino porque pensaram em mim para tal tema, ou pensaram no tema e pensaram em mim? Se fosse para falar de economia e a tão em voga crise, entenderia, mas mulheres? Por que eu? Seria por conta das últimas postagens? Um poema bocagiano, depois uma revelação de meus manuscritos secretos, como melhorar a virilidade e finalmente, uma comparação da crise atual, com uma suruba (literalmente)?
O fato é que estando nesta semana de Carnaval, esticado nas areias de Búzios, sorvendo em doses homeopáticas várias caipiuvas de vodka, fico pasmo de como a espécie feminina consegue ser tão bela. È um ir e vir de maravilhosas pernas, seios e bundas, num desfilar cadenciado, junto ao bater das leves ondas, que me inebria mais que as doses que tomo e aí vem este convite, me pedindo justamente para falar de mulheres...
Não seria justo com elas, pareceria um chauvinista, obcecado por sexo e mais sexo. Injusto com as mulheres inteligentíssimas que conheço, com as outras, bondosas tal qual Madre Teresa de Calcutá, com as de liderança inquestionável e irrefutável, com as que fazem do ofício de mãe, algo tão natural, que parecem que cresceram para o serem. Para as mulheres, que enfim, são exemplos, não só de mulher, mas de ser humano.
Porém, e a vida não deixa de ter, aqui na praia de Geribá, só consigo lembrar de C. e seu maravilhoso oral, sugando todo o meu leite, tempos depois só igualado pela M. irmã da M. que mesmo amiga de minha namorada, após uma carona fez o mesmo, deliciosamente. Lembro de outra C. que mesmo grávida (não de mim), pediu que eu a fudesse, pois o marido não estava querendo nada com ela, estando cheio de pudores com sua gravidez, babaca, achava que mãe não era mulher e como ela gemeu gostoso, quando eu entrei...
Assim é vida, desculpem se não consigo escrever bem sobre mulheres, talvez sejam tantas doses me deixando acima do nível do mar, mas dou como desculpa, o pouco tempo dado, para falar de algo que merece todo o tempo do mundo.

domingo, 12 de julho de 2009

Marx, Mais-Valia e a Crise, com uma pequena refutação Liberal

“Economia é o único campo no qual duas pessoas podem dividir um Prêmio Nobel, dizendo coisas opostas (Hayek e Myrdal em 1974)”

Assim como as religiões, as teorias econômicas são uma espécie de frutos de uma mesma árvore, se buscarmos lá atrás, haverá pontos semelhantes entre os clássicos, keynesianos, marxistas, austríacos, liberais, turma de Chicago, monetaristas, bulhonistas, desenvolvimentistas, estruturalistas, “pós” isto, “neo” aquilo e por aí vai.
Como uma infinidade de correntes, por certo, todas atreladas a determinado ponto de vista ideológico. Mas inexoravelmente, a melhor razão para estudar economia, é podermos falar de dinheiro mesmo não tendo nenhum.
A senhorita Crise, ainda vai dar trabalho e como sei que esta não foi sua primeira (crise), acredito também que não será a última (apesar do tio Karl esperar ansioso por esta), pois o sistema permanece em eterno desenvolvimento, sendo submetido a constante tensão, necessária esta (tensão) a manutenção de sua “força-destrutiva-criadora”. Mas cabe a pergunta: Necessitamos de direção ou liberdade?
Talvez Marx tivesse uma visão pessimista, por sua vida ser razoavelmente uma merda e engana-se quem acredita que ele inventou a “teoria do valor-trabalho”, esta foi exposta muito tempo antes por Smith e Ricardo e outro alemão, Rodbertus corroborou, dizendo “todos os bens, economicamente considerados, são apenas o produto do trabalho, e só custam trabalho”, p-o-r-é-m afirma que na estrutura social, os trabalhadores recebem somente parte do valor de seu produto, em forma de salário, enquanto os donos do capital, recebem todo o resto em forma de renda, assim segundo “Rod”, toda renda é fruto de exploração. Como o ditado italiano, que todos os dias, o bobo e o esperto saem para “trabalhar”, então se encontram e realizam “um negócio”...
O tio Karl lapidou estas idéias e chamou de “mais-valia”, esta fração de trabalho não pago, mas a pergunta que não se cala: por que acontece isso? Simples, o capitalista monopoliza os meios de produção, possuindo as máquinas e equipamentos.
Mas estes (donos do capital) também competem entre si, por maior acumulação e pela forma de melhor expandir sua produção e a priori, na época de Marx, pela força de trabalho, assim, existindo maior procura do que oferta, os salários tendem a subir, em conseqüência, a mais-valia tende a diminuir. A taxa de lucro entra em uma espiral descendente, empresas menores quebram, ocorre desemprego, daí excesso de estoque, a produção não casa mais com o consumo, então, surge à crise (lembre-se, na ótica de Marx).
Mas a crise não é o fim do sistema, mas parte dele: Os trabalhadores sem emprego são forçados a aceitar trabalho com salários aviltados, como há equipamentos “sobrando”, os capitalistas podem comprá-los por preços abaixo do seu valor, ou seja, depois de algum tempo, reaparece a mais valia.
A crise renova a capacidade de expansão do sistema, sendo a forma pelo qual ele funciona, não o modo pelo qual falha.
Esta propensão para crises foi uma previsão audaciosa de Marx – chamando de “ciclos econômicos”. Lembremos que em 1867, quando O Capital apareceu, grandes empresas eram exceções e não regra.
Por fim, Marx acreditava que haveria esta dita “crise final”, com um inevitável conflito entre as classes envolvidas: proletariado e capitalistas.
Interrompendo, nesse momento, chega o tio Liberal, irmão da D. Liberal, cunhado do Sr. Monetarista e refuta:
- Mas Karl! O capitalismo provou ao longo dos anos ser uma estrutura econômica de irrefutável adaptação, com distribuição de renda, programas estatais, de saúde pública, vide o Brasil, com o seu “Bolsa-Família”. Sei que na sua época, nada disso existia e como a princípio reduzem o lucro do capitalista, você não os imaginou possíveis.
Além disso, esta tese do “valor-trabalho”, usada desde vovô Smith, está um tanto ultrapassada, não?
O valor de alguma coisa depende de sua utilidade para a satisfação de um propósito de uma determinada pessoa, assim os preços, refletem puramente a interação entre ofertantes e demandantes. Você inverteu as coisas, não sendo o trabalho ou de modo geral, o custo de produção que determina o valor e o preço. É justamente o contrário: o preço projetado determina o custo de produção.
Há que considerar a influência do TEMPO no processo produtivo, Gil já cantou: “Tempo-rei! Oh! Tempo-rei...”
A produção demanda tempo, do início até a venda do produto há uma demora, sem falar no RISCO do produto não ser vendido.
Assim os trabalhadores recebem sua parte, sem partilhar os riscos, dito de outra forma, eles preferem bens presentes a bens futuros, mas os bens presentes sofrem um DESCONTO, recebendo menos agora do que receberiam no futuro, livres de risco, assumido pelo empresário e pelos poupadores que lhe outorgaram seus recursos – Este desconto se chama: juro.
Marx rebate:
- Tentar demonstrar que nesta sua economia de mercado não existe mais valia nem exploração, não é o mesmo que dizer que exploração não existe...Alguém em sã consciência pode afirmar isso? Quando damos algo em troca de nada ou pouco, qual o nome que damos?
(continua...)
Desenho Rafael Sica

domingo, 5 de julho de 2009

A Filha (em) Crise, seu pai Sr. Monetarista e sua mãe, uma “dama” (neo) Liberal

“A Primeira Lei dos Economistas: para cada economista, existe um economista igual e oposto. A Segunda Lei dos Economistas: ambos estão errados”.

Achei que fosse ficar um bom tempo sem falar de crise, após a última postagem sobre a mesma, dois meses atrás, mas como volta e meia em meu círculo de confrades (cachaceiros no bar), vejo dúvidas quanto a real causa da mesma, volto ao tema.
Claro que todos já escutaram pelo menos uma vez, sobre a tal das subprimes, mas podemos imputá-las a culpa? Acredito que as ditas foram apenas à gota d’água, num copo já cheio, ou melhor, conforme extremamente bem explicado pelo monstro da economia Minsky, a instabilidade financeira é algo inerente à estrutura capitalista, sem maiores delongas de economês, há um interesse mútuo, de emprestadores e tomadores, gerando uma expansão do crédito, que foge a regulação das centenas de bancos centrais (ou espremem estes a políticas restritivas), por conta das inovações introduzidas (pelos agentes financeiros) justamente com este objetivo (CDB’s, swaps cambiais, derivativos, securitização, etc.), havendo então criação endógena da moeda.
Onde entra o pai Monetarista então? Monetarismo é a corrente de pensamento que se apóia na chamada Teoria Quantitativa da Moeda, respaldo do mainstream econômico e que conduz a maioria das políticas monetárias, políticas estas, fomentadoras ou sancionadoras de uma ambiente de financeirização, onde o Estado acaba ficando subordinado ao mercado e perdendo autonomia em conhecido conluio com a mãe, neoliberal, que objetiva um Estado cada vez menor, condena o excesso de gastos do mesmo em relação à tributação, que no caso gera endividamento público e segundo eles emissão monetária com conseqüente inflação. Mas se tivermos uma visão crítica, o controle dos gastos privados e subvenção do Estado via taxas de juros não serão responsáveis por queda no crescimento e desemprego, como vemos há anos?
Voltando a Minsky, o mesmo afirmava que o sistema financeiro capitalista era um contínuo viver na beira de um penhasco, que bastaria uma leve instabilidade para tudo ir por água abaixo. Ele construiu sua hipótese (muito apropriada) para o caso de uma economia ser aprisionada em excessivo endividamento, onde intermediários financeiros captam a prazo curto e emprestam a prazo longo, assim tendo seu ganho (o spread bancário), porém, a fragilidade surge dessa operação, pois os retornos dos ativos são incertos, enquanto os pagamentos dos passivos contratados são certíssimos.
Desta forma, na economia de endividamento de Misnky, um dos agentes quebrando o contrato (no bom português: dando o calote), levaria a roldão todos os outros interligados a ele. É o que na televisão, os comentaristas econômicos chamam de risco sistêmico.
O assunto é longo, existem alternativas a Teoria Quantitativa, Misnky merece livros e mais livros, eteceteretal, mas como disse Machado de Assis, Deus desgostoso de sua obra, passou a mesma ao diabo pelo custo e o mesmo organizou uma sociedade anônima...
(Continua)
Desenho de Frank Miller, HQ 300

terça-feira, 30 de junho de 2009

"Eu vou bater em minha mulher até ficar satisfeito..."



Me and The Devil Blues (tradução livre)
Robert Johnson

"Hoje de manhã cedo quando você bateu na minha porta
E eu disse "Olá, Satan, acho que é hora de ir"
Eu e o demônio andávamos lado a lado
Eu vou bater em minha mulher até ficar satisfeito
Ela diz que não sabe porque aquilo
Vou tratar ela como um cachorro
Deve ser aquele velho demônio tão enterrado no chão
Você pode enterrar meu cadáver na beira da estrada
Então meu velho demônio pode pegar um ônibus e dirigir"

Filho de lavradores, Robert Leroy segundo alguns e Robert Lee por outros (Johnson era apenas um nome artístico-ou não?), nasceu (?) em 1911 no Mississipi, trabalhou, ou melhor, foi explorado nos campos de algodão americanos até os 16 anos, me lembrando as palavras do economista-filósofo Rodbertus (1805-1875): "Originalmente, foi a escravidão...Quando toda a terra se tornou propriedade privada, todo o capital passou aos particulares...assim, em lugar do dono de escravos, surgiu o contrato entre trabalhadores e empregadores...quase sempre a fome substitui a chibata e o que era chamado ração dos escravos agora se chama salário".
Resolveu então ganhar o mundo, tocando seu rústico violão, viajando e se apresentando em qualquer lugar que pudesse, a saber: puteiros e inferninhos.
Tocava mediocremente, mas preferia esta vida livre a sua outra, até que uma noite, quando esperava solitário um ônibus, numa encruzilhada, surgiu um homem que mudaria sua vida, este perguntou se ele era músico, tendo o sim como resposta, mais uma vez quis saber:
- Você gostaria de tocar como nenhum outro jamais tocou?
Robert fez que sim com a cabeça, talvez por não saber a pergunta, a resposta ou se teria algum preço. Talvez simplesmente, por estar bêbado demais, encharcado de Jake (uma bebida feita do extrato de um gengibre jamaicano, com um teor altíssimo de álcool etílico (de 70 a 85 %) e que era comercializado no início do século XX como um tônico medicinal para todo tipo de doença, o que evitava sua proibição pelas leis americanas, além de ser muito mais barato que o whisky...).
O tal homem pediu o violão de Robert, mexeu nas cravelhas de afinação e o devolveu:
- Seu ônibus está chegando, vai...que você nunca mais irá precisar afinar sua "guitarra"...
O fato (?) é que quem o viu tocar um mês antes, não acreditava na sua evolução como músico, o instrumento afinado um tom abaixo, deixando as cordas mais soltas, riffs mais elaborados e maior ênfase no uso das cordas graves para criar um ritmo regular.
Em 1936, Robert gravou em somente 5 dias, todas as suas músicas conhecidas (e que mudariam o blues). Aos 27 anos, dois anos depois, partiu desta, de forma incerta, uns contam que foi um marido ciumento (raça desgraçada esta) que o envenenou, outros uma amante, alguns que foi um tiro no abdome, sangrando lentamente por três dias. Também existem versões de morte por espancamento e apunhalamento...

domingo, 21 de junho de 2009

Igrejas Evangélicas – Propaganda e Excedente do Consumidor

Loba disse...
Pela lógica da tese cética de que tudo tem seu preço, a fé é bem cara, né?Pensando aqui: quem vai pra igreja com a carteira cheia não estará, inconscientemente, querendo comprar o céu? O que mais se compra com o dinheiro que se leva?

Cherry disse...
Renato...Eu trabalho num lugar infestado (rs) de evangélicos... O q mais me irrita é o fato deles se acharem superiores ao resto (resto?) da humanidade. E são tão humanos, cheios de defeitos, qtos os demais mortais. Essa coisa deles apontarem o dedo e gritarem: Pecador, já pro inferno!" sabe? Enfim...Mais religião cada um tem a sua, né?Beijos!
Com toda certeza, as igrejas conhecidas por evangélicas, possuem algum tipo de mensuração, para avaliar a arrecadação das mesmas, versus seu tempo de televisão, isto sem contabilizar a otimização do mesmo tempo, via aquisição direta de canais, eliminando assim a intermediação. Quanto mais tempos os pastores tem na telinha, diretamente proporcional, deve crescer o rebanho e a contribuição deste, ou seja, o produto é vendido e comprado. Este tempo televisivo, seria a propaganda, medida em sua eficiência por um coeficiente chamado "elasticidade de propaganda", em bom português, o quanto a propaganda influencia (ou não) o aumento do consumo.
Um breve parêntese de economes: Mas por que nem todas as empresas investem em propaganda? Uma empresa perfeitamente competitiva não tem razões para investir, porque adota o "preço de mercado", como premissa para vender o que produz, por essa razão, produtores de milho, soja, etc., não fazem propaganda.
Pulando demais informações matemáticas (porém, academicamente fundamentais), a dificuldade na aplicação de "regras para propaganda", está justamente na disponibilidade de informações sobre esta "elasticidade de propaganda" citada. Intuitivamente, porém, até os que não sentaram nos bancos escolares da economia, podem perceber que qualquer empresa deve investir (muito) em propaganda quando a demanda for muito sensível a propaganda ou a demanda não é muito preço-elástica, calma, vamos lá, no caso de alguns produtos, a publicidade amplia o mercado, atraindo uma grande gama de consumidores, se a propaganda puder ajudar a vender mais, ela provavelmente justificará seu custo, obviamente atrelado este vender mais a sua receita marginal.
Uma estratégia de preços tem por objetivo ampliar a base de clientes para os quais a empresa pode vender e captar o máximo possível de excedente do consumidor. Existem diversas formas de se atingir estes objetivos e eles normalmente envolvem a determinação de diversos preços.
Por definição, excedente do consumidor é a diferença entre o preço que um consumidor estaria disposto a pagar por uma mercadoria e o preço que realmente paga ao adquirir a mercadoria. O comerciante tem por objetivo, "capturar" este excedente para si, e não deixando este "excesso" para o próprio consumidor. Tome por exemplo a venda de um carro, que custa em média 20 mil (preço de mercado), o consumidor estaria disposto a pagar por ele até 21,5 mil, porém se o vendedor, com base em seus argumentos, consegue vender este carro por 23 mil, conseguiu para si um excedente do consumidor de 1,5 mil, por outro lado, se o comprador se mostra um bom negociante e consegue reduzir o preço final para 19,5, este sim, conseguiu um excedente de consumidor de 2 mil. Fecha parêntese.
Nas igrejas evangélicas ocorre o mesmo, vide um culto (entre tantos iguais) que me foi relatado: Um pastor pergunta quem teria 10,00 para "dar", com parte da audiência dando este valor, em seguida ele questiona quem tem realmente Deus no coração e teria 50,00 para "contribuir" em nome "do senhor", após a colheita, volta a carga e quer saber quem deseja "Jesus ao seu lado", devendo assim "entregar a carteira aos irmãos" (que estão na colheita), assim acontecendo, vemos que o pastor está praticando simplesmente microeconomia, capturando o excedente do consumidor, pois quantos fiéis foram dispostos naquele dia, a contribuírem somente com 10,00 e acabaram deixando todo o seu dinheiro? Finalmente, o pastor perguntou quem tinha talão de cheques e que verdadeiramente a fé seria provada, deixando um cheque pré-datado para o dia do pagamento...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O fim do dólar

"O economista americano Joseph Stiglitz, vencedor do Premio Nobel de 2001, pediu ontem na sede da ONU em Nova York a substituição do dólar como moeda corrente em transações internacionais ..." (O Globo, 27/03/2009)

Nem sempre o dólar foi a moeda padrão de conversibilidade do mundo. Começou (ou melhor, foi ratificado) no fim da 2ª Grande Guerra, em 1944, no vilarejo de Bretton Woods, nas montanhas de New Hampshire, no nordeste dos EUA. Mas será para sempre?
E se os chineses quisessem desafiar o dólar?
O endividamento crescente dos EUA acabou por transformar a China em seu maior credor e falamos em US$ 2 trilhões em reservas do tesouro americano! Cabe bem a analogia do economista Jório Dauster (ex-presidente da Vale), quando compara a China com a formiguinha da fábula de La Fontaine e os EUA com a cigarra...
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Parêntese de economês. Qualquer transação de comércio internacional envolve o dólar, é o que em economia chamamos de Paridade do Poder de Compra, assim, tem-se o real valor de uma moeda em relação ao dólar, levando em conta não só a (des) valorização, como os reajustes internos dos preços (inflação) de cada país. Pois que numa transação entre o Brasil e a China, necessariamente será considerado tanto a taxa de câmbio do real em relação ao dólar, como a taxa de câmbio do yuan (a moeda chinesa) em relação também ao dólar. Tem-se uma regrinha simples, se x reais valem 1 dólar e y yuens valem 1 dólar, então x = y. Fecha parêntese de economês.
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Novamente: E se os chineses, tão decantados como nova potência mundial, quisessem colocar o yuan em competição com o dólar? Vamos aos fatos:
No mês passado, o governo chinês concluiu uma série de swaps cambiais – fornecendo yuans para outros bancos centrais para uso em transações comerciais com a China – com a Argentina, Hong Kong, Malásia e outros países. Isso remove (teoricamente) qualquer necessidade destes parceiros comerciais a usarem o dólar como moeda intermediária nos negócios com a China;
As reservas cambiais chinesas, em títulos do tesouro americano, que tinham vencimento de longo prazo, começam a ter suas posições transferidas para vencimentos mais curtos, com prazo de um ano ou menos, assim os chineses começam a expor menos seus ativos dolarizados;
Em março o inflexível presidente do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, sugeriu substituir o dólar, como moeda de reserva internacional, por uma cesta de moedas supervisionada pelo FMI.
Porém, se a China tem intenção em transformar o yuan em moeda conversível, teria que aceitar o valor ditado pelo mercado, com investidores, operadores de câmbio e todas as partes do mundo comprando e vendendo sua moeda (e sua divisa), algo hoje inconcebível (acho), pelo regime chinês, que conduz com mãodeferro seu sistema financeiro.
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Não há como saber o que o futuro reserva, somente podemos usar as informações disponíveis e tomar a melhor decisão possível (ou fazer a melhor previsão, no caso de uma analista de cenário), mas temos aquela história já batida, em que o ideograma chinês para crise, significa o mesmo que oportunidade...