“Economia é o único campo no qual duas pessoas podem dividir um Prêmio Nobel, dizendo coisas opostas (Hayek e Myrdal em 1974)”
Assim como as religiões, as teorias econômicas são uma espécie de frutos de uma mesma árvore, se buscarmos lá atrás, haverá pontos semelhantes entre os clássicos, keynesianos, marxistas, austríacos, liberais, turma de Chicago, monetaristas, bulhonistas, desenvolvimentistas, estruturalistas, “pós” isto, “neo” aquilo e por aí vai.
Como uma infinidade de correntes, por certo, todas atreladas a determinado ponto de vista ideológico. Mas inexoravelmente, a melhor razão para estudar economia, é podermos falar de dinheiro mesmo não tendo nenhum.
A senhorita Crise, ainda vai dar trabalho e como sei que esta não foi sua primeira (crise), acredito também que não será a última (apesar do tio Karl esperar ansioso por esta), pois o sistema permanece em eterno desenvolvimento, sendo submetido a constante tensão, necessária esta (tensão) a manutenção de sua “força-destrutiva-criadora”. Mas cabe a pergunta: Necessitamos de direção ou liberdade?
Talvez Marx tivesse uma visão pessimista, por sua vida ser razoavelmente uma merda e engana-se quem acredita que ele inventou a “teoria do valor-trabalho”, esta foi exposta muito tempo antes por Smith e Ricardo e outro alemão, Rodbertus corroborou, dizendo “todos os bens, economicamente considerados, são apenas o produto do trabalho, e só custam trabalho”, p-o-r-é-m afirma que na estrutura social, os trabalhadores recebem somente parte do valor de seu produto, em forma de salário, enquanto os donos do capital, recebem todo o resto em forma de renda, assim segundo “Rod”, toda renda é fruto de exploração. Como o ditado italiano, que todos os dias, o bobo e o esperto saem para “trabalhar”, então se encontram e realizam “um negócio”...
O tio Karl lapidou estas idéias e chamou de “mais-valia”, esta fração de trabalho não pago, mas a pergunta que não se cala: por que acontece isso? Simples, o capitalista monopoliza os meios de produção, possuindo as máquinas e equipamentos.
Mas estes (donos do capital) também competem entre si, por maior acumulação e pela forma de melhor expandir sua produção e a priori, na época de Marx, pela força de trabalho, assim, existindo maior procura do que oferta, os salários tendem a subir, em conseqüência, a mais-valia tende a diminuir. A taxa de lucro entra em uma espiral descendente, empresas menores quebram, ocorre desemprego, daí excesso de estoque, a produção não casa mais com o consumo, então, surge à crise (lembre-se, na ótica de Marx).
Mas a crise não é o fim do sistema, mas parte dele: Os trabalhadores sem emprego são forçados a aceitar trabalho com salários aviltados, como há equipamentos “sobrando”, os capitalistas podem comprá-los por preços abaixo do seu valor, ou seja, depois de algum tempo, reaparece a mais valia.
A crise renova a capacidade de expansão do sistema, sendo a forma pelo qual ele funciona, não o modo pelo qual falha.
Esta propensão para crises foi uma previsão audaciosa de Marx – chamando de “ciclos econômicos”. Lembremos que em 1867, quando O Capital apareceu, grandes empresas eram exceções e não regra.
Por fim, Marx acreditava que haveria esta dita “crise final”, com um inevitável conflito entre as classes envolvidas: proletariado e capitalistas.
Interrompendo, nesse momento, chega o tio Liberal, irmão da D. Liberal, cunhado do Sr. Monetarista e refuta:
- Mas Karl! O capitalismo provou ao longo dos anos ser uma estrutura econômica de irrefutável adaptação, com distribuição de renda, programas estatais, de saúde pública, vide o Brasil, com o seu “Bolsa-Família”. Sei que na sua época, nada disso existia e como a princípio reduzem o lucro do capitalista, você não os imaginou possíveis.
Além disso, esta tese do “valor-trabalho”, usada desde vovô Smith, está um tanto ultrapassada, não?
O valor de alguma coisa depende de sua utilidade para a satisfação de um propósito de uma determinada pessoa, assim os preços, refletem puramente a interação entre ofertantes e demandantes. Você inverteu as coisas, não sendo o trabalho ou de modo geral, o custo de produção que determina o valor e o preço. É justamente o contrário: o preço projetado determina o custo de produção.
Há que considerar a influência do TEMPO no processo produtivo, Gil já cantou: “Tempo-rei! Oh! Tempo-rei...”
A produção demanda tempo, do início até a venda do produto há uma demora, sem falar no RISCO do produto não ser vendido.
Assim os trabalhadores recebem sua parte, sem partilhar os riscos, dito de outra forma, eles preferem bens presentes a bens futuros, mas os bens presentes sofrem um DESCONTO, recebendo menos agora do que receberiam no futuro, livres de risco, assumido pelo empresário e pelos poupadores que lhe outorgaram seus recursos – Este desconto se chama: juro.
Marx rebate:
- Tentar demonstrar que nesta sua economia de mercado não existe mais valia nem exploração, não é o mesmo que dizer que exploração não existe...Alguém em sã consciência pode afirmar isso? Quando damos algo em troca de nada ou pouco, qual o nome que damos?
(continua...)
Assim como as religiões, as teorias econômicas são uma espécie de frutos de uma mesma árvore, se buscarmos lá atrás, haverá pontos semelhantes entre os clássicos, keynesianos, marxistas, austríacos, liberais, turma de Chicago, monetaristas, bulhonistas, desenvolvimentistas, estruturalistas, “pós” isto, “neo” aquilo e por aí vai.
Como uma infinidade de correntes, por certo, todas atreladas a determinado ponto de vista ideológico. Mas inexoravelmente, a melhor razão para estudar economia, é podermos falar de dinheiro mesmo não tendo nenhum.
A senhorita Crise, ainda vai dar trabalho e como sei que esta não foi sua primeira (crise), acredito também que não será a última (apesar do tio Karl esperar ansioso por esta), pois o sistema permanece em eterno desenvolvimento, sendo submetido a constante tensão, necessária esta (tensão) a manutenção de sua “força-destrutiva-criadora”. Mas cabe a pergunta: Necessitamos de direção ou liberdade?
Talvez Marx tivesse uma visão pessimista, por sua vida ser razoavelmente uma merda e engana-se quem acredita que ele inventou a “teoria do valor-trabalho”, esta foi exposta muito tempo antes por Smith e Ricardo e outro alemão, Rodbertus corroborou, dizendo “todos os bens, economicamente considerados, são apenas o produto do trabalho, e só custam trabalho”, p-o-r-é-m afirma que na estrutura social, os trabalhadores recebem somente parte do valor de seu produto, em forma de salário, enquanto os donos do capital, recebem todo o resto em forma de renda, assim segundo “Rod”, toda renda é fruto de exploração. Como o ditado italiano, que todos os dias, o bobo e o esperto saem para “trabalhar”, então se encontram e realizam “um negócio”...
O tio Karl lapidou estas idéias e chamou de “mais-valia”, esta fração de trabalho não pago, mas a pergunta que não se cala: por que acontece isso? Simples, o capitalista monopoliza os meios de produção, possuindo as máquinas e equipamentos.
Mas estes (donos do capital) também competem entre si, por maior acumulação e pela forma de melhor expandir sua produção e a priori, na época de Marx, pela força de trabalho, assim, existindo maior procura do que oferta, os salários tendem a subir, em conseqüência, a mais-valia tende a diminuir. A taxa de lucro entra em uma espiral descendente, empresas menores quebram, ocorre desemprego, daí excesso de estoque, a produção não casa mais com o consumo, então, surge à crise (lembre-se, na ótica de Marx).
Mas a crise não é o fim do sistema, mas parte dele: Os trabalhadores sem emprego são forçados a aceitar trabalho com salários aviltados, como há equipamentos “sobrando”, os capitalistas podem comprá-los por preços abaixo do seu valor, ou seja, depois de algum tempo, reaparece a mais valia.
A crise renova a capacidade de expansão do sistema, sendo a forma pelo qual ele funciona, não o modo pelo qual falha.
Esta propensão para crises foi uma previsão audaciosa de Marx – chamando de “ciclos econômicos”. Lembremos que em 1867, quando O Capital apareceu, grandes empresas eram exceções e não regra.
Por fim, Marx acreditava que haveria esta dita “crise final”, com um inevitável conflito entre as classes envolvidas: proletariado e capitalistas.
Interrompendo, nesse momento, chega o tio Liberal, irmão da D. Liberal, cunhado do Sr. Monetarista e refuta:
- Mas Karl! O capitalismo provou ao longo dos anos ser uma estrutura econômica de irrefutável adaptação, com distribuição de renda, programas estatais, de saúde pública, vide o Brasil, com o seu “Bolsa-Família”. Sei que na sua época, nada disso existia e como a princípio reduzem o lucro do capitalista, você não os imaginou possíveis.
Além disso, esta tese do “valor-trabalho”, usada desde vovô Smith, está um tanto ultrapassada, não?
O valor de alguma coisa depende de sua utilidade para a satisfação de um propósito de uma determinada pessoa, assim os preços, refletem puramente a interação entre ofertantes e demandantes. Você inverteu as coisas, não sendo o trabalho ou de modo geral, o custo de produção que determina o valor e o preço. É justamente o contrário: o preço projetado determina o custo de produção.
Há que considerar a influência do TEMPO no processo produtivo, Gil já cantou: “Tempo-rei! Oh! Tempo-rei...”
A produção demanda tempo, do início até a venda do produto há uma demora, sem falar no RISCO do produto não ser vendido.
Assim os trabalhadores recebem sua parte, sem partilhar os riscos, dito de outra forma, eles preferem bens presentes a bens futuros, mas os bens presentes sofrem um DESCONTO, recebendo menos agora do que receberiam no futuro, livres de risco, assumido pelo empresário e pelos poupadores que lhe outorgaram seus recursos – Este desconto se chama: juro.
Marx rebate:
- Tentar demonstrar que nesta sua economia de mercado não existe mais valia nem exploração, não é o mesmo que dizer que exploração não existe...Alguém em sã consciência pode afirmar isso? Quando damos algo em troca de nada ou pouco, qual o nome que damos?
(continua...)
Desenho Rafael Sica
2 comentários:
Olá Renato. Cheguei até aqui via prof. Toni, via Idelber Avelar.
Quero ler a continuação, mas até aqui tenho ressalvas a seu raciocínio. Faz parecer que a economia de mercado é natural ou necessária, ou, pior ainda, a melhor opção. Na verdade é apenas o lugar para onde a história nos trouxe, para o bem ou para o mal. Defendo outro tipo de organização social e econômica, embora não tenha ainda como propor nada.
Nessa sua foto, esse lugar não me é estranho. Esse azul bebê.
Muito legal seu texto, direita e esquerda são tão sisudos para discutir o tema.
Gostaria apenas de interpor uma objeção, veja:
"Assim os trabalhadores recebem sua parte, sem partilhar os riscos, dito de outra forma, eles preferem bens presentes a bens futuros"
Nas relações de trabalho os que vendem a força de trabalho são os mais vulneráveis ao risco não!?
Se a empresa quebra ele continua trabalhando?
Se a crise deixa o capitalista com capacidade ociosa o que ele faz?
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