terça-feira, 5 de outubro de 2010

Para que(m) serve o Economista? (ou por que existe desemprego?)

Allan Sieber
em: http://talktohimselfshow.zip.net/


Nada será dito sobre “economistas de plantão”, estes dos jornais e TV’s, com suas previsíveis conclusões, profetas do rodriguiano “óbvio ululante”.

Afinal, tirando meia dúzia de magos, quem previu a crise de 2008? Estes caras, cuja opinião não interessa ao mainstrean, são trancafiados em institutos de pesquisa econômica ao custo de seu peso em ouro.

Voltando. Quero falar do sentido real, do santo graal da economia, ou seja, o estudo de como aproveitar ao máximo os fatores de produção: capital e trabalho, em prol da sociedade.

Só existirá algum país plenamente desenvolvido (com todas as nuances da palavra), quando este mesmo país alcançar o chamado pleno emprego, vis-à-vis toda a mão-de-obra disposta a vender sua força de trabalho, recebendo remuneração justa por ele e gerando o maravilhoso ciclo virtuoso.

Mas como? Esta é uma das funções/razões de ser do economista.

Por que existe desemprego? Por uma questão de lógica, irei responder a esta pergunta ao responder outra: Por que não existe emprego para todos?

O empresário individual, não tem interesse no pleno emprego, já que a existência do chamado “exército residual de mão-de-obra” é que (em muito) possibilita na relação oferta x demanda de trabalho, um maior poder dos demandantes em relação aos ofertantes, destarte, favorecendo a “mais-valia”.

Quanto a esta (mais-valia), só será realizada (a transformação de trabalho em dinheiro) também pelo empresário produtor, caso sua taxa exceda a taxa de desconto (ou trabalhe com recursos próprios - caso raro), senão, a mesma será transferida (apropriada) pelos capitalistas “puros” (agentes superavitários ganham juros; idem bancos via spread).

Quanto ao argumento de que vale à pena um aumento ou redução de salários para fomentar o emprego, recorro a Joan Robinson (como diria Caetano: ”certeira e infalível como Bruce Lee...”), no livro “Introduction to the theory of employment”, que trata do tema em seu capítulo 6:

“Se os empresários concordam em pagar maiores ordenados a seus empregados, haverá um incremento da procura monetária de mercadorias (...)mas o acréscimo (...)simplesmente equilibra o aumento no custo da produção, devido à alta de salários. Uma despesa maior em moeda é agora necessária para comprar os mesmo bens (...)O argumento recíproco é também contradiço (...)se os salários se reduzirem, os custos cairão (...) empreendedores acharão lucrativo produzir maior quantidade de bens. Mas a renda monetária cai tanto quanto os custos e a procura monetária caem correspondentemente.”(1969, p.57, 58).

Ou seja, ao aumentar o salário, aumentam-se idem os custos e pior, geram e manipulam expectativas e ao reduzi-los, o empresário num primeiro momento aumenta os lucros, mas ao reduzir a receita dos outros empresários, que também cortarão salários, a situação em cascata será terrível para todos.

Quem tem o “fiel” da balança? Quem é agente responsável pela indução e equilíbrio?

A distribuição de renda, entre os indivíduos da comunidade, é que exerce em última instância, as respostas que buscamos. Quanto mais desigual for a distribuição da renda, maior será a poupança desta comunidade e quanto maior a poupança, menor o consumo, por conseguinte, menor o emprego.

Tomemos duas pessoas: uma ganha R$ 510,00 e a outra R$ 15.000,00. A que ganha R$ 510,00 consome toda sua renda, não conseguindo nada poupar e a que ganha R$ 15.000,00, poupa R$ 1.500,00 e consome o resto. Esta comunidade de 2 pessoas tem uma renda total de R$ 15.510,00. Se transferirmos R$ 100,00 da pessoa que ganha R$ 15.000,00, seu consumo (padrão de vida) não irá se alterar, alterando somente sua poupança. Mas se são dados R$ 100,00 ao homem que ganha R$ 510,00, o seu padrão de vida (consumo) certamente aumentará proporcional a renda extra. Desta forma, a transferência aumentará o consumo total, equivalente a renda transferida.

O aumento de consumo faz a roda do ciclo virtuoso começar a girar: mais consumo, maior demanda mais trabalho e segue a vida econômica...


2 comentários:

Halem Souza disse...

Renato, programas de transferência de renda como o Bolsa-Família do atual governo, de acordo com sua explicação, estão corretos, pelo que eu entendi, não?

Mas ainda assim, não são suficientes para diminuir a desigualdade de renda e criar condições para aumentar o número de empregos.

Qual(is)seria(m) a(s) solução(ões) nesse caso? Impostos maiores sobre a renda dos mais ricos? Geração de postos de trabalho por parte do Estado?

Desculpe as perguntas talvez tolas, mas é que não entendo nada de economia.

Um abraço.

Renato Couto disse...

É por aí, amigo Halem. A idéia foi fazer um contraste entre a política eleitoreira de prometer aumentar o salário mínimo-Não é Serra?-e suas consequencias, com as boas práticas Keynesianas, largamente utilizadas no atual governo...Quanto a não entender economia, não esquente, pois a maioria dos economistas (que se dizem por aí), também não.Abraços!