domingo, 14 de julho de 2013

Por que o Fundo Índice de Preços está caindo? Expectativas e onde colocar o dinheiro, com pouco risco (LCA) ou onde valeria à pena apostar (Fundos Cambiais)



Fundo Índice de Preços
Este fundo está com 96,13% dos seus recursos aplicados em NTN-B (um título de longo prazo do Tesouro Direto). Esses títulos pagam juros (pré-fixados) + variação do IPCA, mas estão sujeitos à volatilidade da expectativa de flutuação da taxa Selic (assim como qualquer outro, vis-à-vis ser esta taxa, a “taxa básica da economia”).
Quando a Selic cai, a rentabilidade desses títulos sobe bastante, porque o fundo comprou títulos do TD prefixados em determinada taxa e a Selic posteriormente foi reduzida, assim, o “mercado” no curto prazo estava pagando (por exemplo) 7% aa, mas o fundo tinha títulos que pagariam 8,5% aa. Quando um título de longo prazo retorna a valor presente, esta taxa capitalizada traz resultados excelentes. Foi o que aconteceu ao longo dos últimos 24 meses (até janeiro de 2013), por conta de um ciclo de queda da Selic.
Esta reversão do movimento (aumento da Selic) já apresentou impacto no valor dos títulos, que perderam valor ao longo dos últimos meses, porque o fundo possuía títulos prefixados (por exemplo) em 7% e a Selic marcava 8,5%, assim, quando descontamos estes títulos de longo prazo – num efeito inverso – os resultados são negativos.

NTN-B
Assim como a NTN-B Principal, a NTN-B é um título com rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida dos juros definidos no momento da compra. Esse título permite ao investidor obter rentabilidade em termos reais, mantendo seu poder de compra ao se proteger de flutuações do IPCA durante a aplicação. Apesar de ser o título que possui o maior prazo para aplicação (atualmente conta com investimentos até 2045), seu rendimento é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio de cupons semestrais de juros, e na data de vencimento do título, quando do resgate do valor de face (valor investido somado à rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros.

Expectativas
Hoje há uma forte reversão dos juros, sendo provocada pela expectativa de retirada dos incentivos pelo banco central americano, o Federal Reserve (Fed), o que (provavelmente) irá reduzir a quantidade de dinheiro em circulação no mundo. Como o juro é o “preço” do dinheiro, ou numa abordagem keynesiana, o “prêmio” por abrir mão da liquidez, obedecendo à inexorável lei da demanda x oferta, quando menos dinheiro no mercado, mais “caro” este se tornará. Assim, esperasse num cenário global aumento das taxas mundiais, assim como num cenário nacional, também pelo viés inflacionário do momento, também aumento da nossa taxa referência, desta forma, se resolver “apostar”, talvez seja a hora de entrar num fundo cambial, se preferir solidez, finque sua posição em LCA, por conta da rentabilidade atrelada ao CDB DI e a isenção de Imposto de Renda.

Abaixo, gráfico comparando 1 milhão desde outubro (1) até junho (10), nestes três tipos de investimentos. Podemos ver que o Fundo Índice de Preços segue na maior parte do "tempo" trajetória inversa ao Fundo Cambial, ou seja, o dólar sempre tem movimento inverso aos títulos de juro pré-fixado.

2 comentários:

Otávio K disse...

Excelente artigo, parabéns. Estava a procura de um artigo que analisasse alguns investimentos em relação à selic, mas que fugisse do óbvio: renda fixa e bolsa e o seu atigo me deu algumas ideias.
Entretanto gostaria de fazer uma provocação, com a alta da selic, não seria provável um aumento dos investimentos estrangeiros e consequentemente uma queda no cambio?

Renato Couto disse...

Otavio, você está certo, mas lembre, este post foi de julho e a economia - para usar uma palavra que os economistas gostam - anda volátil por demais da conta. Se os US$ não entrarem visando somente "carry trade", tudo bem, ou seja, se visarem investimento e não especulação, serão sempre bem vindos, apesar de eu duvidar de boas intenções, quando o assunto é ganhar dinheiro. O post basicamente foi uma análise para alguns clientes e os que seguiram, ganharam algum entre o mesmo (julho) e setembro, quando o dólar foi de 2,23 em 01/07 a 2,35 em 04/09. Abraços!