terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Engels, O Bom Companheiro

A foto acima não faz justiça ao alegre Friedrich, pois foi caçada no Google, onde já o encontramos no inexorável naufragar da velhice. Assim não nos leva a imaginar um homem que gostava de esgrima, de cavalgar numa caçada e que atravessava a nado o rio Weser quatro vezes, sem intervalos para descanso.
Mas não só de valores físicos ele foi agraciado pela mãe natureza: Inteligente, dizem que gaguejava em vinte idiomas, tendo somente dificuldade com o árabe, em vista de suas quatro mil raízes verbais.
Gostava dos prazeres burgueses da vida, bom no carteado, tinha excelente paladar para bons vinhos, alto, elegante e bonito, tinha passagem certa na cama de várias damas, tanto as do proletariado, como da alta sociedade londrina.
Quando jovem, demonstrou um incurável pendor para a poesia, que seu pai beato, calvinista e rico industrial não tolerou, despachando-o para Bremen, a fim de morar com um clérigo e aprender finanças e comércio, pois segundo seu pai: Religião e ganhar dinheiro eram excelentes remédios para almas românticas.
Assim, Engels começou sua vida dupla, de um lado o perspicaz negociante e respeitável figura da Bolsa de Valores de Manchester, de outro o leitor voraz de novas idéias revolucionárias, sujeito de alma rebelde, um inconformado com a ordem existente, onde a classe operária vivia em estado de miséria e desespero, se dopando com gim e evangelismo, para agüentar uma vida sem esperança.
Foi quando publicou: The Condition of the Working Class in England in 1844, o mais terrível libelo que já se ergueu contra as favelas do mundo industrial e chamou a atenção de outro jovem, mais radical ainda, chamado Karl. Amigos inseparáveis, Engels abasteceria toda sua vida, com cheques e generosas doações à família Marx, além de em grande gesto de camaradagem, ter assumido como seu filho, uma incursão que o jovem Karl fez na classe operária fora do casamento, quando engravidou a própria empregada de sua família...
Ele visionariamente escreveu: “... as causas finais das mudanças sociais e das revoluções políticas devem ser vistas, não na mente dos homens nem em seu crescente impulso em direção da eterna verdade e justiça, mas sim nas mudanças das maneiras de produção e de troca; devem ser vistas não por meio da filosofia, mas sim da economia...”.

3 comentários:

Jens disse...

Opa, beleza, Renato.
É sempre bom relembrar os grandes. Numa época conturbada como a nossa, onde se multiplicam as favelas do mundo industrial e cibernético, é, além de bom, extremamente oportuno. A história ainda não acabou.
Um abraço.

Marcelo F. Carvalho disse...

Pô, Renato, tá pouco cara... Devorei rápido demais este texto muito bem amarrado. Escreve mais, escreve mais!
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Abraço forte!

Prof Toni disse...

Ótimo texto cabra!