Abaixo. Dois “pedaços” de posts recentes: o primeiro explicando o que são as “Terras Raras”, o segundo, uma aula do Prof. Delfim, sobre o porquê e “quando” do estado-indutor em lugar de uma economia de mercado “pura”. Leia os dois e entenda um pouco da boa economia, sem modelos e verdadeiramente aplicada a nossa prática cotidiana. Ah! Quando Delfim escreve “inovação”, fica impossível não pensar em Schumpeter...
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“Se os árabes têm petróleo, a China tem terras raras”. Lendas urbanas creditam essa frase a Deng XiaoPing, líder político chinês entre 1978 e 1992. Fato é que hoje a China domina o mercado mundial dessas “terras raras”, como é chamado o conjunto de 17 elementos químicos, utilizados para aplicação em alta tecnologia, como a dos ímãs que transformam energia elétrica em energia mecânica e em produtos high tech como notebooks, telefones celulares, trens-bala, iPods, fibras óticas e painéis solares.
O mercado dos 17 elementos químicos individualizados é da ordem de 5 bilhões de dólares anuais e, mais que isso, é estratégico. O significado da palavra estratégico ficou muito claro em 2010, quando a China anunciou que imporia cotas de exportação destas terras raras, jogando os preços para o céu (...)” (Fernando Landgraf em 26/04/2011)
“(...) Não importa qual o modelo que organiza nossas economias, o desenvolvimento é basicamente alimentado pelas inovações, e todos devem poder apropriar-se dos benefícios resultantes do seu trabalho. As regras dentro das quais o jogo se realiza são definidas pela Constituição do Estado onde ele ocorre. Elas devem propiciar um ambiente institucionalmente amigável para atender às condições anteriores.
O problema é que, como inúmeros exemplos históricos comprovam, as decisões tomadas pelo setor privado apenas olhando as condições presentes tendem, frequentemente, quando não estimuladas por um Estado-Indutor adequado, a ignorar os benefícios futuros de atividades que não parecem eficientes no curto prazo. Os mercados e seus agentes costumam ser míopes e oportunistas, por conta da própria opacidade do futuro. É claro que as inovações não podem ser antecipadas nem por eles nem pelo Estado-Indutor. Essa incerteza explica por que é difícil para o mercado coordenar com eficácia as decisões de longo prazo.
Um dos exemplos mais marcantes dessa falha, quando o mercado é deixado a si mesmo para escolher o futuro, talvez seja o que aconteceu na questão das terras raras. Há 30 anos, os EUA eram os maiores produtores do mundo, mas não havia mercado para acolher a produção e, logo, estímulos a novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Os chineses, usando mão de obra barata, métodos primitivos e incentivos apropriados, aproveitaram a oportunidade.
Aumentaram a sua oferta a preços que eliminaram a produção americana. O mercado revelou sua miopia e oportunismo: transferiu toda a sua demanda para a China! Os chineses aperfeiçoaram a tecnologia da sua produção, organizaram-na e mantiveram seus incentivos. Hoje, representam 97% da oferta mundial. Controlam a sua exportação, reservando-as para uso doméstico, o que lhes dá vantagem competitiva nas tecnologias de última geração (...)” (Delfim Netto, Carta Capital de 21/03/2011)
Um comentário:
Passei por aqui... Gostei do blog.
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