quinta-feira, 15 de abril de 2010

Modelos Econômicos


Qualquer teoria econômica é necessariamente uma abstração do mundo real, devendo-se ao fato irrefutável de que a complexidade (enorme) da economia concreta torna impossível a compreensão de todas as interelações de uma só vez (ainda mais no caso de estudantes, recém iniciados nos estudos econômicos).

Selecionamos alguns elementos para a compreensão (tentativa) de algum fenômeno econômico específico, formando via de regra, uma estrutura analítica (deliberadamente) simplificada, sendo uma representação da economia real, temos então, o chamado modelo econômico.

Essencialmente uma estrutura teórica, porém, ao ser “encorpado” de um viés matemático, constituído de equações que descrevem a estrutura deste e relacionando algumas variáveis entre si, acabamos por “derivar” um conjunto de conclusões (lógicas) desses supostos.

As variáveis frequentemente usadas em economia são: preço, lucro, receita, custo, consumo, investimento, importação e exportação; podendo existir independente uma das outras e assumindo valores diversos, mas (o mais importante) ao construirmos um modelo de forma apropriada, buscamos não só uma compreensão “ex-post”, mas acima de tudo, uma visão do futuro comportamento destas variáveis e seus efeitos políticos e econômicos, para enfim, a construção de um mundo melhor, com mais renda e melhor distribuição, passando inexoravelmente pelo caminho do pleno emprego de todos os fatores de produção.

No livro intitulado Um projeto para o Brasil, publicado em 1968, Celso Furtado discute como a elevada desigualdade da distribuição da renda no país condiciona um perfil da demanda global que inibe o crescimento econômico, porém, há que ser levada em conta, irrefutável datação do livro, já que o mesmo foi escrito logo após o golpe militar de 1964 e quanto a este período temos (hoje) diversos trabalhos acadêmicos que comprovam e endossam as palavras do mestre, corajoso, ao ser um dos primeiros a colocar o dedo nesta ferida, quando o crescimento muitas vezes não corresponde ao desenvolvimento.

Usando termos do Prof. Simonsen, apesar de eventualmente simples, nosso modelo deve ser sólido, para que nosso edifício dedutivo não seja uma “caricatura da realidade” e não desmorone ao ser confrontado com todas as complicações do mundo real, como um castelo de cartas.


Continua com: Crescimento x Desenvolvimento

Um comentário:

Jens disse...

Aparentemente, encontramos o rumo; faz tempo que a economia brasileira não sofre sobressaltos. Teremos descoberto, enfim, o caminho das pedras?

Um abraço, Renato.