Marx, Schumpeter e Keynes
Porém a tese inicial, ditando que toda renda convertida em capital durante um determinado período de tempo, se transforma nesse mesmo período, em salários aos trabalhadores, será uma ferida aberta por Marx, ao questionar então: Onde estaria então a origem do lucro? Ele desenvolve seu trabalho até chegar ao conceito da “mais-valia” .
De certa forma, antes de Marx, Rodbertus e o próprio Smith já haviam exposto, mas foi Marx que denomina de mais-valia esta fração de trabalho não pago, ou seja, existe mais tempo de trabalho embutido em seus produtos do que o tempo de trabalho que ele é forçado a pagar ao trabalhador como salário.
Como acontece isso? Porque o capitalista monopoliza os meios de produção, possui as máquinas e equipamentos sem os quais homens e mulheres não podem trabalhar. Sendo que os capitalistas também competem entre si, não só pela maior acumulação, mas pela forma de expandir sua produção, a priori, na época de Marx, pela força de trabalho.
Sabemos (e muita vez dói no bolso) que o juro é um fato. Então? Por sua vez, Schumpeter coloca que ele pode ser entendido como uma espécie de “salário” do trabalho dos capitalistas seja via espoliação dos assalariados ou incorporação aos instrumentos de produção. E mais, conceber o juro como elemento do custo! Na sua obra, fica evidente a importância do empreendedor, como mola-mestra do desenvolvimento e crescimento, assim se Marx enxerga no lucro um problema, Schumpeter vê uma solução. E se o juro é irrefutável, questiona: “como surge o juro a partir do lucro empresarial.
Keynes em seu seminal trabalho, “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, chama a atenção que se validada a preposição clássica de Say, Ricardo ( e outros, incluindo Mill, Pigou e Marshall) de que a oferta cria sua própria procura, para todos os níveis de produção e emprego, obrigatoriamente teriam que ser também premissas: não existiria o que se chama desemprego involuntário e o salário real é seria igual à desutilidade marginal do trabalho existente .
Empiricamente sabemos que são falaciosas, quanto ao desemprego, então? Não necessitamos de nenhum estudo econômico para compreender, bastando abrir nossas janelas, mas Keynes em seu trabalho desmonta a estrutura clássica, talvez por viver na pele a Grande Depressão de 30 (seu livro é de 1936).
As decisões de poupança são tomadas pelos indivíduos em função de sua renda, enquanto que as decisões de investimentos são tomadas pelos empresários em função de suas expectativas de lucro. Não há nenhuma razão pela qual a poupança e o investimento devam coincidir. Tal mudança provavelmente é que no tempo de Say, Ricardo e Mill, idos de 1800, “os que poupavam eram os mesmos que colocavam as poupanças em uso” , capitalistas, como uma denominação diferente ou não, mas no século dezenove graças ao comércio, muda o paradigma de distribuição de riqueza, horizontalizando, ocorrendo uma separação de investimento e poupança, daí o crescimento das casas bancárias, intermediando e provavelmente o surgimento da “haute finance”, designação de Karl Polanyi para o grande capital que surge nas três últimas décadas do século XIX.
No primeiro grande ciclo de liberalização financeira, com predomínio dos bancos ingleses, cantava-se o laissez-faire, porém na realidade, maior parte do mundo (dominada financeiramente) era obrigada a praticar o livre comércio pelo colonialismo.
Finalmente, enxergamos o Estado, como tendo não só uma função de regulação, mas de fomentador, afinal, o que seria o apoio à P&D nos EUA, por exemplo, sem a NASA e o Pentágono?
Enfim, o equilíbrio nos tempos de Say e Ricardo (e outros) corresponde a uma situação ideal, um modelo econômico, caricatura da realidade, porém, ao se introduzirem a incerteza e as expectativas (e sim, o Estado, nesse mundo de “mercado”), o axioma proposto por aquela lei, torna-se inviável. Além, a busca de segurança na moeda, faz com que o equilíbrio (não predeterminado) ocorra fora do pleno emprego e esta preferência pela liquidez é uma regra de comportamento dos agentes na busca de melhor alocar sua riqueza sob condições de incerteza. Afinal, se soubesse do Plano Collor, você deixaria seu dinheiro no banco ou embaixo do colchão?
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Continua com: Modelos Econômicos
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De certa forma, antes de Marx, Rodbertus e o próprio Smith já haviam exposto, mas foi Marx que denomina de mais-valia esta fração de trabalho não pago, ou seja, existe mais tempo de trabalho embutido em seus produtos do que o tempo de trabalho que ele é forçado a pagar ao trabalhador como salário.
Como acontece isso? Porque o capitalista monopoliza os meios de produção, possui as máquinas e equipamentos sem os quais homens e mulheres não podem trabalhar. Sendo que os capitalistas também competem entre si, não só pela maior acumulação, mas pela forma de expandir sua produção, a priori, na época de Marx, pela força de trabalho.
Sabemos (e muita vez dói no bolso) que o juro é um fato. Então? Por sua vez, Schumpeter coloca que ele pode ser entendido como uma espécie de “salário” do trabalho dos capitalistas seja via espoliação dos assalariados ou incorporação aos instrumentos de produção. E mais, conceber o juro como elemento do custo! Na sua obra, fica evidente a importância do empreendedor, como mola-mestra do desenvolvimento e crescimento, assim se Marx enxerga no lucro um problema, Schumpeter vê uma solução. E se o juro é irrefutável, questiona: “como surge o juro a partir do lucro empresarial.
Keynes em seu seminal trabalho, “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, chama a atenção que se validada a preposição clássica de Say, Ricardo ( e outros, incluindo Mill, Pigou e Marshall) de que a oferta cria sua própria procura, para todos os níveis de produção e emprego, obrigatoriamente teriam que ser também premissas: não existiria o que se chama desemprego involuntário e o salário real é seria igual à desutilidade marginal do trabalho existente .
Empiricamente sabemos que são falaciosas, quanto ao desemprego, então? Não necessitamos de nenhum estudo econômico para compreender, bastando abrir nossas janelas, mas Keynes em seu trabalho desmonta a estrutura clássica, talvez por viver na pele a Grande Depressão de 30 (seu livro é de 1936).
As decisões de poupança são tomadas pelos indivíduos em função de sua renda, enquanto que as decisões de investimentos são tomadas pelos empresários em função de suas expectativas de lucro. Não há nenhuma razão pela qual a poupança e o investimento devam coincidir. Tal mudança provavelmente é que no tempo de Say, Ricardo e Mill, idos de 1800, “os que poupavam eram os mesmos que colocavam as poupanças em uso” , capitalistas, como uma denominação diferente ou não, mas no século dezenove graças ao comércio, muda o paradigma de distribuição de riqueza, horizontalizando, ocorrendo uma separação de investimento e poupança, daí o crescimento das casas bancárias, intermediando e provavelmente o surgimento da “haute finance”, designação de Karl Polanyi para o grande capital que surge nas três últimas décadas do século XIX.
No primeiro grande ciclo de liberalização financeira, com predomínio dos bancos ingleses, cantava-se o laissez-faire, porém na realidade, maior parte do mundo (dominada financeiramente) era obrigada a praticar o livre comércio pelo colonialismo.
Finalmente, enxergamos o Estado, como tendo não só uma função de regulação, mas de fomentador, afinal, o que seria o apoio à P&D nos EUA, por exemplo, sem a NASA e o Pentágono?
Enfim, o equilíbrio nos tempos de Say e Ricardo (e outros) corresponde a uma situação ideal, um modelo econômico, caricatura da realidade, porém, ao se introduzirem a incerteza e as expectativas (e sim, o Estado, nesse mundo de “mercado”), o axioma proposto por aquela lei, torna-se inviável. Além, a busca de segurança na moeda, faz com que o equilíbrio (não predeterminado) ocorra fora do pleno emprego e esta preferência pela liquidez é uma regra de comportamento dos agentes na busca de melhor alocar sua riqueza sob condições de incerteza. Afinal, se soubesse do Plano Collor, você deixaria seu dinheiro no banco ou embaixo do colchão?
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