sexta-feira, 21 de maio de 2010

Por que a China deu certo e a URSS errado?

Se a China é comunista, capitalista ou neo-capitalista, é uma discussão para várias tardes ou noites de bar. No meu caso prefiro as tardes, por dois motivos: o primeiro é que tenho mais tempo para a cachaça, ao chegar à noite, dá-me aquela fome e caio nos tira-gostos e o segundo é que não tenho mais a “estrutura de outrora” para varar madrugadas, então...
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Voltado à vaca-fria, se Zezé, é ou não é, é outra história, mas temos um fato no nosso recente mundinho, ou melhor, dois: A China, no que se propõe, está dando certo e a extinta URSS (daí extinta), deu errado! Por quê?

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Em recente trabalho, o coleguinha russo Vladimir Popov (não o nadador, mas o economista da Nova Escola de Economia de Moscou), tem (toscamente traduzido, por este que vos escreve: http://econpapers.repec.org/paper/unuwpaper/rp2009-15.htm), algo de novo no front das explicações:

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“...os casos de sucesso no mundo em desenvolvimento e em transição são completamente diferentes, onde temos opiniões contraditórias sobre a verdadeira razão do sucesso econômico: a liberalização e o livre comércio seriam as fundações para alguns países, ao passo que outros devem seu sucesso à política industrial – leia-se protecionismo (...) A trajetória de desenvolvimento de longo prazo das instituições na China e na Rússia. A Libertação Chinês de 1949 foi semelhante à Revolução Russa de 1917, não somente porque os comunistas assumiram o poder em ambos os países, mas também porque as instituições coletivistas tradicionais, arruinadas pela ocidentalização anterior, foram restabelecidas e fortalecidas. Entretanto, na Rússia, no período 1917-1991, o regime comunista apenas interrompeu o processo de transplante das instituições ocidentais que vinha ocorrendo desde o séc. XVII, ao passo que na China, a Libertação de 1949 apenas retornou o país à trajetória institucional de longo prazo que havia sido momentaneamente – e somente em parte – interrompida após as guerras do ópio.

Estudando de outra forma, a Rússia já havia sido ocidentalizada antes de 1917 e as instituições coletivistas introduzidas, foram estranhas ao desenvolvimento institucional de longo prazo anterior, ao contrário da China, que abortou a tentativa fracassada de ocidentalização (1840-1949) e retornou às instituições coletivistas – valores asiáticos, ou seja, o que pareceu um episódio momentâneo na Rússia, foi um retorno de tendência na China. Portanto, a liberalização econômica a partir de 1979 na China, mesmo que acompanhada por (inevitável) desigualdades de renda e aumento dos índices ruins (crimes e homicídios crescentes), não resultou até hoje em colapso...”


Vladimir Popov



2 comentários:

Prof Toni disse...

Estou curtindo essas breves aulas...

Renato Couto disse...

A idéia é essa, sempre que eu vejo algo de novo, ou um novo "velho", repassar...