Lembrei disso, ao (re) ler Adrian Wood e seu ótimo “Uma teoria dos Lucros”, que seria do tipo II, “traduzindo” vários (Keynes, Marx, Schumpeter) e acabei voltando à fonte Schumpeter. Na fonte destes dois (Adrian e Schumpeter) bebi para rabiscar abaixo, também contando com uma ajuda luxuosa do pároco Malthus e seu conhecido pessimismo.
Se temos no conjunto de empresas da sociedade, o somatório de empresas individuais, é o somatório de crescimento destas, que representará o crescimento do PIB. Assim é imperioso, que a maioria das empresas da sociedade, apresente não só lucro, mas que o mesmo seja reinvestido na própria empresa.
O lucro de qualquer empresa apresenta-se como resultado entre os valores recebidos subtraído dos valores pagos, dizendo de melhor forma, entre sua Receita e seu Custo:
L = R – C
Como a maioria da empresas não sobrevive sem investimento e sendo os bancos, a principal fonte de intermediação entre os poupadores e tomadores, temos os bancos, como as principais fontes de capital para as empresas. Em suas obras, Schumpeter considera a importância do crédito para o crescimento da economia. E de quem vem à maioria do crédito? Se não dos bancos?
Mas vamos voltar à simplória fórmula acima, agora colocando números:
R = 100,00; C= 90,00, então se R – C = L, temos: 100,00 – 90,00 = 10,00
Ou seja, se temos um custo (mensal, por exemplo) de 90 e a empresa consegue vender seus produtos totalizando 100, tem um Lucro de 10. Vamos colocar que a tx bancária de empréstimos seja de 5%, para uma tx de 1% de remuneração aos aplicadores, assim, uma margem para empresa de 10% seria bem satisfatória. Os números me parecem bem próximos de nossa realidade.
Como o custo 90,00 foi financiado via crédito, ao fim do primeiro período, teríamos que do Lucro de 10,00, ter separado 45% do lucro (4,50) somente para pagar o juro, sem mexer com o principal do empréstimo, assim, restaria de Lucro ao empresário:
10 – 4,5 = 5,5
Para qualquer empresa crescer, é necessário que reinvista parte de seu lucro na própria empresa, assim, o primeiro passo é num crescente ir além de pagar o juro, também amortizar o principal, então nesse primeiro período além do juro, seria pago 1,00 do principal, no período seguinte, o lucro de 10,00, corresponderia ao mesmo custo de 90,00, porém somente 89,00 via crédito.
Porém se os bancos estão tendo lucros cada vez maiores, é bom ou ruim? Dado que os bancos também fazem parte do conjunto de empresas, precisam ter lucro para realimentar o sistema, mas seu excesso seria nocivo, já que poderia concluir que as empresas (e as pessoas físicas, como “empresas” individuais) estão pagando cada vez mais juros sobre o crédito conseguido?
Que os bancos realizam lucros cada vez maiores é fato noticiado (e cobrado pelos acionistas), como saber em relação à demanda de crédito? Pois se a demanda de crédito representar que 51% para cima das empresas, estão demandando cada vez mais sem amortizar nada do principal, este número levará inexoravelmente ao rompimento de uma bolha de crédito!
É claro que este é um raciocínio simplista, um modelo, como os economistas gostam de falar, pois não envolve percentual de inadimplência, nem relações de câmbio.
O BACEN (http://www.bcb.gov.br/?indeco) acompanha este crescimento, ao calcular o “multiplicador” (aqui voltamos a Keynes), que é a capacidade que os bancos têm de ampliar a base monetária (já falei do assunto no post "A Fantástica Fábrica de Ganhar Dinheiro") e o mesmo vem se mantendo estável, saindo de 1,25 de janeiro/2011 para 1,26 em agosto/2011. Porém e a inadimplência? Ela reflete imediatamente na não capacidade de honrar não somente o juro, mas também o principal das operações e os números não são bons. Cresceu 22% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado e no site do BACEN temos que também subiu entre janeiro e julho, apesar da manutenção do multiplicador.
Temos ruídos ou sinais?
*Desenho: Caeto
2 comentários:
Olá Renato!
Ótimo post!
Sempre achei que deveria existir apenas um banco estatal com a finalidade de gerar crédito para a população e empresas a uma baixa taxa de juros. Pelo menos assim acho que estaríamos menos expostos a crises.
Mas enfim,parabéns pelo texto! Seu blog sempre é uma boa fonte de inspiração.
Abraços
Renato primo e amigo,
como já notou a Fayga Ostrower, todo campo de conhecimento/saber, e não apenas a arte, convida à criatividade... Interessante a teoria dos cinco tipos, já li algo semelhante aplicado à criação artística, só que em três "níveis": criadores, divulgadores e diluidores...
Abraços, bons caminhos... criativos!
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