II - (Primeiro manuscrito – Salário do trabalho) continuação de post's anteriores
Talvez devêssemos entrar no que Marx chamou de “fetichismo das mercadorias”, de leve, pois ainda não chegamos ao Marx maduro, autor de “O Capital”, mas vamos lá, pois sem essa concepção, fica difícil entender tanto o endosso de Smith assim como o combate de Marx ao “deus mercado”, este escreve (O Capital): “... temos que recorrer às regiões nebulosas do mundo religioso. Nesse mundo, os produtos da mente humana aparecem como seres independentes (...) O mesmo se dá no mundo das mercadorias...”
Destarte, Marx coloca lado a lado o mercado e a vontade divina, numa crítica a que o mercado operaria segundo “leis eternas” às quais, a exemplo da religião, os homens deverão aceitar e já que são eternas, não poderão mudar. Ao capitalista interessa manter cada um no seu papel social, a fim de manter a ordem vigente. Não há como não associar aqui a idéia de Smith tão propagada da “mão invisível”.
Marx continua: “a natureza não produz, de um lado, donos do dinheiro ou de mercadorias e, do outro, homens que não produzem senão sua força de trabalho (...) Essa relação (...) resulta claramente, de um desenvolvimento histórico”.
E assim como escreveu em “Crítica da filosofia do direito de Hegel”, que “a base da crítica irreligiosa é esta: o homem faz a religião, a religião não faz o homem”, se aplica também ao mercado, onde o homem é que faz o mercado e não o mercado faz o homem.
Algumas passagens de Marx me lembram o filme Matrix, quando a própria classe dominada se mantém iludida “pelos mitos propagados”, sem forças (e sem vontade) para combater.
Voltando ao “Primeiro Manuscrito” Marx, nas páginas finais de “Salário do Trabalhador” destila uma série de citações, basicamente de três autores: Wilhelm Schulz, Charles Loudon e Eugène Buret (somente Buret tem alguma expressão, definidor de proletariado), com fartos dados numéricos sobre a situação dos trabalhadores ingleses, seja a quantidade de horas trabalhadas, a idade absurda que as crianças ingressavam no trabalho – 8 a 12 anos, o aumento da prostituição, ou seja, Marx expões a situação desumana das fábricas inglesas, o que sabemos não ocorrer hoje, graças a políticas trabalhistas, quando no Brasil, de certa forma recentes, implantadas por Vargas.
Exatamente um ano depois (1845), de conhecer Marx em Paris, Engels escreveria “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra”.
Marx nesse trecho faz uma crítica a própria economia política, onde esta não se preocupa com o homem como homem, mas apenas como “proletário” e argumenta face aos dados numéricos que apresentavam crescimento econômico, apesar de toda mazela social, que não passavam de pura demagogia, já que o crescimento do PIB per capita (Marx ainda não utilizava esta moderna expressão) nunca irá representar redução das desigualdades sociais: “... é com estes cálculos médios superficiais que nos iludimos...”
Marx já apresentava um questionamento do que hoje escrevemos como se há ou não uma dicotomia entre crescimento e desenvolvimento e principalmente uma preocupação com o homem ser tratado como homem e não como máquina.
“Uma nação que procura desenvolver-se espiritualmente com maior liberdade não pode continuar vítima das suas necessidades materiais, escrava do seu corpo. Acima de tudo, precisa de tempo livre para criar e usufruir cultura...”
“O sistema econômico atual (...) aperfeiçoa o trabalhador e degrada o homem”.
fim do "Salário do Trabalho, continua com "Lucro do capital" ...
Talvez devêssemos entrar no que Marx chamou de “fetichismo das mercadorias”, de leve, pois ainda não chegamos ao Marx maduro, autor de “O Capital”, mas vamos lá, pois sem essa concepção, fica difícil entender tanto o endosso de Smith assim como o combate de Marx ao “deus mercado”, este escreve (O Capital): “... temos que recorrer às regiões nebulosas do mundo religioso. Nesse mundo, os produtos da mente humana aparecem como seres independentes (...) O mesmo se dá no mundo das mercadorias...”
Destarte, Marx coloca lado a lado o mercado e a vontade divina, numa crítica a que o mercado operaria segundo “leis eternas” às quais, a exemplo da religião, os homens deverão aceitar e já que são eternas, não poderão mudar. Ao capitalista interessa manter cada um no seu papel social, a fim de manter a ordem vigente. Não há como não associar aqui a idéia de Smith tão propagada da “mão invisível”.
Marx continua: “a natureza não produz, de um lado, donos do dinheiro ou de mercadorias e, do outro, homens que não produzem senão sua força de trabalho (...) Essa relação (...) resulta claramente, de um desenvolvimento histórico”.
E assim como escreveu em “Crítica da filosofia do direito de Hegel”, que “a base da crítica irreligiosa é esta: o homem faz a religião, a religião não faz o homem”, se aplica também ao mercado, onde o homem é que faz o mercado e não o mercado faz o homem.
Algumas passagens de Marx me lembram o filme Matrix, quando a própria classe dominada se mantém iludida “pelos mitos propagados”, sem forças (e sem vontade) para combater.
Voltando ao “Primeiro Manuscrito” Marx, nas páginas finais de “Salário do Trabalhador” destila uma série de citações, basicamente de três autores: Wilhelm Schulz, Charles Loudon e Eugène Buret (somente Buret tem alguma expressão, definidor de proletariado), com fartos dados numéricos sobre a situação dos trabalhadores ingleses, seja a quantidade de horas trabalhadas, a idade absurda que as crianças ingressavam no trabalho – 8 a 12 anos, o aumento da prostituição, ou seja, Marx expões a situação desumana das fábricas inglesas, o que sabemos não ocorrer hoje, graças a políticas trabalhistas, quando no Brasil, de certa forma recentes, implantadas por Vargas.
Exatamente um ano depois (1845), de conhecer Marx em Paris, Engels escreveria “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra”.
Marx nesse trecho faz uma crítica a própria economia política, onde esta não se preocupa com o homem como homem, mas apenas como “proletário” e argumenta face aos dados numéricos que apresentavam crescimento econômico, apesar de toda mazela social, que não passavam de pura demagogia, já que o crescimento do PIB per capita (Marx ainda não utilizava esta moderna expressão) nunca irá representar redução das desigualdades sociais: “... é com estes cálculos médios superficiais que nos iludimos...”
Marx já apresentava um questionamento do que hoje escrevemos como se há ou não uma dicotomia entre crescimento e desenvolvimento e principalmente uma preocupação com o homem ser tratado como homem e não como máquina.
“Uma nação que procura desenvolver-se espiritualmente com maior liberdade não pode continuar vítima das suas necessidades materiais, escrava do seu corpo. Acima de tudo, precisa de tempo livre para criar e usufruir cultura...”
“O sistema econômico atual (...) aperfeiçoa o trabalhador e degrada o homem”.
fim do "Salário do Trabalho, continua com "Lucro do capital" ...
Um comentário:
Adorei seu escrito, realmente uma sociedade materializada como a nossa, fincada nesse sistema economico ate a alma, nao há possibilidade nenhuma de se evoluir espiritualmente porque jamais será livre para Criar,Pensar...nao há tempo para isso apenas para o "Trabalho-alienante" que mal satisfaz as necessidades materiais e dessa mais se trabalha achando-se que o " salario" satisfará.
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