quinta-feira, 12 de junho de 2008

Minhas Primeiras Putas


Num destes dias, no início do ano, logo após meu aniversário, estávamos eu, Evandro e Heitor conversando sobre as putas de jornal, era uma novidade, estavam (pelo menos para a gente) aparecendo os primeiros anúncios de putas, com o título de termas e casas de massagem. Fomos até o boteco, compramos umas fichas de orelhão e ligamos para algumas, para nossa surpresa e tristeza, pois não imaginávamos que era tão caro, uma realidade muito distante das nossas mesadas. Heitor andava conosco, mas sempre foi mais adepto do bloco do eu sozinho, não o critico, cada um na sua. Evandro mais velho nos falou que havia outras piranhas, sem ser as de jornal, que elas ficavam na Vila Mimosa, mas que ele também nunca havia ido lá e nem sabia quanto seria pra dar uma fodida. Bem, resolvemos arriscar, cada um estava mais ou menos com cinco dinheiros (digo dinheiros, pois não lembro a moeda da época, já trocamos tanto, de cruzeiro, para real, para cruzado, para novo cruzado e lá vão outras), pegamos o ônibus, não era longe, ficava perto do centro da cidade, descemos, andamos um pouco e lá estavam, começaram a aparecer umas casas velhas, onde em cada porta e janela via umas mulheres que com certeza não povoava meus sonhos, cada sorriso sem dente não seria uma brochada, somente em função do excesso de hormônio e excitação pela aventura. Evandro, sempre falante e na função de líder de expedição foi até uma das senhoras e perguntou quanto seria o serviço, voltou com uma expressão triste no rosto, nos informando que o preço era de doze dinheiros, mas que a gentil dama faria um desconto, ficando por dez. Nos entreolhamos, pois sabíamos que não conseguiríamos os três foder (o melhor era dizer que seríamos fodidos), Heitor deu a solução, um sorteio, onde o vencedor ficaria com o dinheiro dos demais e entraria pela porta da esperança, solução aprovada rapidamente e ainda daria pra beber uma cerveja num dos pés sujos da redondeza. Entramos, puxamos as cadeiras e a escolha foi feita por meio do "zerinho ou um", onde cada um coloca ou zero, ou um, com a mão, onde quem colocar o numeral diferente é o vencedor. Pedimos a cerveja. Ríamos, tensos e felizes, já nos sentindo homens.
Evandro venceu.
Acho que fiquei feliz, primeiro porque trepar com aquelas mulheres não estava me motivando muito, na minha cabeça, a minha primeira foda deveria ser melhor, o ambiente com certeza era degradante, segundo, porque Evandro era mais meu amigo que Heitor, então que fosse ele o eleito.
Não demorou mais de dez minutos, entre entrar, trepar e sair, não imaginava que seria tão rápido, até porque nos filmes que víamos na sala especial, uma sessão de televisão com filmes de sacanagem nacionais, que passava tarde da noite e ninguém perdia, as trepadas eram muito mais demoradas. Evandro saiu sorridente, nos disse meio sem graça, que enquanto metia, a puta ficou lendo uma revista Manchete e que dava pra escutar o cara ao lado, também trepando, pois a casa era toda dividida por tapumes de uma madeira finíssima.
Na semana seguinte, Seu Arthur, pai do Evandro, me chamou pra conversar e perguntou onde nós estávamos andando?
Respondi que nos mesmos lugares de sempre, por que?
Cuidado, heim, apliquei hoje uma Benzetacil no Evandro (o pai do Evandro era biólogo).
Perguntei o que era isso, Benzetacil?
Ele me disse: O Evandro pegou gonorréia.
Mais uma vez fiquei feliz. Claro que fiquei chateado pelo meu amigo, mas antes ele do que eu. A gonorréia ainda viria bater na minha porta outra vez, o Marco, irmão do Juninho, cinco anos depois desta minha "quase foda", havia comido a sobrinha do Ivan Playboy e passou a visitar o Orlando da farmácia regularmente, quando dois dias antes, eu dentro do carro, havia deixado ela somente chupar meu pau, dando assim sorte mais uma vez, tanto pelo boquete, como por não pegar gonorréia.


Um comentário:

Loba disse...

acabei de ler e me vejo com um sentimento forte de pena. detesto sentir pena, mas a degradação humana me bate assim. mita gente diz que ser puta é uma escolha. mas quem escolhe não ter dignidade?
cara, os tempos da gonorréia até que não foram tão ruins. anda não existia a obrigatoriedade da camisinha né?
interessante o seu texto.
beijo