segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Relembrando Bob Fields, O Grande Golpe de Nixon ou Uma Economia de Maiakóvski

Após 10 dias sem internet, por conta deste excelente serviço prestado pela Embratel, são vários emails para ler, vários blogs (de amigos-vide vale a pena) para sorver; Comecemos os trabalhos postando sobre um assunto que parece que irá demorar a acabar...

“O bem que o Estado pode fazer é limitado;
o mal, infinito.
O que ele nos pode dar
é sempre menos do que nos pode tirar.”
(Roberto Campos)

Os gritos já começaram:
- A crise é culpa de um sistema falido!
- O mercado não funciona!
Será? Vamos mais uma vez “ver” onde tudo começou...

A crise dos dias atuais começou nos anos 90, quando o governo yankee adotou através do Fed, políticas monetárias irresponsavelmente frouxas, onde chegou a ponto de manter por mais de um ano a taxa de juro nominal em 1%, o que, descontada a inflação, significa a imposição, por parte do próprio Estado, de uma taxa de juros negativa.
Após a adoção destas políticas, os gringos criaram duas empresas: A Fannie Mae e a Freddie Mac, entrando de sola no mercado de construção de imóveis e sua contrapartida financeira, o de hipotecas. Assim, o americano médio, “deitadão” no sofá, bebendo sua beer e fazendo seu churrasco no quintal, em vez de adquirir bens e serviços, que mantém acesso o fogo da economia, resolveu comprar sua casa, diante da enorme facilidade irresponsavelmente oferecida.
Estes bens e serviços passaram então a serem financiados, cada vez mais por diversas linhas de crédito (assim como as casas) e assim vai o trem...
Só que quando a estrada é por demais sinuosa e a velocidade muita, uma hora ele descarrila. Ou se preferirem outra analogia, uma hora a bolha estoura. Não é a velocidade que mata, mas sim a parada brusca.

Onde tudo começou? Não houve ausência de governo e sim um excesso deste!
O professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor, vai mais longe que os anos 90, do início do post, ele vai até 1971, quando em jogada de mestre, Richard Nixon conseguiu que o dólar deixasse de ser ancorado em ouro – Foi quando Bretton Woods começou a morrer – diz o professor Dowbor. Os americanos emitiram moeda a vontade e foram as compras no resto do mundo (obviamente isso não pode ser provado, nem nunca será), só não passaram a perna no francês De Gaulle, mas isso é outra história. Este excesso gringo foi referendado, na época, pelo resto do mundo, ou seja, outros governos. Além do francês, quem mais chiou?

De volta para o futuro, onde agora a fila anda: Primeiro ajuda aos bancos, depois as montadoras, quem serão os próximos?
Se houve boa intenção do Estado Americano (e o inferno está cheio de pessoas bem intencionadas, além de ser muito difícil, qualquer boa intenção yankee, quanto a economia alheia), ao reduzir artificialmente a taxa de juros (lembremos que juros não se baixam por decreto, mas sim obedecem à lei da oferta e procura de dinheiro), este bem inicial, com aquisição da sonhada casa própria, já custou à própria casa (tomada pelos bancos), custou o dinheiro já pago (tomado pelos juros) e já está custando o e-m-p-r-e-g-o das famílias, tomado pela crise.
Assim relembrei do autor de “Lanterna na Popa”, que obstante seu apoio a sinistra ditadura, era um tremendo economista, apesar de também ter defendido despudoradamente o livre mercado, em excesso, assim como quem defende irresponsavelmente as intervenções do Estado. O caminho do meio, do equilíbrio, não vale só no zen-budismo, vale também na zen-economia. Uma economia sem ideologias, mais próxima de uma poesia de Maiakóvski, se permitindo apenas precisão das fórmulas matemáticas.

4 comentários:

Sandrinha disse...

amei a frase q vc diz que blogs sao garrafas lancadas ao mar, eh a mais pura verdade! nunca sabemos se alguem virah, se alguem vai comentar, se alguem vai gostar :)
mas eh muito bom descobrir novos blogs, novos amigos e o melhor poder conhecer um pouco de cada e saber quantos valores eles tem.
Prazer em conhecer C&A hahahahahaha
beijo
legal ter vc no AO
Sandrinha
www.brasileirinhanohawai.blogspot.com

Anônimo disse...

Renato:
Você tem razão e a crise não é nova. Mas não a vejo como interferência do Governo, não. Acho, aliás, que a ação do sr. Bush foi decisiva para o que ocorreu. Ele esqueceu-se que há um limite para as coisas, sobretudo na área de crédito. E temos o que temos.

Lúcio Fer disse...

Nem me fale... aqui é telemar, teve um dia que os celulares e a internet não funcionavam nem sob reza braba.

Jacinta Dantas disse...

Bom te ler e ficar sabendo de alguns aspectos dessa crise louca que assola o mundo. Somos colegas na amigo oculto e estou aqui, conhecendo o seu espaço, com a esperança de que possamos nos enocntrar mais vezes.
Um abraço