Folheando uma revista, cujo nome sinceramente não lembro, talvez Caras ou outra semelhante, li que Glória Maria está tirando 2 anos de férias, este tempo corresponde à 24 anos de trabalho de milhares de brasileiros, isto é, aqueles que conseguem trabalho com carteira assinada, ininterruptamente todo este tempo.
Continuando a leitura, Glória irá gozar estas férias dando voltas ao mundo, isto mesmo, no plural, voltas, sendo seu "porto-seguro" a cidade de St. Tropez, provavelmente um lugar mágico, onde existe (segundo a mesma reportagem) uma boate, freqüentada somente por príncipes, pilotos de F1, bilionários russos, top-models ( do naipe de Naomi Campbell, que ancorou seu iate do tamanho de um prédio de 12 andares) e nossa gloriosa (talvez uma antevisão que justifique seu nome) Glória. Lugar onde uma garrafa de champanhe custa 300 mil (dólares, sempre dólares) e pela manhã (não tão manhã assim), todos vão à praia, onde custa 50 dólares o aluguel de uma cadeira e um guarda-sol.
Lá ninguém vê televisão, muito menos soube do menino João, que teve seu carro (de sua mãe) fuzilado por mais de 15 tiros, por conta da política de "enfrentamento" (efetivamente tem que enfrentar, mas antes PENSAR) do governo do Rio (acho melhor trocar política por tática, pois política anda vindo carregada com muita tinta pejorativa), lá também não é necessário passar por tantos mendigos, todas as manhãs quando vou a padaria, tantos que se pagasse uma média (café + leite + pão com manteiga) para cada um todos os dias (somente os dias úteis), gastaria 300 reais por mês, ao dólar de hoje, são 4 cadeiras alugadas na praia em St. Tropez ou 1 ml de Champanhe. Duvida? Basta fazer as contas...
Mas Glória não tem culpa disso, vive de seu salário, não irei opinar sobre as questões da alienação ou questões "morais/legais" de seu empregador. O fato é que ela recebe um salário e com certeza seu empregador, uma empresa da iniciativa privada, tem lucro sobre ele, afinal, qual empresa dá emprego a alguém se não obtiver alguma rentabilidade sobre ele(a)?
O Estado sim, este tem culpa, pois não é responsabilidade do Estado a gestão da segurança, da educação e da saúde? Assim como promover a distribuição da renda, por meio dos impostos competentes? O Estado deve prover onde a iniciativa privada (mercado) não atende a sociedade, assim, educação de qualidade a baixo custo, saúde idem (por que pagamos INSS-só por conta da aposentadoria?) e segurança (melhor seria escrever SEGURANÇA). O que temos hoje é uma total inversão, com os planos de saúde, para todos os bolsos, planos que vão de 20,00 a 500,00 por mês-considerando a mesma idade, colégios públicos abandonados, forçando a parcela mais ou menos da população a colocar seus filhos em escolas particulares e a segurança, nas áreas carentes (favelizadas ou quase) temos as milícias e nas mais abastardas, os condomínios com sua segurança particular. Ou seja, a iniciativa privada está operando em cima da ineficiência do Estado (com suas obrigações) e não ao contrário, como seria de se esperar, com o Estado intervindo onde a iniciativa privada não vicejasse.
Charge: http://www2.uol.com.br/angeli/chargeangeli/i/chargeangeli307.gif
4 comentários:
Já ouviu falar em alienação? É claro qu sim. Sou o seu retrato neste momento da minha vida.
Fiz nova postagem. É sobre um filme que todo mundo já deve ter visto, mas acho que é a minha melhor resenha.
Apareça aqui:
wwwrenatacordeiro.blogspot.com
não há ponto depois de www
Um beijo,
Renata
Gostei de ler...a realidade que assombra quase todos os países
Não são muitas as glórias, mas as que existem me fazem querer voltar ao tempo de flores nos cabelos e fuzil nas mãos!
credo!!! radicalizei, né? mas pqp!
e vc traçou um paralelo chocante, moço! a sua indignação tem um tanto de literária! e eu gosto um montão.
beijocas
Renata:
Seu momento é difícil, mas vai passar e para você não é alienação, mas somente abstração...
Carla:
Obrigado, talvez por estas tuas terras assombre menos, mas assombra...
Loba:
Faz uns posts que andas nostálgica e a intenção foi esta, o(maldito) paralelo...que choca por ser real demais. Quando escutamos elegios de quem se é fã, só sorrisos.
Beijos.
Postar um comentário